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Balneário Camboriú

O conhecimento é parte da ética

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Raul Tartarotti*

Os teatros de madeira elisabetanos, deram vida às obras de Shakespeare nos anos 1590. “A megera domada”,  “A comédia dos erros”, “Romeu e Julieta”, ” Ricardo III”, O Mercador de Veneza”, “Hamlet “, e muitas outras, foram apresentadas ao ar livre, até 1666, quando o teatro pegou fogo durante o grande incêndio de Londres.

Hoje essas obras fazem parte de um acervo literário histórico que nunca se perderá, porquê as palavras estão gravadas nos mais preciosos objetos transportáveis compostos de páginas encadernadas, com texto manuscrito, formando uma publicação. O livro.

Dia 23 de abril, foi seu dia Mundial, que a Unesco criou para encorajar os jovens a conhecerem a enorme contribuição de autores através dos séculos.

Em um deles li que esses teatros ganharam o nome Elisabetano em homenagem à rainha da Inglaterra de 1533, Elisabeth I. E que naquela época não havia cenário nem cortinas nos teatros – e se mostravam poucos objetos e peças de vestuário durante o evento.

O fator principal era o texto, a mensagem que o autor tinha intenção de passar aos ouvidos do público, ávido de emoções e informação.

Quando o espetáculo estava prestes a começar, ouvia-se um soar de trombetas e assim atores e espectadores se uniam uns aos outros pela proximidade que aquele ambiente permitia.

Para sinalizar a escuridão durante um ato, utilizava-se uma tocha carregada pelos atores ou um texto poético nas falas.

As comédias shakespearianas sempre subvertiam a expectativa do público leitor ou espectador – o final feliz nunca foi totalmente livre de problemas, nunca trouxe em si todas resoluções para todas confusões do enredo. E o público aceitava os momentos de tragédia na certeza de que, no fim, tudo ficaria bem.

Nessa mesma Renascença, contam os livros, que as mulheres eram proibidas de atuar no palco, por isso um rapaz poderia fazer um papel de mulher, fazendo papel de um rapaz, e assim a comédia instaurava confusão em cena.

Dessa forma a cultura passava de boca em boca pelo povo, que absorvia histórias para contar, se preenchendo, como quando se dedica um tempo a um livro.

Hoje os teatros estão fechados pela quarentena. Se lembrarmos as apresentações ao ar livre, talvez fosse uma excelente opção para retomada de um bom texto com qualidade, o que realmente dignifica a apresentação.

Nossa busca por informação, atualmente tem fontes em múltiplas telas, além dos livros tradicionais. Mesmo assim, durante a pandemia, a venda de livros no Brasil cresceu muito.

Em julho de 2020, no Rio Grande do Sul, foi calculada venda extraordinária. Aumentaram mais de 150% as vendas no Estado. O que deixou dezenas de livrarias muito contentes, pois vinham de prejuízos históricos, e acabaram se refazendo financeiramente com o caminhar da quarentena.

Em um ano de pandemia, o mercado editorial não sofreu o grande baque que se esperava, enquanto livrarias e bibliotecas tiveram que fechar suas portas.

O hábito de comprar on-line ganhou força e salvou as vendas das editoras, mas a concorrência com as livrarias pôs em risco sua sobrevivência.

O livro é um produto cultural, assim como o teatro, e por isso exige ações extraordinárias. Trabalhar em defesa do livro é um ato de reconstrução. “O conhecimento é parte de uma ética que vincula a formação do indivíduo a roda da biblioteca, com o saber forjado pelas experiências do cotidiano”(Alfredo Bosi)

*Raul Tartarotti é engenheiro biomédico e cronista.

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