Balneário Camboriú teve desde o início uma coisa muito legal que era a denominação das ruas por número, tendo ao norte os ímpares e ao sul os pares, e as avenidas com nomes comuns e de domínio público.
Além de facilitar a localização pela sequência numérica lógica, impediria a Câmara legislativa de homenagear pessoas das quais nem sempre o critério de escolha seria comum. Algumas famílias ficariam felizes enquanto muitas outras injustiçadas.
Infelizmente de uns anos para cá, acho que desde a troca da Rua 400 por Alvin Bauer ou antes, esse esquartejamento da lógica numérica abriu espaço para alocação desenfreada de nomes, alguns com envolvimento na cidade e outros nem tanto, mas o caso aqui não é o mérito do escolhido, pois nem cabe a mim tal equação.
É Avenida do Estado fulano, Quarta Avenida ciclano, binário beltrano, Centro de Eventos blá blá …e assim vai.
Fico pensando aqui quantos nomes do passado, muito importantes para a cidade ser hoje o que é, e que nunca foram sequer lembrados.
Cadê suas placas e estátuas? Ah sim, este é um fato, os heróis são temporais, valem no tempo que vivem. Depois já era.
A família Delatorre com seu luxuoso cinema e Autocine vocês lembram?
O Dimas Campos e o inoxidável Baturité, que animou gerações e trouxe os jovens e seus pais para Balneário Camboriú?
O Mário Morelli com seus famosos restaurantes e a barulhenta Montesa 360cc?
Família Fonseca e a praia do Pinho, entre outras coisas?
E o Gilberto Américo Meirinho que abriu as principais vias da cidade, sem falar de quando, com máquinas da prefeitura, derrubou o muro das casas e alargou a avenida Atlântica na marra? Claro, tem um viaduto com o nome dele, boa homenagem (você sabe porque viadutos tem nome de pessoas?).
Aqui falo só daqueles que conheci ou ouvi meu pai falar, fora outros tantos.
A questão final é a seguinte, não existem heróis, nem pessoas melhores ou piores.
O que existe são empreendedores visionários que chegaram aqui e aproveitaram a oportunidade de crescer na vida e se deram bem.
Mérito pelo trabalho e dedicação de cada um, só isso.
Dizer que tal pessoa foi muito importante para o desenvolvimento da cidade e que ela merece destaque é um equívoco, porque é a fotografia de um período de tempo e não da história da cidade, e ninguém se faz sozinho.
A cidade vale ao longo do tempo pelo conjunto das pessoas e suas obras.
É constelação estúpido!
Por Fernando Baumann