A tradicional Festa do Pescador que aconteceu neste final de semana, no Bairro da Barra, começou na manhã de sábado (8) com um arrasto de camarão, na Praia Central.
A diretora da Fundação Cultural de Balneário Camboriú, a artista Lilian Martins, apaixonada pelas coisas do mar, acompanhou o arrasto em um dos barcos, como vem fazendo nas últimas edições.

“Sempre me encanto com esse ofício-difícil do homem do mar. O interesse por embarcações de madeira me é antigo como artista, me sinto desafiada pelo desenho da madeira vergada, o uso das cores, os desgastes das tintas e seus reparos”, comentou.
O cortejo começou com foguetório e durante uma hora arrastou na baía de Balneário. O barco em que Lilian estava arrastou 3 quilos de camarão e bastante ‘mistura’ ( variedade de peixes pequenos) que é a base da alimentação das famílias envolvidas com a pesca.


“Peixes e camarões separados, as redes são recolhidas e lavadas, e os pequenos peixes da limpeza são disputados por aves marinhas, num espetáculo peculiar que assistimos de lugar privilegiado”, observou.
Saberes com Percepção

Lilian disse que conhecer a fundo a riqueza material e imaterial, que envolve uma infinidade de saberes empíricos na busca do alimento e da subsistência da comunidade, possibilita a ela ter um olhar para contribuir, na função pública, em políticas públicas mais adequadas à realidade da cultura local.

“Esses homens congregam saberes de física, química, biologia, ecologia, economia, tecnologia e desenvolvem uma percepção apurada do que acontece à sua volta. Todos os dias lutam contra forças diversas, clima, escassez do pescado, lixo na água, redes maiores. O arrasto simbólico vem como uma celebração aos desafios vencidos a cada dia, em cada caixa de pescado desembarcado. Como sabem que aqui tem camarão, perguntou minha colega de prefeitura ao ajudante. “Não sei, o Ivan só sabe” foi a resposta”, destacou Lilian.
Cores&Significados

“Nosso portinho tem embarcações de diversos tipos, uma boa representação da carpintaria naval brasileira. Cada barco especialmente construído e adaptado às necessidades locais, com capricho nos detalhes. As cores não são meramente estéticas, mas compõe um conjunto de significados que fazem a embarcação se destacar na paisagem e ser reconhecida”, segue Lilian.
O contraste de barcos e prédios

“É incrível perceber o contraste da cidade vista do mar, pequenas e grandes embarcações de madeira com os grandes prédios ao fundo. E saber que não só de construção civil vive a cidade, mas a pesca de camarão tem uma contribuição considerável no cenário nacional, com quase 40% do camarão sete barbas consumido no Brasil. Dos edifícios e equipamentos da quadra do mar, a vista é também especial, já que é só nesta ocasião que se vê quase 30 embarcações em um balé colorido no palco da praia central, constituíndo-se também com uma atração turística. BC é mesmo uma ‘côsa’ linda de se ver”, resumiu a diretora da Fundação.