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Balneário Camboriú
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‘Nova praia’ foi oficialmente inaugurada: Fabrício Oliveira e ex-prefeitos opinam

O alargamento da Praia Central foi oficialmente inaugurado na noite de sábado (4), pelo prefeito Fabrício Oliveira, em movimentado evento, que começou de manhã e só terminou à noite, após o show da Camerata de Florianópolis.

Como é agora, e como era a faixa de areia da praia central de Balneário Camboriú antes do alargamento (Divulgação/PMBC)

A obra foi executada em tempo recorde (de agosto a novembro) pelo prefeito Fabrício Oliveira, mas o alargamento da praia é discutido desde a década de 70, e de forma ainda mais intensa a partir do final dos anos 90, com o plebiscito lançado pelo então prefeito Leonel Pavan. 

Rubens Spernau chegou a alargar um trecho da Barra Sul, e Edson Renato Dias, o Piriquito, foi atrás da parte técnica e até mesmo viajou para os Estados Unidos para conferir de perto outras obras do tipo. 

Em um gesto elegante e de reconhecimento, o prefeito Fabrício lembrou dos três ex-prefeitos em seu discurso de inauguração e o Página 3 conversou com eles, que destacaram a importância da obra e de que forma ela deve impactar na história de Balneário Camboriú. 

Confira abaixo.

“Uma obra ambiental, uma obra de proteção costeira”

Fabrício Oliveira (Divulgação/PMBC)
O vice Carlos Humberto com o prefeito Fabrício (Divulgação/PMBC)

Fabrício Oliveira, prefeito de Balneário Camboriú (ele não conseguiu atender a reportagem do Página 3, a fala aqui transcrita foi dita por ele no evento de inauguração do alargamento)

“Balneário Camboriú é uma cidade que pulsa energia, desejo, uma cidade irradiante, que representa a capital catarinense do turismo, cidade que representa o orgulho dos catarinenses, e agora celebra mais uma grande conquista. 

Conquista essa desejada, muito bem dita aqui, há mais de 20 anos, quando de maneira maciça a cidade se manifestou em um plebiscito e já lá colocava nas urnas o seu desejo que esse alargamento acontecesse. 

Muitas coisas aconteceram de lá para cá, por isso é muito importante também, como aqui foi dito, e reforço aqui o meu agradecimento e a minha gratidão aos ex-prefeitos que governaram essa cidade, ao Pavan que está aqui, como foi citado, ao meu irmão Rubens Spernau, ao ex-prefeito Edson Renato Dias, o qual justificou a sua ausência. 

Todos nós colaboramos de uma forma ou outra para que essa visão pudesse se estabelecer. 

E essa obra, que é um diferencial não somente pela sua visibilidade, mas por ser uma obra ambiental, uma obra de proteção costeira. 

Mais de 2 milhões de metros cúbicos colocados aí, mais de 41 condicionantes ambientais preenchidas, mostrando o nosso inequívoco compromisso com o que há de mais importante: o nosso pulmão econômico, que é o nosso meio-ambiente. Compromisso esse colocado em várias ações: somos hoje a cidade mais saneada em Santa Catarina, estamos entre uma das mais saneadas de nosso país, temos a cidade mais adensada de SC, mas ainda temos praias nativas, praias com Bandeira Azul – título internacional de sustentabilidade; Lixo Fora D’água, também outro título internacional. 

Quantas conquistas para que pudéssemos dizer que nós podemos, sim, melhorar a nossa infraestrutura porque estamos cuidando do que mais importa, que é o nosso meio-ambiente”.


Homenagens

Fabrício homenageou quatro pessoas que simbolizam o ‘conceito’ da obra: Luiz Wilbert, 65 anos, pescador de Balneário; a professora Fátima Folchini, da Fundação Municipal de Esportes, que dá aulas para idosos na praia central; Oscar Pietro Filho, um dos inúmeros trabalhadores que limpam a praia central; e o construtor Nivaldo Pinheiro, representando o Instituto + BC (formado por empresários da cidade), que doou o projeto à prefeitura, que possibilitou a realização do alargamento.

Luiz Wilbert, pescador (Divulgação/PMBC)
Fátima Folchini, professora (Divulgação/PMBC)
Oscar Pietro, limpeza da praia (Divulgação/PMBC)
Nivaldo Pinheiro, Instituto + BC (Divulgação/PMBC)

O que disseram os ex-prefeitos:

“O que vale é a importância do engordamento, desse momento”

Pavan (centro) com a filha e vereadora Juliana, a neta Giulia e o genro Neto, no evento de inauguração do alargamento (Divulgação/PMBC)

Leonel Pavan

“Eu fiz o plebiscito ainda na década de 90 e também contratamos na época um instituto de pesquisa hidrográfica do RJ, que achou as jazidas. 

Não precisou fazer audiência pública agora porque fizemos o plebiscito com o TRE. 

u também fiz um projeto urbanístico, que para a época era muito bonito. 

Mas estou impressionado com o que fizeram, ficou muito bom. 

A Juliana [Pavan, filha de Leonel e atual vereadora] também levantou na Câmara a dúvida sobre a galeria que precisa ter na praia e que não foi feita. E sem ela poderemos ter sérios problemas de inundações.

O projeto que fiz ainda na década de 90 contemplava a galeria, porque a água passava por debaixo da calçada, quando fiz o calçadão na Atlântica fiz várias passagens para a areia, e quando chovia abriam crateras que diziam ser línguas pretas. 

E por que aconteciam? Porque a água que passava da Atlântica para a areia era muita água. 

Quando a maré subia, ficava mais difícil ainda fazer escoamento de água. 

E agora a areia está mais alta que a avenida, e só tem passagem pela galeria do Piriquito, que precisa ser limpa. 

A possibilidade é que a mais prejudicada seja a Avenida Brasil, que é ainda mais baixa que a Atlântica. A única saída de água da Brasil é o Canal do Marambaia e a galeria pluvial que existia na Tamandaré. 

O engordamento ficou maravilhoso, agora tem espaço para curtir, para o esporte, mas o que me preocupa é a altura da areia. 

Em 1989 a maré subiu e a Atlântica foi destruída, as árvores baixaram, apareceram alicerces dos prédios, diante disso fizemos os calçadões. 

Subiu a areia porque faltavam gabiões. O certo era ter gabião em cada 1000m para segurar a areia, ficar mais suave. 

É minha opinião de leigo, não sou engenheiro, mas estudo muito. 

Mas o que vale é a importância do engordamento, desse momento, da valorização da cidade, dos imóveis, mas junto com isso é preciso cuidar da infraestrutura. 

A nossa cidade é uma cidade onde chove muito, somos rodeados por encostas, a água que vem do Rio Camboriú vem em grande quantidade. 

Cumprimento o Fabrício por dar continuidade ao meu projeto, é ruim quando não há continuidade, e ele deu. 

Ele participou do plebiscito na época, era um garoto, fiquei feliz quando vi. 

Mas quero pontuar que uma vez disseram ‘20 anos querendo fazer e não fizeram nada’, eu fico triste porque fizemos, nós que começamos a fazer, o Rubens fez o canto da Barra Sul”.


“Eu vejo que o Fabrício teve um diferencial sobre todos nós que o antecedemos”

Spernau com o prefeito (Divulgação/PMBC)

Rubens Spernau

“A inauguração foi, na verdade, um marco para Balneário Camboriú. A obra começou a ser discutida na década de 90, de alguma forma todos os prefeitos em sua sequência buscaram avançar com esse projeto. 

u vejo que o Fabrício teve um diferencial sobre todos nós que o antecedemos que foi a união e participação da sociedade civil organizada, através da contratação do projeto, através do Instituto + BC, essa união da iniciativa privada e poder público, aliada à perseverança. 

Eu como assessor do Fabrício, tive o alargamento sempre como minha pauta número 1. 

Vi as dificuldades para superar as questões ambientais, a morosidade acima tudo, se ele [Fabrício] não fosse tão persistente, teria desistido (risos). 

Mas ele sempre foi muito motivado, a secretária Maria Heloísa Lenzi também foi muito importante, nos auxiliando nas questões ambientais. 

Todos nos unimos em prol dessa obra, que era nossa meta e foco. 

E com o Fabrício, como nosso líder nesse processo, conquistamos essa obra que tanto sonhamos, e todos contribuímos para chegar em um bom termo, como chegamos agora”.


“Sei que sem o que fizemos, hoje a obra não existiria”

Edson Renato Dias, o Piriquito

“Primeiro quero dizer que a obra é daquele que a executa, tenho isso muito claro em minha mente, independente se idealizou ou não o projeto, se participou da elaboração da questão técnica ou não, a obra é daquele que a executa. 

Não quero que digam que estou dizendo que sou o dono da obra, não é nada disso, mas o que posso dizer é que toda a parte técnica desse projeto foi feita durante o meu governo. Fui para os Estados Unidos conhecer experiências realizadas, em lugares como a Flórida e Miami. 

A empresa que contratamos para identificar a jazida de areia era sediada em Boca Raton, que fez todos os ensaios, pesquisas, análises, para identificar a jazida de areia que fosse compatível com a areia existente na nossa praia central, que tinha percentual máximo de granulação para ficar com as mesmas características morfológicas, sem ser praia de tombo, com buracos, e que se adequasse com a areia atual para não ir embora rápido. 

A empresa levou mais de um ano para identificar jazidas, fazia cortes na areia, com um tubo, que entrava na jazida, retiravam aquela parte de areia e faziam análise laboratorial. Foi uma das fases mais importantes. 

Outra parte que acredito que não foi modificada foi a parte do estudo de impacto ambiental, que foi nós que fizemos também e foi decisivo. 

O mais simples foi elaborar o edital de licitação, que falava de onde vinha a areia, como tinha que ser despejada, o quantitativo da areia, a metragem. 

Deixamos o modelo pronto, não sei se foi o utilizado, mas tenho consciência que a parte técnica toda foi realizada durante a minha gestão; talvez houve ajustes junto ao IMA, que na minha época era FATMA. 

Estávamos com reserva financeira no caixa preparada para fazer a obra. 

Foi dito que a licença ambiental seria lançada em setembro/2015, a estratégia era deixar dinheiro em caixa, R$ 85 milhões, mas a licença não saiu. 

Eu tinha uma equipe toda trabalhando em cima disso. O plano era licitar entre setembro/2015 e fevereiro/2016, e começar a obra em março/2016 após a temporada. 

O projeto que deixamos na prefeitura já previa a instalação de uma galeria enorme – instalei uma, onde é a ciclovia, mas viria essa outra galeria depois do muro de arrimo, e essa parte inclusive não foi feita e é o mais complexo, mas não é um bicho de 7 cabeças. 

Previa também a troca de iluminação pública, algo mais eficiente. Escutei que vão colocar restinga, isso é um ponto que eu não faria, fui resistente total, porque a praia central não é uma praia exótica, é cosmopolita como a cidade, não é praia virgem como Taquaras e Taquarinhas, não tem característica de restinga. 

Sei que no passado tinha, eu vi pessoalmente, mas hoje é outro momento. 

Não quero me adonar do projeto, não acompanhei de perto, mas sei que sem o que fizemos, hoje a obra não existiria. 

Se eu fosse prefeito, colocaria estrutura de segurança, ampliaria a questão dos guarda-vidas, que precisam estar mais próximos. Ao invés de restinga imaginamos espaço para esporte, porque há conflito entre quem praticar esporte x pegar sol. 

Precisamos levar vida para a praia, e segurança e saúde, para que as pessoas queiram ficar não só pela beleza e espaço, mas porque a cidade se preocupa com segurança. 

Se não, daqui a pouco a praia vai ser tomada por droga, maus elementos… imagina só: alargou, investiu e no fim não cuidou. 

Não podemos deixar isso acontecer. Um exemplo é a questão da ciclofaixa, que não tem disciplina do controle de velocidade, não tem fiscalização. 

Precisamos criar estratégias e assim sermos referência. 

O sucesso de BC é a praia central, foi o primeiro atrativo, o que chamou turistas, mas precisa cuidar da qualidade, só quantidade não é o suficiente, isso sem falar da questão de infraestrutura, água e esgoto, por exemplo. Exige norte e compromisso”.

O Evento


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