A terapeuta multiespécies Larissa Rios, conhecida por atender celebridades como a cantora Anitta e seus pets, esteve em Itajaí na quinta-feira (26) para o lançamento do Programa Institucional Conexão Pet, da Univali.
O projeto contará com atividades voltadas à comunidade acadêmica, rede de apoio externo e escolas. Entre as ações previstas, estão projetos para estimular a adoção responsável e fortalecer a rede de apoio aos tutores e protetores.
Larissa conversou com o Página 3 e compartilhou sua trajetória no universo pet e o processo de transição de carreira que a tornou referência em terapias integrativas para animais.
Do turismo e eventos à comunicação com os animais

Baiana de Salvador, Larissa sonhava em ser veterinária, mas se formou em Turismo por circunstâncias da vida. Morou fora do Brasil, trabalhou na organização do carnaval de Salvador e em grandes eventos como o Rock in Rio Lisboa, além de produzir artistas como Ivete Sangalo e Jota Quest.
“Cansei da vida de imigrante e voltei ao Brasil com a chance de recomeçar. Quando me perguntei o que faria, voltei ao sonho de trabalhar com animais, mas não como veterinária, e foquei no turismo”, contou Larissa.
Foi nesse reencontro com sua paixão que surgiu a ideia de unir o turismo com o amor pelos animais.
Em 2007, quando ainda não se falava em turismo pet friendly no Brasil, ela criou o primeiro blog escrito por um cachorro — a golden retriever Cléo, sua companheira e inspiração.
O projeto logo evoluiu para o portal Turismo 4 Patas, que oferecia buscas por hotéis pet friendly, organização de viagens em grupo com cães e treinamentos para estabelecimentos interessados em receber animais de estimação.
Durante 13 anos, o Turismo 4 Patas foi um sucesso.
“A pandemia veio e, com ela, percebi que existia algo além das conexões entre humanos e animais, mas eu ainda não entendia exatamente o que era”, revelou.
O encontro com o universo das terapias integrativas
Cléo foi novamente um divisor de águas. Com o diagnóstico de câncer da cadelinha, Larissa buscou alternativas à quimioterapia, já que ela tinha outras comorbidades.
Foi assim que ela mergulhou no mundo das terapias holísticas para animais, iniciando com cursos de comunicação intuitiva.
“Os animais são muito mais do que companheiros. Eles são parceiros de jornada espiritual, espelhos, promotores de cura emocional e mental. Comecei a atender outras pessoas e seus pets, e percebi que era isso que me movia. Hoje sou terapeuta, professora e multiplicadora desse conhecimento”, disse.
Larissa recusou propostas para voltar ao turismo após a pandemia, mesmo diante da alta demanda.
“Meu coração me mostrou que minha missão era outra: promover a conscientização sobre quem são os animais na nossa vida”, afirmou.
Caso do Charlie, de Anitta, chamou atenção

Mesmo antes da grande repercussão, Larissa já atendia Anitta e seus pets há cerca de dois anos. Mas o caso de Charlie, que desapareceu no Natal de 2024, chamou atenção do país e expôs o trabalho de Larissa para o grande público.
“Aquilo mexeu muito com as pessoas. Era Natal, um momento sensível, e a Anitta estava em completo desespero. A comunicação intuitiva não é adivinhação, é percepção sensorial e sutil. Entro no campo energético do animal e traduzo as vibrações para a nossa linguagem”, explicou.
Larissa conseguia ver que Charlie estava dentro de casa, em um lugar escuro, mas não sabia exatamente aonde (ele estava embaixo da casa).
“Senti que ele estava ali. A conexão entre a Anitta e ele foi fundamental para que ele se movimentasse e encontrasse o local onde estava o bombeiro, que conseguiu resgatá-lo. Ela (Anitta) confiou no processo e isso foi essencial”, revelou.
Animais como elos com a nossa própria essência

Para Larissa, os animais estão em constante comunicação com seus tutores, mas a maioria das pessoas não percebe por falta de presença.
“A presença é a chave de tudo. Quando estamos realmente presentes, conseguimos acessar essa conexão. Os animais nos trazem de volta para nós mesmos e para todas as nossas relações — com o outro, com a natureza, com o mundo”, destacou.
Ela afirma que o trabalho com terapias integrativas não vem de um lugar místico, mas sim de estudos, técnicas e ciência. “Hoje temos formações, cursos, grupos de estudo. É um campo sério, baseado em conhecimento e prática”, frisou.
Conexão Pet busca transformar a educação sobre a causa animal

O evento da Univali marcou o lançamento do Programa Institucional Conexão Pet. A proposta é trazer o debate sobre a causa animal para dentro da universidade, promovendo educação cultural e conscientização da população.
“É maravilhoso ver uma instituição de ensino valorizando e investindo nisso. A causa animal é uma questão social e também de saúde pública. Quando promovemos educação nesse sentido, ajudamos a transformar realidades e evitar o abandono, os maus-tratos e a violência que ainda são tão presentes”, concluiu Larissa.