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Balneário Camboriú

O CALENDÁRIO DE BUENA VISTA

Dalton Delfini Maziero
Dalton Delfini Maziero
Historiador, escritor, especialista em arqueologia e explorador. Pesquisador das culturas pré-colombianas e história da pirataria marítima.
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Nas proximidades da cidade de Lima, no sopé da Cordilheira dos Andes, existe um sítio arqueológico desconhecido, mas que aos poucos, começa a chamar a atenção do meio científico. Oficialmente chamado de Buena Vista, é também conhecido como Templo da Raposa, devido a uma escultura deste animal aninhado no ventre de uma lhama.

Buena Vista foi escavado oficialmente pelos arqueólogos Frederic Engel em 1987 e Robert Benfer em 2004, que determinaram uma fase pré-cerâmica ao local datado de 9.700-1.760 aC e uma intermediária precoce de 1.760 aC-800 dC. Contudo, a ocupação mais significativa ocorreu por volta de 4.500 aC. Não se sabe ainda qual o grupo cultural que o habitou neste longo período, mas ao menos foram descobertos vestígios de tradição Kotosh entre 1.000 e 200 aC. A exemplo da recente descoberta de Caral, o grupo que habitou Buena Vista não tinha escrita e não conhecia a produção da cerâmica.

Sua principal construção é um grande templo com 33 metros de altura por 55 de comprimento, perfeitamente alinhado com o solstício de verão (21 de dezembro). Acredita-se que, em suas dependências, rituais de fertilidade fossem realizados em louvor ao plantio e colheita. Além do templo, existem também no local algumas pirâmides escalonadas e residências; além de diversas esculturas bidimensionais. A teoria de um templo de fertilidade provém dos estudos de Robert Benfer e do astrônomo Larry Adkins, que observaram a existência de uma rocha alinhada com a estrutura. Segundo Adkins, em 4.200 aC, a projeção do solstício de verão em seu cume atingia o templo. Também a imagem da raposa – relacionada na América do Sul à fertilidade – apoia a teoria do uso de Buena Vista como um espaço ritual ligado à agricultura.

Outra importante descoberta realizada por Benfer, nos mostra um disco de argila com um rosto que parece triste, rodeado por dois animais não identificados. Muitas especulações foram feitas sobre a representação, alegando tratar-se do Sol ou Lua; e que os animais seriam raposas. Também arriscaram uma associação da imagem a Pachamama (Mãe Terra). Mas a verdade é que tudo ainda se encontra no campo da especulação. Também a imagem em tamanho real de um tocador de flauta impressiona pelo realismo e parece estar ligado de certa forma à escultura do disco. Mas estas e outras imagens descobertas formam por enquanto, um quebra-cabeças sem solução definitiva. O que podemos afirmar no momento, é que tudo em Buena Vista faz parte de um mundo simbólico andino que sobrevive até hoje; onde montanhas, rios e estrelas ganham vida e personalidade própria.

Seja como for, se as pesquisas futuras confirmarem tais teoria de uso, podemos dizer que se trata de um dos mais antigos calendários agrícolas existentes, pautado na constelação do zodíaco e materializada na projeção solar do solstício de verão.

Dalton Delfini Maziero é historiador, escritor, especialista em arqueologia e explorador. Pesquisador dos povos pré-colombianos e história da pirataria marítima. Visite a Página do Escritor (https://clubedeautores.com.br/livros/autores/dalton-delfini-maziero)

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