31 de março de 1964 – Celebrar o golpe de Estado como anunciou o Ministério da Defesa continua sendo uma piada de mau gosto pra mim, ao longo desses 58 anos … celebrar o quê? Eles dizem que foi um ‘marco histórico da evolução política brasileira’ ou então ‘um movimento que restabeleceu a ordem e impediu a implantação de um regime totalitário’.
Do que afinal estão falando? Qual a evidência desta célebre conclusão?
- Eu tinha 15 anos e lembro como se fosse hoje, o medo que se instalou nas famílias, nos grupos, nas escolas, nas ruas. As pessoas tinham medo de falar, porque não havia clareza do que estava acontecendo. Nem com ‘quem’ estavam falando.
- O militarismo adentrou nas escolas. Tinha que fazer fila, hastear bandeira e cantar o hino nacional todos os dias antes de entrar na sala de aula.
- Novas disciplinas foram criadas pelo regime, lembro de Educação Moral e Cívica, Organização Social e Política Brasileira (OSPB) e quando falo essas siglas para meus netos, eles acham que estou falando grego…
- Em 1972, com 23 anos, entrei na Faculdade de Jornalismo e convivi de perto com a realidade nacional do “Você constrói o Brasil” … “Pra frente Brasil” … “Ninguém segura este país” … “Quem não vive para servir ao país, não serve para viver no Brasil” … “Plante que o João garante” e outras, muitas outras…
- Lembro de músicas com letras que exaltavam o regime, como “Eu te amo, meu Brasil” ou “Este é um país que vai pra frente”.
- Lembro que na Copa de 1970 criaram uma musiquinha que enaltecia o regime, virou a canção da Copa: “Todos juntos vamos! Pra frente Brasil! Brasil! Salve a seleção!”.
- No mesmo ano de 1972, entrei pela primeira vez em uma redação de jornal e lá trabalhei por uma década … pesada, conturbada. Dentro da redação tinha ‘amigos’ ocultos, o chamado dedo-duro…
- Nas ruas mais de duas pessoas conversando era sinal de ‘grupo’, eram imediatamente dispersados … as aulas de História na faculdade eram vigiadas, controladas … a propaganda era indireta … era tudo muito difícil e complicado…
- É tanta lembrança, tanta história, mas nada que eu possa definir como celebração da data, muito pelo contrário, para mim lembra muitos e muitos episódios de medo, de tristeza, de perdas, de sofrimento e de dúvidas e incertezas sobre o futuro do país e de todos nós…
Então… celebrar o quê?!
#FicaFabrício
O prefeito recuou. Quando recebi o primeiro sinal do ‘Fica Fabrício’achei que era mesmo um aviso prévio. Conversando com uns e ouvindo outros da cúpula da Dinamarca tive ‘quase’ certeza que Fabrício iria desistir. Mas não acho que foi o projeto que ainda não ganhou a consistência necessária, como ele justificou no áudio ontem (30). Penso que desistiu porque entendeu que não era hora, é muito jovem ainda e preferiu investir em mais tempo para ganhar espaço, porque cacife tem.
Quem sabe na seguinte!
Fernanda Imortal
Arlete Pinheiro da Silva Torres também conhecida como Fernanda Montenegro, se tornou imortal aos 92 anos, quando tomou posse na Academia Brasileira de Letras no último dia 25. Ocupa a cadeira 17 do diplomata Affonso Arinos de Mello Franco.
Achei positivo esse ‘estreitamento’de laçarotes entre a Academia e a cultura popular, que ela representa. Ou como escritora, depois que publicou sua autobiografia “Prólogo, Ato e Epílogo” – que gostei muito de ler e que também somou preciosos votos na sua eleição para fazer parte dos imortais brasileiros.
Isso sim é motivo para celebrar!
Frase que gosto
“Nossa deformação cultural nos faz pensar que cabe a um segmento da sociedade levar cultura a outro. Nós temos é que buscar a cultura no povo, dando condições para que ela brote”.
Fernanda Montenegro