O curta-metragem “Irei”, financiado pelo Edital nº010/2023 – Lei Paulo Gustavo e Ministério da Cultura, com apoio da Fundação Cultural e Prefeitura Municipal de Itajaí, rodado em junho, está com estreia marcada para esta quinta-feira (19), às 17h, na Biblioteca Municipal de Itajaí.
O filme lança luz sobre urgente e sensível temática do estupro e sua dolorosa normalização na sociedade contemporânea. Em um momento em que a violência de gênero continua a assombrar nossa sociedade com números alarmantes, “Irei” surge como uma oportunidade de dar voz às inúmeras vítimas dessa terrível realidade. Optando por uma abordagem que não se limita à exposição explícita, o filme se concentra nas sensações e experiências da protagonista, interpretada pela atriz Mariana Sais, fugindo de clichês e estereótipos para oferecer uma narrativa mais profunda e impactante.
Mais do que simplesmente transmitir informações sobre a violência sexual contra as mulheres, segundo a assessoria, “Irei” busca instigar reflexões e contribuir para provocar mudanças de comportamentos históricos.
O filme convida os espectadores a pensarem sobre o assunto, questionarem suas próprias crenças e atitudes, e a se engajarem na luta por um mundo mais seguro e justo para todos.
Para o autor do roteiro, Luiz Cláudio Cerqueira, que há mais de 50 anos é compositor e há três décadas vem produzindo textos literários,
“O filme é um desabafo por muitos, pela indignação como pessoa – e homem- deste comportamento machista institucionalizado na sociedade, não se pode admitir com normalidade. Ter este sentimento tomando corpo em um filme me dá esperança como ser humano”, diz.
A direção é da cineasta Liziane Bortolatto, que já apresentou outras narrativas importantes em seus filmes. Ela relata sobre as diversas e sensíveis camadas que a obra conduz:
“Trabalhamos muito a sensibilidade da protagonista no sentido de acolher esta mulher, que nos veio em processo de dor, uma dor que nada irá tirar da alma e da pele dela”, explica.
Jaques Rangel, que imprimiu sua assinatura na fotografia do filme e foi diretor de fotografia em mais de 40 obras, diz que buscaram traduzir as emoções da personagem, na leveza que ela busca resgatar, em contraste com a densidade das cenas de violência.
“Isso fica impresso nas escolhas de enquadramentos e no tratamento da cor do filme”, pontua.
Quem assina a arte do filme é Josiane Silva que atua no mercado audiovisual desde 2007 e acumula uma vasta experiência com produção e direção de arte.
“Fazer a direção de arte do Irei foi um desafio lindo. Conseguimos transmitir o conceito estético no universo sensível das personagens principais, seguindo a contemporaneidade sem datar um ano específico”, contextualiza.
Dagma Castro, produtora executiva, com mais de 30 anos no audiovisual, trouxe para o coletivo sua experiência para organizar os processos necessários para rodar o filme.
“Quando recebo um roteiro, preciso enxergar a viabilidade de execução, mas antes dela a história me toca ou não. Irei toca profundamente na gente, não só por ser mulher e mãe, mas também, mas principalmente pela urgência de falar sobre a violência contra mulher. Em se tratando de estupro, que é o que rola no filme, não foi a viabilidade que me moveu, mas sim a necessidade de nunca esgotar o assunto até se ter transformações sociais importantes”, comenta.
A produção do filme movimentou uma equipe de mais de 50 pessoas, entre técnicos, elenco e estagiários de cinema da Univali, contando com o importante apoio da Fundação Cultural e dos espaços públicos da cidade, onde foram rodadas algumas cenas externas da narrativa, como a Rodoviária de Itajaí e avenidas, a Empresa de ônibus Geneve Turismo e os espaços fechados do BAR BACKDOOR e em Balneário Camboriú na THE GRAND e ainda os apoios para alimentação da equipe contou-se com o Supermercado Angeloni, a PAES (Associação de Proteção Acolhimento e Inclusão Social.
Para a produtora executiva para somar ao recurso recebido vieram os apoios e uma equipe que se entregou completamente, que viabilizaram a obra que foi construída.
“Quando recebi o convite do Luiz, roteirista e proponente, para fazer a executiva do projeto, logo fomos mapeando a equipe toda. O bonito do cinema é isso: a gente reúne pessoas para falar coisas importantes para outras pessoas. Além de uma equipe de diretores experientes tivemos muitos profissionais que vieram somar e os recém formados em cinema da Univali, uma galera cheia de garra, conhecimento e vontade do fazer cinema, aqui quero destacar minha assistente direta, a Nicole Cunha e a assistente da direção Manuela da Costa, que já estão no mercado e fazendo bons filmes”, diz.
A estrutura narrativa do filme seguiu um modelo não linear em três atos, com pontos de virada que mantêm o público engajado e emocionalmente investido na história. A protagonista, após sofrer a violência sexual, passa por um processo de busca por redenção pessoal, culminando em um ato de coragem em defesa de sua amiga. Quem protagonizou Irene, a personagem principal, Mariana Sais.
“A força da Irene tem muito a nos ensinar”, manifesta a atriz.
A abordagem visual e sonora de “Irei” foi cuidadosamente concebida para transmitir a intensidade e complexidade das experiências vividas pela protagonista. A fotografia imprimiu os momentos de tensão e angústia enquanto o som transporta o espectador evocando sensações de terror e esperança. “Irei” não é apenas um filme, é uma chamada à ação. É um lembrete de que a violência sexual não pode mais ser tolerada ou ignorada.
Após a exibição acontecerá uma roda de conversa sobre a temática abordada, para este momento estará a equipe de direção do filme, Aruana Boettcher da Costa Presidente do Conselho dos Direitos da Mulher de Itajaí e a vereadora eleita de Balneário, Ciça Müller, como mediadora, que é presidente do COMUM Conselho Municipal dos Direitos da Mulher e que também foi responsável pela comunicação do filme.