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Balneário Camboriú

A EMBAIXADA MARCIANA, uma estória desvairada

Enéas Athanázio
Enéas Athanázio
Promotor de Justiça (aposentado), advogado e escritor. Tem 60 livros publicados em variados gêneros literários. É detentor de vários prêmios e pertence a diversas entidades culturais. Assina colunas no Jornal Página 3, na revista Blumenau em Cadernos e no site Coojornal - Revista Rio Total.
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Estirado na cama, Lelis Laranjeira pensava na vida. O quarto estava escuro, a mulher ressonava de leve ao seu lado e poucos ruídos vinham da rua. Já entrado em anos, ele recordava o que acontecera e o que fizera no passado. Não podia se queixar das oportunidades que a vida lhe dera, tanto na profissão como no aspecto financeiro, permitindo-lhe enfrentar com tranquilidade as agruras da velhice. Sempre tivera boa saúde, descontados os problemas próprios da idade, o que lhe permitira viajar com frequência e participar das atividades que apreciava. Nos últimos três anos, porém, fora acometido de uma doença renal rara considerada incurável e que o obrigava a fazer hemodiálise três vezes por semana em sessões de quatro horas cada uma. Isso o deprimia porque se sentia servo de uma máquina e tornava as viagens complicadas e arriscadas. Os médicos descartavam a hipótese do transplante em face da idade avançada do paciente. Não havia o que fazer e ele de repente se lembrou de que haveria sessão no dia seguinte, da qual sairia deprimido e triste como sempre. Sem conseguir dormir, levantou-se em silêncio, andou pela casa e ligou a televisão, mas nada encontrou que pudesse distraí-lo. Voltou para a cama e tentou dormir.

A noite avançava vagarosa e ele pareceu ouvir o seu nome. Muito estranho porque, além dele e da mulher, não havia mais ninguém na casa.

– Dr. Lelis Laranjeira! – repetiu alguém.

Moveu-se em várias direções e não viu ninguém, embora entre a cama e a parede um vulto indistinto parecesse olhar para ele. Não deu importância, julgando que fosse pura imaginação. Mas o chamado se repetiu, dessa vez ainda mais nítido e parecendo a voz de uma pessoa jovem e forte. Um calafrio percorreu-lhe a espinha.

– Dr. Lelis Laranjeira! Não se assuste! Sou amigo e trago uma mensagem importante. Não perturbaremos sua esposa. Estou usando a linguagem telepática. Desenvolvemos a Parapsicologia ao extremo e muitos de nós fazemos uso dela. Só nós dois nos entendemos.

Tentando compreender, Lelis analisava perplexo aquele diálogo sem palavras. Como se respondesse, a voz voltou a se manifestar.

– Permita agora que eu me apresente. Sou o coronel Saene, integrante do alto corpo sanitário do Ministério da Saúde do planeta Marte. Ao contrário do que imaginam os humanos, nem eu e nem os meus somos verdes. Estou aqui por ordem do Doutíssimo Marcelino, ministro-chefe, encabeçando uma embaixada de cientistas do campo da saúde para convidá-lo a viajar em nossa companhia até o Planeta Vermelho.

Lelis foi tomado de um leve tremor mas ficou curioso da proposta que viria.

– Doutíssimo é dos raros marcianos a receber esse título nobiliárquico. Ele é considerado o maior e o melhor médico de todo o Universo e vem acompanhando à distância a sua moléstia e os padecimentos que ela lhe provoca. Acredita que com a sua anuência, concordando em nos acompanhar, poderá curá-lo e devolvê-lo à Terra completamente curado. Mas isso tudo terá que ser realizado em total segredo. Vamos lhe dar algum tempo para pensar e amanhã, durante a sessão de diálise, voltaremos a fazer contato. Para satisfazer sua curiosidade, informo de que estou falando em nosso idioma nacional, o marciano, em tradução simultânea para o português. Durma bem e até amanhã.

O vulto desapareceu e o silêncio pesado invadiu o quarto. Ele tentou dormir e se aconchegou à mulher, sentindo seu calorzinho.    

 Na madrugada seguinte, depois de uma noite muito mal dormida, Lelis Laranjeira se preparou para a sessão de diálise. Deprimido como sempre, voltou a matutar sobre o convite da embaixada marciana e decidiu aceitar. Caso o tratamento vingasse, retornaria curado ou em melhor condição de saúde; caso contrário retomaria as diálises, mesmo por falta de alternativa. Mas, de qualquer forma, viveria uma experiência extraordinária e faria uma viagem interplanetária com a qual jamais sonhou. Sim, aceitaria o convite! Beijou a mulher sonolenta como numa despedida. Talvez não voltasse.

Acoplado à máquina número 25 e com as agulhas na fístula, coberto por grosso cobertor a que chamava de companheiro de infortúnio, ouvia o som cadenciado empenhado em purificar seu sangue e livrar o organismo do excesso de líquidos. Dormitava quando ouviu a voz jovem e forte, já conhecida, do Coronel Saene.

– Dr. Lelis Laranjeira, bom dia! Feliz com sua decisão, vamos preparar a partida. Provocaremos um rápido pane na energia elétrica da clínica e tudo ficará escuro por alguns momentos. O senhor, então, será transportado para nossa nave que estacionará a poucos metros do telhado. Não precisará levar coisa alguma porque forneceremos todo o necessário. 

Num repente as luzes se apagaram e os alarmes começaram a funcionar. Foi um barulhão infernal, misturado a gritos de ordem e correria. Quando deu por si, Lelis estava sentado em ampla poltrona forrada por um tecido que não conhecia e enrolado numa espécie de cobertor grosso e quente. O coração pulsava forte, mas ele tratou de se acalmar. Ouvia um ruído suave, como o de pequeno ventilador, e a grande aventura tinha início.  

 Silenciosa e firme, a nave cruzava os espaços.

A porta da cabine se abriu e uma figura se mostrou. Tinha o aspecto semelhante ao de um humano, embora mais baixo e com ombros reforçados. Trajava um uniforme bem talhado e de tecido brilhante.

– Dr. Lelis Laranjeira – disse, agora em palavras bem audíveis, – estamos felizes com sua decisão de viajar conosco. Comunicamos ao Doutíssimo e ele ficou muito feliz. Seja bem-vindo à nossa nave interespacial, o Martinês, a mais segura e veloz de todo o Universo. Comparadas a ele, as máquinas voadoras terrestres semelham brinquedos de crianças. – Fez uma pausa e prosseguiu: – Nossa comissária de bordo, Marciana, irá lhe mostrar a cabine onde o senhor encontrará trajes e alimentos. Algo de que precise é só pedir a ela. 

Ela o introduziu num cômodo largo e bem iluminado e fechou a porta atrás dele. Encontrou ali roupas e alguns alimentos estranhos. Numa espécie de geladeira havia potes com sucos coloridos e pratos contendo frutas desconhecidas. Vestiu um dos trajes e ele caiu bem, como se fosse feito sob medida. Bebeu e comeu um pouco e retornou à poltrona. Sentia-se muito bem.

O Coronel Saene reapareceu.

– Dr. Lelis, estimo que esteja se sentindo bem. Estamos a bordo da célebre Martinês, a mais famosa nave interespacial do Universo. Como Marte está a 225 milhões de quilômetros da Terra, levaremos algum tempo para chegar ao destino viajando à velocidade da luz, cerca de nove meses de voo pelo calendário terrestre. Faremos duas escalas em astros celestes para reabastecimento sem revelar o nome deles por razões de segurança. Lá serão trocadas as pilhas atômicas que fornecem a energia para o voo. Embora pequenas como as de uma lanterna usada na Terra, são de um poderio devastador. A explosão de uma só delas destruiria qualquer cidade de médio porte. Mas nossa técnica é aprimorada e isso jamais aconteceu.

Deu alguns passos pelo corredor e prosseguiu.

– Marte pratica a melhor e mais avançada ciência médica de todo o Universo e domina as mais sofisticadas técnicas de intervenções cirúrgicas. Nossos médicos realizam curas impensáveis e numerosas doenças que afligem os terráqueos foram erradicadas de nosso planeta. Salvo nos raros casos em que o tratamento é tardio, ninguém morre das mais graves moléstias.  Endemias e pandemias que sacrificam tantas crianças na Terra, em nosso meio são desconhecidas. O sistema vacinal é universal e completo. Transplantes de órgãos são feitos com inteiro sucesso. Diante disso, nosso povo é sadio e tem vida longa. Por isso tudo, estou certo de que o senhor será curado. Suas sessões de diálise serão feitas na enfermaria pelos médicos de bordo. Fique tranquilo.

Voltando ao tema da viagem, explicou:

– Diante da grande velocidade, os dias e as noites irão se sucedendo na sua janela. O senhor verá seres estelares de cuja existência jamais imaginou. Olhando pela abertura da esquerda, o senhor ainda poderá ver a Terra. E ela é mesmo azul, como afirmou Yuri Gagárin.

Deu uma risadinha bem-humorada, pediu licença e entrou na cabine, recomendando:

– Agora será bom repousar. Seu dia foi estressante.

Lelis se voltou para a janela e ficou observando o panorama espacial. Ainda viu a Terra, bolinha girando no ar, azul e pequena. Foi tomado por um misto de nostalgia e medo. Será que voltaria? – indagava-se. Procurou afastar esses pensamentos e se concentrou naquele mundo estranho. Viu algo que parecia um cometa com sua cauda espalhada e iluminada nadando em meio a inúmeros corpos celestes, alguns brilhantes e outros opacos, mais velozes e mais vagarosos. Seria o Cometa de Halley, aquele que se exibia ao Brasil a cada setenta anos? Avistou um astro enorme, cercado por anéis que giravam em sentidos contrários e não tardou a desaparecer na imensidão. Notou ainda incontáveis meteoritos e asteroides que se moviam no ar e que davam a impressão de cair. Iriam alguns atingir a Terra, tão pequena como é? Entraram em cena corpos voadores imensos, parecendo pesadões e escuros, cada um na sua rota. Como isso acontecia? Que inteligência os guiava naquele mundão sem fim? E como a nave marciana transitava firme naquele meio sem colidir com nada? Indagações para as quais não tinha respostas. Até onde a vista alcançava, notou astros em movimento e depois uma escuridão compacta. Que haveria naquele mundão inescrutável? Astros enormes entraram e outros saíram do negror compacto do horizonte onde o Sol não alcança e se puseram a dançar naquele meio absurdo povoado de seres enormes e talvez ocos. Para onde iriam? Corpos celestes com pontas apareciam às vezes, semelhantes às estrelas.

Cansado de tantas emoções acumuladas, relaxou e acabou adormecendo enquanto dias e noites se sucediam numa velocidade assustadora. 

Enquanto isso, na Clínica Renal, terminava o primeiro turno de diálises. A enfermeira levantou o cobertor que cobria Lelis Laranjeira e soltou um grito de espanto. O paciente não se encontrava ali! Sobre a poltrona, apenas as roupas que ele trajava, um gorro, sapatos e a carteira. Pendentes do ar, as agulhas estavam vedadas por mãos experientes.  Como conseguiu sair sem ser visto com tantas pessoas ao redor? Logo se formou um grupo, a direção e os médicos foram chamados. Ligaram para a esposa e ela não tinha notícia do marido, imaginando, de início, que fosse um trote. Decidiram ligar à polícia e informar do desaparecimento. Jamais poderiam imaginar que ele fora abduzido e cruzava o éter no rumo de Marte. 

A vida a bordo da Martinês entrou numa rotina suportável. Lelis lia, escutava música, dormia, observava o firmamento e se surpreendia com a quantidade e variedade de corpos celestes que vagavam no espaço. Moviam-se para a frente e para trás, para baixo, para cima e para os lados, giravam sobre si mesmos ou em torno de outros. Seriam a rotação e a translação? Satélites? Não avistava nenhum que lembrasse o Sol, a Terra ou a Lua, tão distantes deveriam estar.  Rádio e televisão não existiam. Comia bem. Nos dias de diálise um enfermeiro vinha buscá-lo e na enfermaria encontrava dialíticos e pacientes de doenças variadas, sinal de que a nave transportava doentes de outras nações e, talvez, de outros planetas. Pouco falavam, mas ele captava fiapos de idiomas estranhos. Existiam no local alguns aparelhos de ginástica nos quais ele se exercitava com frequência para não enferrujar. Não haveria sentido realizar viagem daquela dimensão para conduzir apenas ele. Em alguns momentos a depressão ameaçava, mas se esforçava para reagir e alimentar a frágil esperança de que tudo acabaria bem.

 A monotonia começava a cansar quando Lelis sentiu que a nave pousara. O zumbido de ventilador diminuiu de intensidade e o Coronel Saene reapareceu.

– Seja bem-vindo a Marte, Dr. Lelis Laranjeira! A viagem transcorreu em absoluta ordem e no tempo preciso. Agora o senhor será conduzido ao aposento que lhe foi destinado e logo farão contato. Foi um prazer tê-lo conosco!

Sem ruído, imensa porta se abriu e ele teve a primeira visão do Planeta Vermelho. Não havia aeroporto porque o Martinês pousava na vertical e ficava boiando pouco acima do solo. O acesso se fazia por uma pequena escada rolante. Lelis estendeu o olhar e notou um solo pedregoso e avermelhado com sulcos sucessivos. Não se viam árvores ou qualquer tipo de vegetação; parecia um deserto. Nada de serras ou morros elevados, apenas suaves lombadas que semelhavam as coxilhas campeiras do Brasil. Pedras arredondadas como seixos coruscavam à luz do Sol, o mesmo que iluminava a velha Terra. Havia um prédio branco, construído em linhas retas e muito baixo. Ele entenderia mais tarde que a maior parte dele ficava submersa, razão pela qual os terráqueos não o avistavam. Todas as demais construções também eram assim. As comunicações se faziam através de uma rede de túneis e por isso não se avistavam veículos, animais e pessoas andando na superfície.

Lelis foi conduzido ao interior e alojado em um quarto claro e espaçoso. Caminhou para lá e para cá, sentindo a satisfação de pisar no chão firme depois de tanto tempo. Acomodou-se e tratou de se acostumar com a nova realidade, curioso para ver o que aconteceria.

Na manhã seguinte, ou assim lhe pareceu, Lelis foi conduzido por um enfermeiro a imenso hospital e introduzido no consultório onde o Doutíssimo Marcelino o recebeu. 

– É um prazer tê-lo aqui – disse ele em palavras audíveis e com tradução instantânea. – O senhor deve se perguntar porque foi escolhido entre milhões de brasileiros. É que o senhor é portador de uma moléstia rara que é considerada incurável na Terra. Aqui também existe essa doença e nós a curamos na maioria dos casos. Alguns, no entanto, são resistentes ao tratamento e até agora não conseguimos descobrir o motivo. Ela também aparece em outros planetas. Nosso intento é comparar os casos para verificar porque isso acontece e se há diferenças entre eles. Nossos observadores, na Terra e outros planetas, anotam os exames a que são submetidos e os tratamentos realizados. Além disso, os observadores avaliam o sofrimento que a diálise causa aos pacientes e então optamos por unir o útil ao agradável e trazer os mais sofridos. No seu caso, após o tratamento, não existindo diferenças, como eu disse, pretendemos devolvê-lo à Terra completamente curado. Durante o tratamento o senhor não sentirá dores, quando muito algum mal-estar ou enjoo.

Lelis assentiu, aliviado, e no dia seguinte o tratamento teve início. Levaram-no a um imenso salão onde havia enorme quantidade de aparelhos cuja finalidade lhe escapava. Médicos e enfermeiros, nos seus jalecos brancos e reluzentes o cercaram na cama onde ficava. Recebeu uma sedação muito leve e o tratamento teve início.  

Nas semanas seguintes o tratamento prosseguiu. Aos poucos as sessões de diálise foram diminuindo até cessarem. As doses de medicamentos de uso contínuo também reduziram, restando apenas algumas. Visitas da enfermagem para colher matérias para exames cessaram. Lelis desistiu de indagar como estava sua situação porque as respostas eram lacônicas e telepáticas. Foi instruído a caminhar pelos túneis todos os dias e cada vez mais longe. Mesmo na distância, nunca deparou com o Labirinto da Noite, vale profundo e com paredes rochosas e íngremes, descoberto pelo satélite Mars Express e muito comentado pelos astrônomos terráqueos. Lamentou a perda da oportunidade única de ser o primeiro a conhecê-lo. Em compensação, sentia-se bem, revigorado, forte.

Em uma manhã clara e silenciosa bateram à sua porta. Ali estavam o Doutíssimo Marcelino, o Coronel Saene e mais um oficial que se apresentou como Coronel Razec.

Marcelino tomou a palavra e explicou:

– Dr. Lelis Laranjeira! É com grande prazer que venho lhe trazer uma notícia auspiciosa. Seu tratamento foi bem-sucedido, o organismo respondeu de maneira eficaz e os últimos exames, os mais completos, indicam que todos seus dados estão ótimos. Ou seja, o senhor está curado e em perfeitas condições de retornar à Terra. Graças aos testes entre seu problema e os de outros doentes conseguimos curar aqueles casos que nos desafiavam. Além de tudo o senhor nos prestou grande ajuda que nunca será esquecida.

Razec se adiantou e explicou:

– Dentro de três dias partiremos a bordo da nave Martinês II, a maior, mais moderna e potente do Universo, sob meu comando. Levaremos em torno de 21 meses, tempo mais longo que na vinda porque tanto Marte como a Terra mudaram de posição e teremos que fazer paradas para deixar outros passageiros. Gostaria de comunicar que o senhor não poderá levar objeto algum de Marte e essa é norma inviolável de nosso Planeta. Será um prazer devolvê-lo à sua gente e à sua Terra.

Mal acreditando no que ouvia, Lelis teve ímpeto de pular e gritar mas concluiu que não ficaria bem a um homem de sua idade. Agradeceu aos visitantes e não conteve lágrimas de emoção.

O retorno foi lento, mas tranquilo. Depois de cinco anos de ausência e considerado desaparecido, sua chegada em casa e depois na Clínica Renal foi recebida com espanto. Viu-se forçado a dar mil explicações, mas sempre percebia o ar de dúvida no semblante das pessoas, ainda mais que não pudera trazer qualquer prova de sua estada no Planeta Vermelho. Duvidavam de sua sanidade mental.

A Clínica Renal realizou acurados exames e constatou com assombro que ele estava curado. Havia apenas algumas pequenas cicatrizes que pareciam entradas de instrumentos cirúrgicos. Nada mais. 

Tudo o mais não interessa – repetia Lelis Laranjeira para si próprio. – O que importa é que estou curado. Quanto ao restante, acredite quem quiser!

Antes de falecer, o escritor Enéas Athanázio enviou ao Página 3 diversos artigos de sua autoria, que serão publicados semanalmente.

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