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O ARAUTO DO PIAUÍ: ADRIÃO NETO

Enéas Athanázio
Enéas Athanázio
Promotor de Justiça (aposentado), advogado e escritor. Tem 60 livros publicados em variados gêneros literários. É detentor de vários prêmios e pertence a diversas entidades culturais. Assina colunas no Jornal Página 3, na revista Blumenau em Cadernos e no site Coojornal - Revista Rio Total.
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Escritor incansável, em cada livro Adrião Neto entoa um hino de louvor ao Piauí, seu Estado Natal, e que tem como capital a cidade verde de Teresina, dita filha do sol do equador e abraçada pelo rio Parnaíba, o Velho Monge do poeta Da Costa e Silva. Sempre realçando as qualidades e belezas de sua terra, ele destaca capítulos da história e da vida piauiense, único Estado brasileiro colonizado do interior para o litoral e assim estabelecendo uma cultura diferente e de características muito próprias. Esses aspectos estão mais visíveis que nunca em seu mais recente livro que acabo de ler com intenso prazer. Como cidadão honorário do Piauí, leio tudo que me cai nas mãos sobre esse Estado.

“Lendas e Mitos, Poemas e Outros Textos” (Gráfica Pinheiro – Teresina – 2022) é verdadeiro compêndio sobre o Piauí. Um livro rico que contém folclore, mitologia, lendas, literatura, poesia, turismo e história, ideal para quem pretenda conhecer esse Estado que, com o Maranhão, integra o chamado meio norte brasileiro. A primeira parte reúne lendas, curiosidades, pinceladas históricas, monumentos e edificações ilustres, além de boa dose de poesias. Leitura para variados gostos.

As lendas do Morro Gemedor e do Cabeça de Cuia são das mais interessantes, dentre outras tantas. Nesta última, o pescador Crispim, irritado pelo fracasso na pescaria, matou a própria mãe. Ela o amaldiçoou, condenado-o a viver como um monstro da cabeça grande e com o formato de cuia sob as águas dos rios Parnaíba e Poti, de onde só sairia depois de desvirginar sete Marias. Muito feio e deformado, nunca logrou seduzir as sete Marias. Na confluência dos rios existe belo parque florestal onde se ergue um monumento reproduzindo a figura do Cabeça de Cuia e um restaurante flutuante. Local lindo e acolhedor, muito visitado. Bem diz a vox populi que praga de mãe “pega” mesmo.

A segunda parte aborda os mitos e muito me agradou porque conheci vários deles, começando por José de Arimathéa Tito Filho (A. Tito Filho), figura carismática e inconteste líder cultural do maior destaque no século passado. Advogado, professor, jornalista e escritor, fui por ele recebido de braços abertos numa das primeiras visitas que fiz ao Piauí. Muito escreveu na imprensa sobre meu trabalho, mantendo um intercâmbio epistolar até seu falecimento. Na visita à Academia Piauiense de Letras, que ele presidia, ofereceu-me vários presentes que conservo até hoje. Tito Filho deixou um vazio imenso no meio cultural de sua terra;    

Outras figuras míticas são arroladas pelo autor. Tomaz Gomes Campelo, desembargador, presidente da UBE-PI, empenhado sempre nas atividades culturais e literárias. Também o conheci e fui convidado por ele a visitar Pedro II, sua cidade natal, o que não aconteceu por falta de tempo; Homero Castelo Branco, líder político da região de Amarante, cidade que visitei em companhia de outros escritores, economista, parlamentar e escritor prestigiado. Foi meu “padrinho”, uma vez que apresentou o projeto da resolução que me concedeu o título de cidadão piauiense; José Ribamar Garcia, escritor e jurista estabelecido no Rio de Janeiro e grande divulgador de seu Estado; Mão Santa, médico e político, notabilizou-se pela atuação constante no Senado Federal. Muitas outras figuras de destaque recheiam páginas do livro. Profissionais de variadas áreas, escritores, jornalistas, artistas plásticos, cordelistas, artesãos, músicos, desportistas, fazendeiros, comerciantes, folcloristas e inúmeras outras figuras da rica fauna humana da capital e do interior. Conheci também Bizinha, pessoa das mais estimadas em Amarante, “escrivona e tabelioa”, como ela mesma se definia. Se me fosse dado opinar, incluiria o crítico M. Paulo Nunes, o escritor O. G. Rego de Carvalho, a antropóloga Niède Guidon e o poeta Cineas Santos. O livro de Adrião Neto é um belo e curioso repertório sobre o Piauí e sua gente. É ainda muito rico em material iconográfico;

O escritor registra sua trajetória incansável em favor da literatura e da história de seu Estado, revelando-se um grande conhecedor de tudo que se refere ao Piauí. Sua obra é importante fonte documental pela qual Adrião Neto bem merece o título de arauto.

Meus efusivos parabéns.

Antes de falecer, o escritor Enéas Athanázio enviou ao Página 3 diversos artigos de sua autoria, que serão publicados a partir de agora, semanalmente.
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