A exposição fotográfica ‘Ser Mulher’, que retrata mulheres vítimas de violência doméstica, todas moradoras de Balneário e região, lançada na Câmara de Vereadores (onde ficou até sexta, 18) estará no campus da Udesc, no Bairro Nova Esperança, a partir de segunda (21), onde ficará até dia 1 de setembro.
A fotógrafa responsável, Nil Bernardo, disse que quem não conseguiu conferir a exposição na Câmara, poderá vê-la de forma ainda mais especial na Udesc, onde todo um lado ‘sensorial’ estará montado, com um vídeo que mostra vítimas de violência doméstica contando suas histórias – algo que não foi possível fazer na Câmara.
“O que me motivou a fazer a exposição foi que na pandemia, quando eu morava em Itajaí, em um prédio com muitos apartamentos, um homem tentou agredir a mulher, que revidou, usando uma faca para se defender. Isso me sensibilizou. Dentro da minha família havia ainda a questão de uma pessoa que não respeitava a mãe e a agredia. Eu fazia especialização em Fotografia e tinha que pensar em um projeto e pensei em sair da minha zona de conforto e retratar mulheres que foram vítimas de violência”, explicou.
Nil encontrou-se com vítimas reais e as conversas com elas, viraram um documentário. O diferencial é que as fotos foram clicadas durante esse momento de conversa, com fotos delas em casa e não pousadas em estúdio.
“As mulheres são todas de Balneário e região. No vídeo há duas mulheres de Balneário, que sofreram e estão levando a vida normalmente atualmente, para servir de inspiração para outras de tomar iniciativa de quebrar o ciclo de violência”, pontuou.
A fotógrafa lembrou ainda que há muitos tipos de violência e o fator emocional predomina. Há casos registrados por ela desde mulher casada há muito tempo e também de uma jovem que viveu cárcere privado e violência sexual.
“Essa jovem teve coragem e saiu de casa com o filho, uma criança de um ano. O marido dela acorrentava janelas, ela não tinha roupas femininas, só usava roupas dele, só podia tomar banho com ele”, contou, acrescentando que o foco da exposição não é quem são as mulheres (para não expor elas) e sim contar as histórias.
“O Agosto Lilás é o mês onde falamos da importância de lutar e não sofrer a violência. É o mês de representatividade, aniversário da Maria da Penha, que foi divisora de águas. Existe em Balneário uma grande rede de apoio que realmente ampara, e é super importante falarmos sobre violência doméstica o ano inteiro, mas temos que aproveitar este mês, tendo abertura de tocar as pessoas não só pelo o que acontece de ruim, mas por terem vencido a violência”, completou.
Nil pretende dar sequência ao projeto ‘Ser Mulher’, porque outras vítimas já lhe procuraram querendo compartilhar suas histórias.