O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), disse que a região metropolitana de Porto Alegre deverá ter uma enchente jamais vista nesta sexta-feira (3).
A afirmação foi feita na noite desta quinta (2), durante transmissão de vídeo feita pela internet para relatar o balanço das chuvas no estado –segundo ele, o Rio Grande do Sul contabiliza 29 mortos e há 60 desaparecidos.
“Teremos a elevação do [lago] Guaíba num patamar que nunca vimos e vamos precisar que as pessoas se coloquem em situações de segurança”, afirmou o tucano.
De acordo com o governo, por volta das 20h30 desta quinta o nível de água do Guaíba já havia igualado os 3,46 metros da enchente de setembro do ano passado e subia, em média, 8 centímetros por hora. Assim, a estimativa é que ele chegue a 4 metros durante a madrugada desta sexta e há a expectativa que alcance 5 metros no fim da tarde.
Leite comparou a situação atual com a enchente de 1941, apontada como a maior da história, quando o Guaíba chegou a 4,75 metros.
Conforme o hidrólogo Pedro Luiz Camargo, da sala de situação montada pelo governo para enfrentar a tragédia, a bacia hidrográfica do Guaíba tinha nesta quinta as maiores cheias já registradas.
“O que está vindo de água pelo Jacuí e pelo Taquari [rios] vai vir para a região metropolitana”, disse Leite. “Esses rios vão continuar elevados durante o fim de semana. Vão demorar a baixar.”
A Defesa Civil estadual alertou que a condição hidrológica atual em todo o estado é de níveis muito acima da cota de inundação em decorrência dos extremos volumes precipitados, e com tendências de manutenção destas cheias, principalmente nas bacias dos rios Jacuí, Taquari-Antas e Caí, que já atingiram cota de inundação histórica e devem manter essa condição em função da previsão de novos volumes de chuva até sábado (4).
O hidrólogo Camargo alertou a zona sul de Porto Alegre e os municípios Barra do Ribeiro, Guíba e Eldorado do Sul, e as ilhas do lago Guaíba, serão as regiões mais atingidas.
“A região do aeroporto até o Shopping BarraSul possui um sistema de contenção e não deve ser afetada de forma muito significativa”, disse Camargo.
Por causa das cheias, a Prefeitura de Porto Alegre deu início na manhã desta quinta à operação de fechamento das comportas da cidade.
A determinação do fechamento das comportas foi feita na noite de quarta (1º) pelo prefeito Sebastião Melo (MDB) após análise dos órgãos do CEIC-POA (Centro Integrado de Coordenação de Serviços).
As primeiras das seis comportas a serem fechadas ficam nos armazéns A3 e A4 do porto da cidade.
O nível de alerta para a região do centro histórico é de 2,5 metros, e 3 m para inundação.
A região das ilhas do município devem ser as mais afetadas pelas cheias, já que a inundação nesta região ocorre após o nível do rio atingir 2,2 m.
Por causa da previsão de mais chuva, a Defesa Civil indicou condição de risco para inundação severa para as regiões demarcadas em vermelho no mapa hidrológico, “além da possibilidade de deslizamentos, queda de pontes, encostas e grandes movimentos de massa”.
Na noite desta quinta, a Prefeitura de Porto Alegre decretou estado de calamidade pública. O decreto autoriza a administração a empregar todos os recursos e voluntários na assistência à população atingida pela chuva e restabelecimento de serviços.
“O Guaíba está avançando e, apesar do fechamento das comportas do cais Mauá, há a possibilidade de alagamentos”, afirmou Melo, em texto publicado no site do município, pedindo atenção de moradores do centro histórico e do 4º Distrito.
A Defesa Civil de Porto Alegre divulgou um novo alerta nesta quinta-feira, indicando a possibilidade de continuidade das chuvas extremas até o meio-dia de segunda-feira (6).
De acordo com a administração municipal, 304 pessoas estavam acolhidas em abrigos temporários no município nesta quinta.