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Balneário Camboriú
Dalton Delfini Maziero
Dalton Delfini Maziero
Historiador, escritor, especialista em arqueologia e explorador. Pesquisador das culturas pré-colombianas e história da pirataria marítima.
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Cerro Baúl – a montanha sagrada Wari

O Peru é um país com muitos assentamentos cerimoniais. Muitas deles considerados Huacas: lugares sagrados. A montanha de Cerro Baúl, apenas pelo seu formato inusitado já devia ser considerada pelos pré-colombianos, uma huaca.

A confirmação de sua importância veio nos anos de 1980, com escavações promovidas pela Asociación Contisuyo, uma parceria entre Peru e EUA, que realizaram um mapeamento no topo da montanha, demonstrando haver ali construções com finalidade político-cerimonial. Mais do que isso, os arredores revelaram existir até mesmo uma cervejaria.

Cerro Baú é uma impressionante montanha de cume plano, com elevação abrupta de 600 metros acima de seus arredores. Para atingir sua “meseta” superior, o esforço é grande e realizado apenas por íngremes caminhos a pé. Ele está situado no vale de Moquegua, sul do Peru.

As escavações levadas a cabo entre as décadas e 1980 e 2000 – Johny Isca, Michael Moseley, Robert Feldman – confirmaram a presença Tiwanaku (300-1000 dC) e Wari (400-1000 dC), sendo os últimos responsáveis pela construção de terraços de plantio, espaço público cerimonial e um canal de água que percorre 10 km trazendo água do rio Torata até a divisa entre as montanhas Cerro Baú e Cerro Mejia.

Contudo, existem controvérsias sobre sua ocupação. Alguns pesquisadores enxergam evidências de guerra entre Tiwanakus e Waris. Outros apostam em uma ocupação pacífica entre os povos, uma vez que eles partilharam da mesma base cultural e política. Prova disso foi o desenterramento de um Kero (recipiente cerimonial) com estilo híbrido entre os povos. Mas qual a importância de Cerro Baúl na história pré-colombiana? Por que este espaço tão singular e distante – em especial do centro administrativo Wari – chamou a atenção dos estudiosos?

Inicialmente, acreditou-se que Cerro Baúl fosse uma colônia fortificada Wari, com a função de demarcar sua expansão territorial ao sul. Contudo, novos indícios arqueológicos sugerem que o local não foi de fato habitado. Não era o que poderíamos chamar de cidade. As evidências apontam para a criação de uma colônia com dupla função: oficina de extração da pedra ônix – muito utilizada pelos Wari na confecção de joias – e posto de controle comercial das caravanas que vinham da região do Lago Titicaca em direção ao litoral do atual Chile.

Essas caravanas de lhamas, além do valor comercial dos produtos que carregavam, eram detentoras de um simbolismo associado à mobilidade entre os diversos pisos ecológicos da região. Eram quase como peregrinações sagradas. O local foi finalmente tomado pelos Incas cerca de 1475 dC.

Atualmente, Cerro Baúl é local de adoração pelos habitantes da cidade de Moquegua, que ascendem suas trilhas ao topo para realização de oferendas de folha de coca, chicha (bebida fermentada a base de milho) e velas, pedindo proteção e bem aventurança.

Dalton Delfini Maziero é historiador, escritor, especialista em arqueologia e explorador. Pesquisador das culturas pré-colombianas e história da pirataria marítima. Visite a Página do Escritor.

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