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19.4 C
Balneário Camboriú
Dalton Delfini Maziero
Dalton Delfini Maziero
Historiador, escritor, especialista em arqueologia e explorador. Pesquisador das culturas pré-colombianas e história da pirataria marítima.
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A CIDADE MAYA SUBMERSA DE SAMABAJ

Há cerca de 2.000 anos, uma comunidade nativa da Guatemala ocupou uma pequena ilha localizada num dos mais belos lagos norte-americanos. Neste exíguo espaço de pouco mais de 400 por 350 metros, ergueram em pedra vulcânica talhada, algumas habitações, escadarias e templos. Seus habitantes viveram ali rodeados pelas águas sagradas do lago Atitlán, pescando, protegendo-se dos perigos do continente e fazendo o que muitos acreditam, oferendas aos deuses representados por três vulcões que se erguiam imponentes em suas margens: o Atitlán (3.537 m), o Tolimán (3.158 m) e o San Pedro (3.020 m).

Não sabemos ainda o exato motivo, mas por volta de 200 dC, uma repentina elevação do nível do lago invadiu as construções, aniquilando suas habitações e seus templos, obrigando seus moradores a abandonarem a localidade. Por fim, as águas engoliram a aldeia, sepultando-a cerca de 20 metros abaixo do atual espelho d’água.

Em 1996, o mergulhador guatemalteco Roberto Samayoa Asmus descobriu diversos artefatos em cerâmica acomodados nas profundezas do lago e logo vislumbrou o que havia restado dos velhos muros e escadas da antiga aldeia. Samayoa realizou diversos mergulhos no lago Atitlán até se convencer que sua descoberta era de fato significativa para a arqueologia, momento em que comunicou o achado ao Ministério de Cultura da Guatemala, no ano de 1999. O mergulhador então batizou seu achado com a aglutinação de seu sobrenome “Sama” e o termo maya “Abaj” (pedra), formando assim Samabaj.

Uma vez anunciada oficialmente – e cientificamente – a descoberta, várias expedições foram organizadas com o intuito de estudar o local. A arqueóloga Sonia Medrano – autora do livro Arqueología Subacuática – Amatitlán Atitlán (2011) – com base no estilo da cerâmica resgatada e dos altares entalhados em pedra, estipulou sua ocupação entre 400 aC e 250 dC, ou seja, no período conhecido como Pré-Clássico Tardio maya. Segundo sua proposta, o local foi uma aldeia, um local de peregrinação e oferenda, uma vez que é rodeado por vulcões sagrados; assim como foi a Ilha do Sol no lago Titicaca para os incas e tiwanakus.

Os estudiosos ainda debatem os motivos que causaram a submersão de Samabaj no passado. Alguns acreditam que uma violenta tormenta – aos moldes da que ocorreu em 2005, com o Furacão Stan – tenha aumentado o nível do lago; enquanto outros estudos apontam a possibilidade de uma erupção vulcânica ter elevado o fundo do Atitlán. Enquanto as pesquisas continuam, hoje os visitantes estrangeiros podem apreciar as peças resgatadas de Samabaj no Museo Lacustre de Atitlán, na cidade de Panajachel, que está aos cuidados do mergulhador Roberto Samayoa Asmus.

Dalton Delfini Maziero é historiador, escritor, especialista em arqueologia e explorador. Pesquisador dos povos pré-colombianos e história da pirataria marítima. Visite a Página do Escritor, clique aqui.

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