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Balneário Camboriú

Com pupilo de Mujica, esquerda larga na frente para voltar ao poder no Uruguai neste domingo

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O chamado “momento cívico” nas escolas brasileiras -e provavelmente a prefeita nem saiba disso- foi implantado pelo ditador Getúlio Vargas, em 1936.  Em 10 de novembro de 1937, Vargas, com o apoio das Forças Armadas, derrubou a Constituição de 1934 e instaurou uma ditadura que eliminou os direitos democráticos no Brasil.
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MONTEVIDÉU, URUGUAI – Se no Brasil são os “santinhos” que desafiam a paciência do eleitor em época de votação, no Uruguai são as listas eleitorais. As ruas estão cheias de militantes que dão ao eleitor a relação de partidos que eles devem colocar num envelope e nas urnas neste domingo (27) caso queiram apoiar aqueles candidatos.

“Não vejo a hora que acabe, já estou cheio delas! Veja quantas tenho”, diz o motorista de aplicativo que abre o porta-luvas cheio de papéis de vários partidos, enquanto leva a reportagem até o comício final da esquerdista FA (Frente Ampla) em um parque de Montevidéu.

Em uma América do Sul de disputas cada vez mais polarizadas, ninguém espera uma mudança radical caso a FA, coalizão histórica de partidos de esquerda e centro-esquerda, volte ao poder. Seu candidato, o ex-professor de história Yamandú Orsi, 57, liderava as pesquisas, com 41%; Álvaro Delgado, 55, veterinário que representa o projeto de continuidade do atual governo de centro-direita do Partido Nacional e foi secretário-geral da Presidência, aparece em segundo lugar, com 22%. Nas últimas sondagens, o advogado Andrés Ojeda, 40, do também centro-direitista Partido Colorado e famoso por postar fotos de seu físico de academia nas redes sociais, ganhou tração, com 16%.

Os uruguaios já trabalham com o cenário de que haverá segundo turno, a ser realizado em 24 de novembro. A preocupação agora está mais voltada para quem conseguirá maioria no Congresso -serão eleitos 30 senadores e 99 deputados.

Num país no qual são poucos os mecanismos de ação do presidente (não há, como no Brasil, as medidas provisórias, por exemplo), o chefe do Executivo depende muito do Legislativo.

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A força política que tiver a maioria parlamentar poderá argumentar no segundo turno que vai ter governabilidade, algo que tem peso no Uruguai.

Ainda que esteja na dianteira de todas as pesquisas, a Frente Ampla se verá diante de outro cenário na provável segunda etapa da eleição, quando se unem todos os votos da Coalizão Republicana (ou multicolor), legendas de direita e centro-direita que atuam juntas: partidos Nacional e Colorado, Cabildo Aberto e outros nanicos.

Os projetos em disputa competem sem divergências radicais. Pela Frente Ampla, Orsi, um pupilo do ex-presidente José “Pepe” Mujica, defende a ampliação de benefícios sociais e o fortalecimento da segurança para mitigar o narcotráfico, que avança na nação de 3,4 milhões de habitantes.

Pelo Partido Nacional, Álvaro Delgado propõe menos impostos e mais mecanismos para atrair investimentos do exterior. Visto como alguém de pouco carisma, tem penado para herdar o capital político do atual presidente, Luis Lacalle Pou, seu aliado com quem trabalhou quando era secretário-geral da Presidência —a Constituição impede o governante de concorrer a um segundo mandato consecutivo.

A ALTERNÂNCIA NO PODER DESDE A REDEMOCRATIZAÇÃO

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Com voto obrigatório, a participação eleitoral tende a girar em torno de 90%, robusta em comparação com a região. As campanhas tentam chamar a juventude a ir às urnas. No último ato de campanha da Frente Ampla, a candidata a vice, Carolina Cosse, tocou no assunto, num discurso com um quê poético.

“Não ‘dá no mesmo’ se você não comparecer. No mundo de hoje tentam nos confundir, mas não temos que aceitar as coisas como são. Somos fundamentais, ainda que nos queiram convencer de que não”, disse ela no palco posicionado no Parque Batlle, em Montevidéu.

Nesse país de ampla participação política, o domingo também será marcado pela votação de dois plebiscitos. Chamado pela maior central sindical do país, a PIT-CNT, um deles propõe estabelecer na Constituição a idade mínima de aposentadoria em 60 anos, não mais 65. Nem a cúpula da Frente Ampla apoia o projeto, que deve fracassar.

O outro plebiscito, este convocado pelo governo, propõe permitir invasões policiais noturnas em residências com a justificativa de combater o narcotráfico. Essa proposta, sim, ganhou fôlego, diante do aumento de relatos de violência causados por grupos criminosos. Considerada alta para os padrões locais, a taxa de 10,7 assassinatos por 100 mil habitantes em 2023 é, no entanto, bem inferior aos 22,8 por 100 mil registrados no Brasil no ano passado.

O novo presidente eleito do Uruguai toma posse apenas em março de 2025, em uma data importante para o país: os 40 anos de redemocratização, quando o primeiro governo eleito nas urnas assumiu após a ditadura militar (1973-1985).

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Violência e narcotráfico preocupam

Os índices de violência não chegam perto das regiões mais inseguras de países vizinhos, e quem vê de fora ainda o descreve como um refúgio da tranquilidade. Mas, para seus habitantes, o Uruguai precisa urgentemente retomar as rédeas da segurança pública.

Motivada pelo avanço do narcotráfico, a insegurança aparece nas pesquisas como o principal ponto de preocupação do eleitorado às vésperas do pleito deste domingo (27), nas quais, com expectativa de ampla participação, os uruguaios elegem um novo presidente.

O cenário da segurança pública motivou ainda outra votação: um plebiscito foi convocado pelo governo para mudar a Constituição e permitir que a polícia realize invasões de residência durante a noite, desde que autorizadas pela Justiça. Pesquisas mostram que o projeto, em votação também neste domingo, tem grandes chances de ser aprovado.

Parece algo pequeno, mas é uma proposta que sofre contestações por especialistas que temem violação de direitos. No Brasil, ações noturnas nas resdiências são proibidas, salvo em casos de flagrante delito ou de desastre. Durante o dia (e elas normalmente são feitas ao amanhecer), apenas com ordem judicial.

Nas palavras do governo de centro-direita, os criminosos ligados ao narcotráfico se aproveitam do impedimento constitucional para se refugiarem e cometerem delitos.

Um dos pontos vulneráveis em termos de segurança é o porto de Montevidéu, considerado um local de baixa fiscalização e usado para escoar a droga da América Latina para a Europa. O país recém-adquiriu três scanners para tentar melhorar o monitoramento das cargas.

Mas vias terrestres também importam, e neste sentido há um temor compartilhado com o Brasil, com quem o país compartilha mais de mil quilômetros de fronteira.

Um foco de atenção está em Rivera, na fronteira com a brasileira Santana do Livramento (RS). Ali, a percepção de interlocutores envolvidos no tema é a de que pequenos grupos atuam a serviço de grandes facções, como PCC e Comando Vermelho.

A avaliação é a de que ainda faltam muitas ações conjuntas, algumas delas envolvendo a Argentina. E a atividade que prolifera nas fronteiras se reflete em violência nos bairros mais periféricos.

“Tudo funciona de maneira muito caótica”, diz a pesquisadora Verónica Pérez, que estuda o tema. “Não há nenhum grupo que domina. Eram clãs familiares que antes se dedicavam a outras atividades ilícitas e agora atuam com as drogas. O microtráfico multiplica a violência.”

As notícias de mortes ocasionadas por disputas entre esses grupos se multiplicam, e a média de homicídios no país tem crescido sem que o atual governo, de Luis Lacalle Pou, tenha conseguido aplacá-las (na pandemia, caíram naturalmente, mas voltaram a crescer). Considerada alta para os padrões locais, a taxa de 10,7 assassinatos por 100 mil habitantes em 2023 é bem inferior, porém, que a de 22,8 por 100 mil registrados no Brasil no ano passado.

A superlotação carcerária também preocupa. O número de detentos cresceu 32% em quatro anos, de 2000 a 2004, fazendo a ocupação checar a 119,7%. Especialistas lembram que é nestas mesmas prisões que grupos como PCC e Comando Vermelho oferecem segurança para os presos, ganhando controle das cadeias.

As propostas dos presidenciáveis divergem pouco, independentemente da força política. Pela Frente Ampla, favorita nas pesquisas, Yamandú Orsi propõe mais câmeras de vigilância, patrulhamento nos bairros e coordenação nas fronteiras.

Durante o encerramento de sua campanha, na terça-feira (22) em Montevidéu, o candidato da esquerda falou também sobre os detidos. “É preciso ser muito duro com os crimes que complicam a vida de nossos bairros e da nossa gente. Trinta uruguaios saem por dia das nossas prisões e não têm nenhuma reabilitação.”

Pelo governista Partido Nacional, Álvaro Delgado fala em propostas semelhantes, mas acrescenta a possível construção de outra prisão de segurança máxima.

Há uma crescente insatisfação popular com o problema. A sombra de 2019, nas últimas presidenciais, ainda pesa. Naquele ano, de forma surpreendente, o partido Cabildo Aberto alcançou mais de 11% dos votos no primeiro turno, uma porcentagem incomum para qualquer partido que não seja um dos três principais (Nacional, Colorado e Frente Ampla).

Liderada pelo ex-militar Guido Manini Ríos, a sigla tem como bandeira principal a linha-dura contra o crime. Nas eleições deste domingo, nada indica que o Cabildo terá resultado semelhante. Mas o debate em torno do plebiscito para permitir invasões residenciais noturnas reforça que há uma questão ainda longe de ser resolvida.

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