A reclamação em todo o canto é que não tem mais mão de obra em Balneário Camboriú, mas a frase poderia ser outra: não tem mão de obra com o salário que o empregador quer ou pode pagar.
De Bombinhas a Barra Velha, a valorização imobiliária é vigorosa, com crescimento no preço dos imóveis e no valor dos aluguéis. Morar no litoral quase sempre custa mais caro do que no interior, e no nosso caso a diferença é notável.
Um quarto, sala, cozinha e banheiro, modesto, na periferia de Balneário, já está custando quase R$ 2 mil por mês de aluguel.
Se a pessoa trabalha no comércio, o melhor salário que vai conseguir é 2 ou 3 mil por mês de fixo e, se trabalhar muitas horas extras, consegue chegar a uns 4 mil. E sem vale-alimentação porque os caras dos sindicatos, laboral e patronal, parecem acreditar que as pessoas não precisam se alimentar.
Uma diarista, que trabalhe apenas em dias úteis, faz mais de 5 mil por mês.
Um marido de aluguel competente, atendendo um único cliente por dia, também pode faturar uns 5 mil.
Qual a vantagem de ser empregado?
Tem gente ainda acreditando na bobagem de que não tem mão de obra em BC por causa do Bolsa Família. O valor médio do auxílio em 2023, na Região Sul do País, foi R$ 711,28. Quem consegue viver com isso em BC?
Outros insensatos acreditam que construindo muitos prédios nos bairros, mais pessoas virão morar aqui e com isso nossos problemas de mão de obra estarão resolvidos.
Como é? O sujeito virá morar aqui, para trabalhar no comércio, ganhando R$ 4 mil por mês e pagará um apartamento que custará R$ 500 mil? A matemática é inimiga dos raciocínios simplistas.
Não tem volta, a mão de obra nessa região do País será cada vez mais cara e escassa, mesmo trazendo gente de fora, como os estimados nordestinos, venezuelanos e haitianos. Em pouco tempo eles percebem como são valiosos e buscam ganhar mais. Como todos nós.