Em entrevista concedida na sexta-feira, 22, às jornalistas Dagmara Spautz, Eveline Poncio e ao jornalista Mário Motta, transmitida pela CBN/Diário, o pré-candidato a governador de Santa Catarina, Fabrício Oliveira, perdeu oportunidade de ser marcante.
Fabrício tem uma bela estampa, fotografa bem, mas estava plastificado como um Dória, ostentando sorrisos fora de hora e passando uma imagem artificial, facilmente perceptível a quem assistir a entrevista, que pode ser acessada neste link.
Não sei se por nervosismo, ou se ele estava tentando caracterizar um personagem, mas penso que não irá funcionar, porque sorrisos precisam ser espontâneos e nos momentos certos.
Já escrevi outra vez que Fabrício está de salto alto, adulado por uma turma de puxas-sacos que no dia em que perderem o emprego na prefeitura, passarão a falar mal do ex-patrão.
Houve apenas um momento mais “delicado” para o entrevistador, quando lhe perguntaram se subirá no palanque de Bolsonaro ou de Moro, que agora é do seu partido, o Podemos.
Fabrício gastou tempo com assuntos que não interessam ao eleitor, se arriscando pelo terreno pantanoso das meias verdades e de coisas que ele não conhece.
Queimou minutos preciosos falando em política e criticou as oligarquias, apesar do seu partido ser comandado por Paulo Bornhausen, sobrenome que talvez seja o maior símbolo oligárquico em Santa Catarina. Em boca fechada não entra mosca.
Ele disse que crises como a I Guerra Mundial e a Gripe Espanhola geraram momentos de oportunidade… uma rematada bobagem, pois 60 milhões de pessoas morreram, a Europa ficou arrasada e a I Guerra deu origem à II, mais letal, onde cerca de 70 milhões perderam a vida.
Ao falar da economia catarinense, esqueceu do Oeste, pulmão da agroindústria e atualmente a região mais poderosa politicamente no Estado.
Disse que a Oscip, os empresários de Balneário que o apoiam, ajudou a colocar a cidade em nível mundial, no cenário internacional, o que além de não ser verdade, é bem sem noção, coisa de quem subiu mesmo em salto alto sem perceber o risco de se machucar na queda.
Bastaria a um dos entrevistadores indagar algo concreto sobre essa inserção internacional, para o pré-candidato a governador ficar sem resposta.
O entrevistado usou siglas e palavras como IDH, ecossistemas de inovação, linkado etc., expressões pedantes que a maioria das pessoas não entende.
Ele fixou bastante seu discurso em meio ambiente, disse que é o grande pulmão econômico de Balneário Camboriú, esquecendo que todos os nossos rios estão poluídos, e o governo que ele dirige poda árvores na principal avenida da cidade, em época e de forma errada.
Nossa grande vitória na área de meio ambiente, o saneamento básico, é obra coletiva, de diversos prefeitos desde o Schultz.
Também anunciou como sucesso um projeto que chegou na Câmara de Vereadores nesta semana e ainda nem foi analisado, a Lei da Inovação.
Se for discutir incentivo à inovação, tecnologia etc., com outros candidatos ao governo, como Gean Loureiro ou Carlos Moisés, Fabrício perderá feio, então é melhor nem tocar no assunto porque sua gestão nessa área foi ruim demais.
Trinta e três minutos de entrevista, no principal sistema de comunicação de Santa Catarina, não podem ser desperdiçados da forma como ocorreu: Fabrício não passou aos espectadores nenhuma mensagem concreta, tipo 2 + 2 são 4, as coisas simples e objetivas que os eleitores gostam de escutar.
Surpreendente que ele não tenha citado, por exemplo, que existe plena transparência em compras, com a presença física do Observatório Social diretamente na Secretaria correspondente.
Quanto ao palanque com Bolsonaro ou Moro, o prefeito subiu no muro: disse que será adversário do PT.
Não votar no PT não é qualidade é obrigação, mas penso que pessoas de bem jamais deveriam subir num palanque com Bolsonaro, o sociopata.