O músico Dilsinho, que vem fazendo sucesso nacionalmente com hits como ‘Refém’ e ‘Péssimo Negócio’, além do feat com Matheus Fernandes ‘Baby Me Atende’, se uniu ao clássico grupo de pagode Sorriso Maroto, com quem já tem ligação há anos.
Dilsinho e o Sorriso estão rodando o Brasil com o projeto ‘Juntos’, que vem acumulando milhões de plays em suas músicas nas plataformas digitais, com destaque para ‘Mensagem Apagada’.
O show do novo projeto foi apresentado em Balneário Camboriú no último sábado (16), no Music Park, através da GDO Produções, com mais de três horas de duração.
Antes de subirem ao palco, Dilsinho e o Sorriso, representado pelo vocalista Bruno Cardoso, conversaram com a reportagem do Página 3. Acompanhe o bate-papo abaixo.
JP3: A parceria entre vocês já vem de alguns anos, inclusive com músicas lançadas anteriormente… mas como surgiu a vontade de tornar isso oficial, com o projeto ‘Juntos’?
Bruno: Na verdade, esse menino aí (Dilsinho), teve essa ideia genial (risos). Ele que trouxe toda essa vontade de fazer algo diferente. Acho que a pandemia acabou ajudando, de certa forma, na criatividade. Sem shows, enfim, a gente acaba meio que tendo que exercitar esse nosso lado criativo. Trouxe essa novidade, que a gente prontamente aceitou!
A parceria já existia, tanto o Sorriso quanto o Dilsinho já tinha uma sintonia há muito tempo.
Quando a gente se encontra com o Dilsinho sempre sentíamos, ‘Ah, esse moleque tem uma energia legal, tem tudo a ver com a gente’, e a parte musical foi acontecendo, e mais latente foi ficando, nos sentíamos o irmão mais velho que protege, ‘esse aqui é nosso’ (risos). E hoje estamos aqui juntos! Todos os créditos vão para esse cara aí.
JP3: Dilsinho, como é para você dividir o palco com o Sorriso? Você sempre fala que eles são os seus ídolos, sua inspiração.
Dilsinho: Eu repito muito isso, desde o começo da minha carreira. Repito isso no palco, e acho que é uma coisa que eu vou falar para o resto da minha vida porque aconteceu naturalmente esse encontro. Eu sempre admirei muito, sempre tive o Sorriso Maroto como minha referência, e foi um presente a nossa amizade acontecer em paralelo a isso tudo também.
JP3: Como foi o processo de criação do projeto ‘Juntos’? Vocês não somente cantam músicas de vocês, mas também trouxeram novas composições…
Dilsinho: Sim, a gente começou a pensar nisso [no Juntos] sem ter a real consciência do que isso ia se tornar. Começamos compondo primeiro, depois participando do trabalho um do outro, depois projetando ideias nas carreiras, e chegou o momento em que realmente conseguimos nos encontrar no palco, em um projeto, e acho que como tudo que a gente faz, foi um projeto diferente do que já fizemos. E tínhamos essa preocupação! A gente podia se reunir e simplesmente cantar músicas do Sorriso, minhas, mas quisemos trazer uma assinatura diferente, escolhemos compor músicas novas para esse projeto, e acho que a cereja do bolo foi o público ter comprado essa ideia e ter curtido esse encontro.
JP3: Como vocês veem a importância de o pagode estar em alta novamente? Foi sucesso nos anos 2000, e agora voltou com tudo…
Bruno: (risos) São momentos diferentes! Para gente, é delicioso poder atravessar mais de duas décadas fazendo esse movimento de poder lançar músicas, viajar o Brasil, gravar discos, ficar nessa roda girando o tempo todo. Fazemos parte desse intenso movimento que é viver de música no Brasil, então você ter o Dilsinho hoje somando nessa história e sendo um dos grandes personagens dessa nova geração é muito bacana. Porque a gente vê justamente todo o processo do Dilsinho, e temos um pouco de dejavu, a gente viveu situações, estamos vendo novamente, e agora no ‘Juntos’ vemos algumas coisas se repetindo.
Entre nós, acaba tendo três ou mais gerações. O Sorriso tem mais de duas décadas de música, o Dilsinho vai completar os seus 10 anos, e o Juntos que está começando agora.
Temos três artistas em um, são experiências que acumulamos e depositamos dentro desse projeto, que acaba sendo uma válvula de escape de tudo aquilo que a gente já viveu, todas as experiências boas e ruins, selecionamos o que pode ser legal e criamos um processo que pode ser interessante, nesse novo momento do pagode, com jovens conhecendo esse novo som.
Dilsinho: O que eu aprendi com esses caras aqui é que dificilmente eu vou encontrar um artista que tenha uma carreira tão impecável quanto o Sorriso Maroto, que tocam na rádio e fazem trabalho com música de sucesso todos os anos. Então, se tem uma coisa que eu me espelhei muito é sempre de não pensar no momento. Eu nunca encarei as minhas músicas ou a minha carreira como um momento. A gente sabe que como na vida pessoal tem dias que você acorda bem e tem dias que você não acorda, e no profissional é a mesma coisa. Tem dias que dá super certo e tem dias que não dá tanto, e você não pode se prender àquele momento.
O samba, o pagode, ele sempre esteve vivo, da maneira que ele tinha que estar. Tem vezes que a gente tem mais oportunidade, tem vezes que nem tantas, mas a gente sempre continua fazendo o nosso trabalho, com muito amor pelo o que a gente faz.
JP3: O Brasil está em evidência neste momento, a Anitta chegou no top 1 das paradas, levou para o show do Coachella (principal festival de música pop, que aconteceu nos EUA no último final de semana), vocês acreditam que há espaço para mais artistas brasileiros?
Dilsinho: Falta o Juntos lá, né! Chama nós (risos). Vamos fazer o Pagochella.
Bruno: Eu acho que é uma utopia o que vou dizer, mas eu acho que vale a pena a gente imaginar e sonhar, e tentar realizar.
Eu acho que existe espaço para a música brasileira, apesar de a gente fazer samba, pagode, que é muito genuíno, muito brasileiro, e isso acaba dificultando para a gente ter uma projeção internacional, mas não custa nada sonhar.
O funk é o nosso irmão mais próximo, porque a gente também vem das comunidades, do mesmo lugar, das mesmas ruelas, favelas e becos.
A gente está ali, na mesma família. Ter o funk como uma possibilidade de abrir portas, faz ser real.
Eu achava uma utopia, e hoje é um talvez.
Existe espaço, a gente tem uma forma de fazer samba, a nossa música tira um pouco do lugar comum, e nos permite conversar com outros gêneros, a instrumentação, melodias.
O Sorriso já fez uma parceria, em 2013, que ficou muito interessante, com o Brian McKnight, que já trazia essa mistura com o inglês e R&B, como a gente já canta também. São misturas que talvez podem dar certo.
Dilsinho: Depois do funk, o pagode é o próximo!