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Por que um filho?

Giordano Carniel

Certa noite, perdi o sono ao me pegar pensando no real motivo que serve de justificativa para que inúmeras pessoas recorressem ao processo de adoção de crianças e adolescentes. Quais os processos psíquicos que justificariam, tal decisão? Meu sono definitivamente me abandonou quando comecei a buscar na memória autores e bibliografias que pudessem me ajudar a pensar nesta questão. Lembrei de alguns nomes, textos, palestras que já tive contato nos meus anos de profissão e de acompanhamento no grupo de estudos e apoio à adoção que participo. Lamentavelmente, sobre esse enigma, pouco puderam me ajudar, e por meu sono, menos ainda houve o que fazer. Desperto e com um impasse que parecia querer me fazer companhia madrugada a fora, fui tomado de assalto novamente, levado por pensamentos que me conduziram a memórias de encontros que tive a grata satisfação de ter com grupos de pessoas que afirmavam seu desejo de adotar um filho.

Neste passeio por um passado não tão remoto assim, a fala de algumas pessoas parecia ter voz em meus pensamentos, mulheres falando do desejo de ser mãe, do sofrer que há nas fertilizações, nos lutos existentes e necessários a cada tentativa frustrada. Lembrei de homens que já cumpriam funções paternas com sobrinhos, afilhados, de outros que não se viam sendo pais de alguém que não tivesse seus traços hereditários. Casais que descobriram que o que buscavam não era a maternidade e paternidade, outros ao contrário, descobriram ou melhor, redescobriram e validaram qual seria o próximo capítulo que escreveriam nas suas histórias, no complexo livro chamado Vida.

Com uma variedade de histórias que suportam e trazem consigo uma gigantesca gama de contradições e motivos pessoais, percebi que buscar respostas para esse tipo de assunto só me levaria a dois caminhos. O primeiro vocês já sabem, perder o sono, sem chance de achá-lo. O segundo é tentar escrever, transpor para as palavras aquilo que me impunha um enigma, justamente por não tê-las para me confortar.

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Precisaria de milhares de linhas escritas, capítulos que não teria coragem de enumerá-los, para poder dar corpo há riqueza de motivos que escutei das pessoas intituladas postulantes a adoção. O que posso é descrever alguns pontuais e ilustrativos exemplos. Casos como pessoas depressivas que ao entenderem como se dá o processo simbólico e afetivo de adoção, passaram a ter esperança em suas vidas, voltando a ter gosto por fazer planos. Casais que enfrentavam crises em suas relações por terem uma brusca mudança de rota devido a infertilidade, passaram a perceber que maternidade não se resume a gestação. Que paternidade não tem a ver com esperma e reprodução.

Com esses limitados exemplos, quero dizer que só há uma maneira de responder a questão que me impediu de dormir. Ela só pode ser respondida em cada história pessoal. Cada pessoa que decide que quer ser pai ou mãe, tem uma resposta que precisa ser elaborada e anexada ao que precede tal decisão. Para que essa narrativa seja construída é comum revisitarmos pontos da infância, da adolescência, dos conflitos com seus próprios pais, com muitas coisas que costumamos saber a nosso respeito, mas que somente às vezes nos permitimos pensar. A partir disto, poderemos pensar que nascerão futuros pais. Mas então, quem perde o sono pensando, por quê um filho?

Giordano Carniel é psicólogo (CRP 12/12810) do Grupo de Estudos e Apoio à Adoção Anjos da Vida – uma Organização da Sociedade Civil, com sede em Balneário Camboriú, cuja missão é inspirar e promover a formação de novas famílias, de modo a garantir o direito à convivência familiar e comunitária às crianças e aos adolescentes que passaram pelo processo de adoção. O Grupo realiza diversos projetos com o apoio do governo municipal e em parceria com o Judiciário.

Saiba mais: https://www.grupoadocaoanjosdavida.com.br/

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