Erros em série da administração municipal em relação ao tratamento de esgotos, condenaram Balneário Camboriú a duas temporadas sucessivas de praia central poluída, a que está encerrando (2022/2023) e a que iniciará em dezembro (2023/2024).
Não há tempo de realizar as obras necessárias na Estação de Tratamento de Esgotos para mudar o cenário. O Instituto do Meio Ambiente (IMA), em apresentação à comunidade dias atrás, informou que na temporada de agora o tratamento dos efluentes foi “caótico” e que na de 2023/2024 “não haverá grandes novidades”.
No mesmo relatório, os técnicos do IMA descrevem as consequências do tratamento de esgotos deficiente:
- Aumento da transmissão doenças de veiculação hídrica;
- Praias impróprias para banho (temporada e feriados);
- Emissão de odores no Rio Camboriú e Estação.
- Decréscimo/exaustão do oxigênio dissolvido no Rio Camboriú.
O cronograma das obras na Estação, ajustado com IMA, Emasa e promotoria deixa claro que não haverá tratamento adequado de esgotos na próxima temporada:
- Até 31 de agosto de 2023, iniciar as obras do novo tratamento preliminar.
- Até 01 de maio de 2024, iniciar a operação de ao menos duas unidades do novo sistema de tratamento.
- Até 01 de novembro de 2024, iniciar a operação de todo o sistema de tratamento.
Os prazos são apertados para que a temporada de 2024/2025 também não seja afetada, pois para realizar as obras faltam projetos, licenças e dinheiro.
Um dos aspectos da crise de esgotos foi a falta de transparência da administração municipal, que não alertou a comunidade para a magnitude do problema. Pior do que isso, assessores da área de comunicação do prefeito Fabrício Oliveira, pressionaram jornalistas a tratar o caso de maneira mais “amigável”.
A realidade só veio a público em reportagem do Jornal Página 3, no dia 8 de fevereiro, que destacava o fato da Emasa ter gasto R$ 6,5 milhões, dos quais R$ 2,5 milhões em multas, numa obra que deu errado e poderia ser a causa da poluição sistemática da praia central.
Esta reportagem deflagrou outras, de vários veículos de comunicação, além de reuniões de entidades e até um pedido de CPI na Câmara de Vereadores.
Aparentemente o governo Fabrício Oliveira conseguiu politicamente trancar a CPI, mas ela é necessária para entender a forma como a Emasa pagou R$ 4 milhões em uma obra que não serve para nada, ao mesmo tempo que acumulou uma quantidade de multas aplicadas pela fiscalização ambiental.