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26.1 C
Balneário Camboriú
Fabiana Langaro Loos
Fabiana Langaro Looshttp://fabianalangaroloos.com.br/
... é artista plástica, pinta e borda, ama as cores e as palavras, é do heavy metal e da vida.
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O que eu sinto falta em você

Balneário Camboriú, como você cresceu e mudou nesses 57 anos. Com alegria, irradiada pelo sol e mar, recebeu turistas que posteriormente viraram moradores, recebeu gente de diversos lugares que aqui vieram arriscar a sorte em uma nova vida. Como você se transformou, mas sinto falta de tantas coisas que você deixou para trás. Não se trata de um sentimento de tristeza, apenas saudade de uma boa época vivida, um afeto que permanece na memória de quem aproveitou e usufruiu dessa cidade ainda menina.

Você vivia praticamente da temporada de verão, pois quase não existiam atrações turísticas além das praias, além de aproveitar todo o encanto de deitar na sua areia sob um sol escaldante e se refrescar nas ondas do mar. Não havia esse paredão de grandes arranha-céus. Os moradores se conheciam e também conheciam aqueles visitantes de cidades vizinhas que periodicamente por aqui também aproveitavam seus momentos, linda sereia, menina do Atântico, paraíso sem igual.

Das atrações que você deixou em tempos remotos, as noites do Baturité fazem muita falta. Tantos namoros começaram ali. Quantos outros desataram no mesmo lugar. Encontros e desencontros de uma época que não havia celular, que tirar foto dentro da boate era quase um mico, mas dançar em cima das mesas era bem natural. Saloon, Estação Final, Camorra, Ibiza, Kafka, Twins, Café São Roque, Industrya e tantos outros bares na Barra Sul. A sangria no Rancho, aquele antigo Rancho do Baturité, fazia sucesso no inverno que, junto com um tonel de fogo aqueciam as noites de um local sem frescura, com pessoas comuns, sem afetação, sem ostentação, que estavam ali por pura diversão.

Durante o dia, era possível dar voltas e voltas de carro, o trânsito fluía melhor e, no fim, podia entrar na Effes ou na Savio Sorveteria, marcar presença nas tardes de domingo no Meu Cantinho, sentar na pracinha e ver a vida passar devagar. Ou caminhar pela Avenida Atlântica vendo os surfistas e suas manobras no mar, apreciar as bijouterias dos “hippies” e artesãos e terminar o domingo no cinema, primeiro no Cinerama e depois no Cine Itália, sem esquecer o imenso telão do Autocine, palco também de grandes shows nacionais.

Parque Estrela do Sul, Revistaria João Coragem da Avenida Central, shows na Almirante Tamandaré, a eterna expectativa pela temporada de verão, praias agrestes quase vazias, Shopping de Verão na Barra Sul, Julifest – a festa das nações, que ocorria em julho no antigo pavilhão da Santur, a espera para ler o Jornal Página 3 impresso com as notícias da semana, aguardar um show da Syndrome no Open Bar, os fliperamas do centro, enfim, eram atrações bem menos elaboradas das que você nos apresenta atualmente, mas era um tempo de mais vivência e menos aparência, sem essa insistência pela glamorização de tudo que acontece, com menos flashes, sem discussões online e, sim, alegria, conversas entre amigos, paz e amor, sustentados por um mundo real.

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