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Prefeito Fabricio Oliveira: “A pandemia mostrou a fragilidade da vida”

Prefeito de Balneário Camboriú considera essa sua principal obra

O prefeito reeleito Fabrício Oliveira dedicou a primeira semana de sua nova gestão para começar a reorganizar sua equipe. Haverá mudanças na linha de frente do governo, mas algumas pastas não serão mexidas. Com um extenso organograma de obras físicas, o prefeito destacou que sua principal obra será cuidar das pessoas, uma lição que a pandemia trouxe, mostrando sobretudo a fragilidade da vida e esta necessidade de proteção.No último ano do seu governo, enfrentou o desafio de um vírus agressivo e desconhecido, que exigiu ações urgentes, como a abertura de um centro municipal para pacientes contaminados. O novo governo inicia com mais desafios, a pandemia continua forte e, como responsável por sua população, o prefeito trabalha para alertar sobre esta realidade, já que muitos não querem mais obedecer protocolos e cumprir regras. Ele está convencido que mesmo assim não há espaço para lockdown nem para fechar qualquer segmento da economia local.Nesta quarta-feira (6), o prefeito concedeu entrevista ao Página3. Acompanhe:

Prefeito reeleito assina termo de posse (Foto Márcio Gonçalves)

JP3 – Em seu discurso de posse no primeiro dia de 2021, na Câmara Municipal, o Sr. disse que a nova gestão será marcada por muitas obras e destacou entre elas, o alargamento da praia central. Quando esta obra vai iniciar e qual a estimativa de término?

FO – O começo dela será em janeiro agora. Ela inicia com o canteiro de obras, depois vindo todo o equipamento, a mobilização, preparando tudo para quando a draga chegar iniciar a dragagem. A draga deve entrar em fevereiro, início de março. A obra deve ser finalizada em junho ou julho.

JP3 – Quais serão as outras obras de destaque?

FO – O Elevado da Quarta Avenida que vamos terminar todo o entorno; a obra do novo acesso da BR-101 que liga até o Ariribá. Queremos fazer o mercado público, uma parceria público privada, uma obra muito importante, cultural, turística. Construir a avenida EcoPark, obra de maior impacto social da história de Balneário Camboriú. Essa avenida será no meio do Bairro dos Municípios. A obra de urbanização da avenida Atlântica, muito importante, mas ainda não sabemos quando iniciará, estamos concebendo o projeto ainda. Temos a continuidade do Binário Sul, onde vamos fazer um parque linear na Rua 3700. A continuidade do Binário ponto norte que vai chegar até a divisa com a Osvaldo Reis. Outro projeto que considero muito importante é a Casa da Família, que queremos implementar esse ano, vai ser um projeto que tem um programa em todas as regiões da cidade e por consequência uma sede, que vai fazer além da intermediação não somente de conflitos familiares, mas trabalhar com neurociência dentro das famílias, inteligência emocional, educação financeira familiar e outras situações que vão ajudar no desenvolvimento e na concepção do projeto de família. Estamos agora acabando a metodologia dele e queremos apresentar. Também vamos fazer a Escola do Amanhã, turno integral, na Vila Real, e dar continuidade às pavimentações, praças e demais intervenções. Também daremos continuidade ao nosso programa de ações, vamos anunciar ainda este mês o BC Parque, mais um parque temático na cidade…

“O turismo foi muito afetado em nossa cidade e por consequência toda a cadeia econômica”.

JP3 – Em 2020, a pandemia travou o desenvolvimento do plano de ações de muitos governos. Neste sentido, o que o vírus bloqueou em Balneário Camboriú?

FO – Acho que parou no mundo inteiro… o turismo foi muito afetado em nossa cidade e por consequência toda a cadeia econômica sofreu muito. Eu colocaria estes dois segmentos, turismo e cadeia econômica, como ponto principal de travamento na cidade. É importante dizer que mudaram-se muitos hábitos, a cidade cresceu, recebeu mais pessoas que vieram enfrentar a pandemia e acabaram ficando em Balneário Camboriú, mas ela também teve um crescimento econômico em função disso, porque acabou se projetando, tínhamos várias obras importantes de mobilidade, investimento, como o molhe, o elevado, investimentos no setor privado que, mesmo com a pandemia, acabaram se consolidando.

JP3 – Quanto o município investiu no combate à pandemia até aqui?

FO –No Centro Covid, anexo ao Hospital Ruth Cardoso, que começou a funcionar no dia 20 de março, foram investidos R$ 22.537.629,40. Os gastos com Campanhas de Utilidade Pública/COVID-19; Apoio Emergencial para Emprego e Renda/COVID-19; Concessão de Benefício Emergencial a Pessoas em Situação de Vulnerabilidade/COVID-19; Prevenção e Mitigação dos Riscos e Agravos Sociais Decorrentes do COVID-19; Enfrentamento da Emergência de Saúde Pública/COVID-19 alcançaram quase R$ 43 milhões. Tem ainda o investimento feito na fiscalização, que também foi alto.

JP3 – Junto com a pandemia vieram as pressões de todos os lados, social, econômico e de investimentos. Qual foi o pior momento que enfrentou nesta pandemia?

FO – Olha foram vários momentos difíceis, primeiro porque foi uma crise de todos os lados, emocional, econômica, de saúde…mas o momento difícil mesmo sempre foi quando os leitos dos hospitais ficavam lotados. Isso foi muito dificil.

JP3 – Quase 10 meses de pandemia e estamos enfrentando uma temporada sem controle de distanciamento, aglomerações, uso de máscara desprezado, porque uma boa parte da população, em especial os jovens, encheu o saco, não acredita mais. Enquanto isso, outra parte da população continua trancada dentro de casa, com medo de pegar o vírus. Como o governante deve lidar com esta situação?

FO – Ele é uma crise também do ponto de vista emocional. Um dos motivos é esse, a dificuldade de se buscar uma visão única, porque as pessoas têm diferentes opiniões e nós temos que, de uma maneira ou outra, sensibilizar as pessoas. Primeiro, a economia tem que funcionar. Segundo, a economia não pode funcionar em detrimento à vida, isso é algo que a gente precisa também fazer acontecer. Balneário Camboriú tem sua lotação com moradores da cidade bem controlada, a nossa dificuldade é que o hospital atende todas as pessoas. Vou dar um exemplo, 30, 40% só é lotação de moradores de Balneário Camboriú. Temos vários programas e ações funcionando, mas qualquer tipo de ação tem que ter aderência das pessoas e isso hoje, é notório e não é só aqui, é no mundo inteiro, as pessoas já não tem mais os mesmos cuidados e acho que hoje não há mais espaço para se pensar em qualquer tipo de fechamento de uma cidade ou fechamento de qualquer segmento econômico.

“A economia tem que funcionar, mas não pode funcionar em detrimento à vida, isso é algo que a gente precisa também fazer.acontecer”.
JP3 – Nestes primeiros dias de janeiro, com os leitos de UTI ocupados e com previsões nada boas dos infectologistas, o que o Sr. pretende fazer para que a situação não fuja do controle?

FO – Estamos fazendo várias ações, entre elas tentando proteger os que têm mais vulnerabilidade, continuamos trabalhando na busca de sintomas em idosos, pessoas que têm diabetes, tratando, levando a medicação, fazendo todo atendimento, sensibilizando, fazendo um trabalho para não ter aglomero…

JP3 – …continuar insistindo nisso, porque orientações… todo mundo já sabe o que precisa fazer, mas é preciso insistir, ficar alertando, ficar dizendo que a pandemia não acabou…

FO – À medida que as pessoas vão ficando imunizadas é natural que o comportamento destas pessoas vá mudando…então é uma questão psicológica também.

JP3 – Reeleição não quer dizer que tudo vai continuar como está. O que o Sr. pretende mudar neste novo governo que está começando?

FO – Já mudamos algumas pastas, hoje a cidade tem necessidades um pouco diferentes do que tinha no passado, hoje temos uma necessidade maior por exemplo de, além das nossas obras e programas, temos uma grande necessidade de proteção às pessoas. A pandemia mostrou a fragilidade da vida e a fragilidade é psicológica, fisica, de saúde. Estou cada vez mais determinado e consciente de que precisamos investir em pessoas, com programas que vão ajudar desde o emocional até o cuidado com a saúde.

JP3 – A nova composição do secretariado, diretores, coordenadores quando será anunciada?

FO – Estamos anunciando algumas, amanhã (7) por exemplo, anunciaremos a secretária da educação e também a BC Investimentos que vai receber uma pessoa para fazer a gestão. Vamos avançando, evoluindo nas conversas, tratativas.

JP3 – Tem algumas pastas que não vão ser mexidas?

- Continue lendo após o anúncio -

FO – Sim, tem. Por exemplo, a Secretaria da Fazenda, não vou mexer, o secretário está fazendo um belo trabalho e quer continuar. Tem outras secretarias na mesma situação. Tem também a questão pessoal de cada um, as necessidades do governo, avaliação dos resultados, estamos investindo bastante em tecnologia e governança, justamente para ter indicadores que nos permitem avaliar melhor os resultados da própria equipe de trabalho.

(Foto Celso Peixoto)
“A burocracia, sem qualquer dúvida, é o fator que mais atrapalha e atrasa muita coisa”.

JP3 – Quais foram suas maiores alegrias na primeira gestão? E as maiores tristezas ou frustrações?

FO – Dificuldades? A burocracia, sem qualquer dúvida, é o fator que mais atrapalha e atrasa muita coisa. Acho que o Brasil precisa mudar muito em relação a isso. A burocracia demora, muitas vezes o munícipe não tem o retorno, a resposta como deveria dos seus impostos, no tempo que ele precisa ter esse retorno, isso me incomoda muito. Uma das alegrias é justamente ver como Balneário Camboriú, diante de tantas dificuldades, conseguiu sair, passar, consegue crescer principalmente do ponto de vista da auto estima, o que é para mim um aprendizado e uma motivação incrível.

JP3 – Na campanha eleitoral, o Sr. foi muito cobrado, no sentido de que governaria somente dois anos e depois iria concorrer a uma vaga na Assembléia ou na Câmara Federal. Essa ‘cobrança’ procede?

FO – Não, até que não fui cobrado muito sobre isso… Não tenho intenção nenhuma de concorrer a cargo de deputado…

JP3 – …não?

FO – …não. Sério! Não tenho esse desejo, tem tanta coisa boa para acontecer na cidade, estou mais focado aqui agora…

JP3 – …mas isso é uma tendência, pode acontecer depois dos 4 anos, mas é real, ou o senhor pretende encerrar a carreira política?

FO – Não, não, eu pretendo seguir carreira né?

JP3 – O jornal recebeu a informação de que o Sr. enviará a Planta de Valores para a Câmara. Esta informação procede? Quando será?

FO – Estamos fazendo os últimos ajustes e todo o alinhamento para mandar e já tem um plano definido, audiência pública, estamos estudando a melhor forma de enviar sim e fazer a discussão com a sociedade sobre isso.

JP3 – Alguns vereadores reeleitos anunciaram que irão ‘cobrar’ a Reforma Administrativa que não aconteceu. Fazer a reforma da Planta de Valores sem fazer antes a Reforma Administrativa é prudente?

FO – Acho que tem espaço para fazer as duas. A Reforma Administrativa até por obrigatoriedade ela tem que dividir despesas, até pelas imposições da própria legislação, isso vai acontecer e agora vamos adaptar algumas necessidades que temos de colocar alguns projetos de pé, precisamos dar algumas mexidas no organograma, vamos fazer isso logo no início, nos primeiros meses.

JP3 – De um modo geral a pandemia trouxe um freio nas contas de todo mundo. O Sr. pensa em colocar um freio nas contas públicas também e de que forma seria feito isso?

FO – Precisamos na verdade estabelecer…a pandemia nos trouxe um gasto muito grande, hoje temos um hospital que tem mais de 300 funcionários que lida com o coronavírus, além do hospital Ruth Cardoso. Balneário faz todo esse trabalho de atendimento regional, atendimento além do município, os gastos com a saúde estão muito altos e eu quero colocar uma gestão para que possamos atender somente Balneário Camboriú.

“Hoje não há espaço para se pensar em.fechamento de uma cidade ou fechamento de qualquer segmento econômico”.

JP3 – Quanto está custando para Balneário Camboriú o Ruth Cardoso e o Centro Municipal Covid?

FO O Hospital Municipal Ruth Cardoso custou no ano passado R$ 83.425.191,58 (média mensal 6.952.099,30) e o Centro Covid que iniciou em março recebeu investimentos no valor de R$ 22.537.629,40 (média mensal 1.878.135,78).

JP3 – O Sr. acha mais fácil governar a primeira gestão ou a segunda?

FO A segunda gestão, porque as coisas estão andando, a gente tem mais experiência, mais maturidade. A maturidade vence desafios, não tem como sair de um coronavírus, e não sair mais experiente, mais solidário, mais humano e com mais capacidade de enfrentamento.

JP3 – Para fechar, quero retornar a primeira pergunta, quer dizer que esta pode ser a última temporada com a praia central do jeito que ela está hoje? Na próxima temporada vai estar tudo diferente?

FO – É certo que sim. É isso mesmo. Vai ver diferente sim.

JP3 – Vai estar alargada, mas é possível que a urbanização da nova Atlântica não esteja concluída até o verão…

FO – Na sua totalidade é possível que não esteja. Mas uma parte dela poderá estar. Aí depende muito de como vamos trabalhar o projeto arquitetônico, executivo, a parte estrutural dele, porque precisa melhorar a estrutura de drenagem, melhorar a estrutura da iluminação, toda parte que não aparece mas é essencial, tudo isso vai ser um projeto que, conjugado com o projeto de urbanização, vai fazer parte de nosso escopo.


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