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Balneário Camboriú
Dalton Delfini Maziero
Dalton Delfini Maziero
Historiador, escritor, especialista em arqueologia e explorador. Pesquisador das culturas pré-colombianas e história da pirataria marítima.
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WASKIRI – ANTIGOS CULTOS ANDINOS

Não é novidade no mundo pré-colombiano, que os povos da América do Sul possuiam locais de adoração chamados Huacas – montanhas, vales, cavernas – e que a eles realizavam ritos específicos, bastante complexos.

Um desses procedimentos antigos, ainda hoje não plenamente compreendido, chamava-se Ceque. Basicamente, era um sistema de ordenação geográfico, que buscava unificar – por meio de cultos – a administração da água, a astronomia, o calendário agrícola e aspectos sociais, políticos e religiosos. Esse sistema foi bastante usado pelos Incas, e consistia na criação de linhas imaginárias radiais, que partiam de um centro de peregrinação – no caso o Qorikancha, o Templo do Sol em Cusco – em direção às huacas

Recentemente, os arqueólogos Pablo Cruz (Argentina), Jean Vacher e Richard Joffre (França) descobriram na Bolívia, na região conhecida como Carangas, 135 sítios arqueológicos que, interligados por linhas imaginárias, formavam um Ceque a exemplo do que os Incas aplicavam em Cusco. Todos eles apresentam circulos concêntricos formando paredes e recintos, situados no topo de colinas. Nas ruinas, diversos fragmentos de tigelas e pratos datam as construções entre 1250 a 1600 dC. O local foi chamado Waskiri, e fica em uma região extremamente desértica, nas proximidades do rio Lauca, não muito longe da fronteira entre Bolívia e Chile. O artigo original dos arqueólogos foi publicado na revista Ancient Origins.

Segundo os pesquisadores, “o centro cerimonial pré-hispânico de Waskiri não só é um descubrimento surpreendente nesta região desértica e escassamente povoada dos Andes, mas também exibe características que não encontra precedentes nos Andes pré-hispânicos”. Isso ocorre pelas formações em diâmetro que chegam a 140 metros, onde os circulos de pedra são divididos em até 39 recintos contínuos, cada um deles com uma superfície entre 106 e 144 m². 

Interessante notar que entre 1580-82, o paroco Bartolomé Álvarez percorreu a região de Carangas para realizar trabalhos de evangelização. Em suas memórias (De las costumbres y conversión de los indios del Perú: Memorial a Felipe II – 1588) ele menciona a existência de um “grande edifício circular”, que interpretou como “a casa de negócio do Inferno”. Estaria Álvarez se referindo a uma das construções agora descobertas? É muito provável que sim!

Podemos dizer que muitas regiões da Cordilheira dos Andes possuem uma cartografia religiosa, interligada visualmente às montanhas sagradas, como foi o caso, por exemplo, das famosas Linhas de Nazca. Embora essas regiões tenham florescido antes da chegada dos Incas, estes ocuparam os espaços posteriormente, adaptando-os as suas próprias necessidades ritualísticas.

Dalton Delfini Maziero é historiador, escritor, especialista em arqueologia e explorador. Pesquisador dos povos pré-colombianos e história da pirataria marítima. Visite a Página do Escritor (https://clubedeautores.com.br/livros/autores/dalton-delfini-maziero)
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