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Balneário Camboriú
Dalton Delfini Maziero
Dalton Delfini Maziero
Historiador, escritor, especialista em arqueologia e explorador. Pesquisador das culturas pré-colombianas e história da pirataria marítima.
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OS BUCANEIROS

Muitas pessoas perguntam a diferença entre piratas, corsários e bucaneiros. Hoje vamos falar um pouco sobre quem eram os Bucaneiros, uma espécie de marinheiro livre que infestou as águas do Caribe e que, eventualmente, praticou o corso e a pirataria.

O termo bucaneiro deriva de uma palavra Arawak (grupo nativo que habitou a América Central e ilhas do Caribe) buccan, que era uma estrutura de madeira usada na fogueira para assar carne de boi, porcos e de peixes. Os franceses a adaptaram para o termo boucanier (caçadores e marinheiros franceses que se assavam carne nas ilhas caribenhas); e os ingleses finalmente adaptaram do francês, tornando o termo mais conhecido – buccaneer – que passou a significar uma espécie de pirata que habitou as águas do Caribe.

Os bucaneiros tiveram seu auge nos séculos XVI e XVII, e formaram diversas comunidades de pessoas expulsas e perseguidas dos territórios espanhóis nas Américas. Dentre eles, encontravam-se colonos ingleses, holandeses, franceses, escravizados, caçadores, madeireiros e lenhadores, indígenas, soldados e marinheiros desempregados, assaltantes e foragidos religiosos. Essas pessoas uniram-se e inicialmente ganhavam a vida fornecendo carne e produtos naturais aos navios que passavam pela região do Caribe. Essa diversidade de origem deu lugar as comunidades piratas – chamadas utopias piratas –, que de modo geral eram socialmente e comercialmente mais democráticas que as comunidades europeias.

Com o tempo, essas pessoas abandonaram o fornecimento de produtos coletados para dedicarem-se ao roubo marítimo, uma atividade muito mais lucrativa do que assar carne. O alvo principal dos bucaneiros era o comércio espanhol, do qual nutriam um profundo ódio pela perseguição e expulsão de suas terras. As primeiras comunidades surgiram em Hispaniola, Ilha Tortuga, New Providence e Jamaica, de onde partiam suas expedições de saque. Nesta fase inicial, destacam-se homens como o holandês Roc Brasiliano, que atuou no nordeste brasileiro; o francês Pierre Le Grand, pioneiro nos ataques à galeões espanhóis e o também francês L’Olonnais (Jean David François Nau), famoso pela violência praticada em seus assaltos.

Até então – meados do XVII – os bucaneiros atuavam de forma autônoma, e desta forma foram aperfeiçoando sua organização e ataques, até que Henry Morgan (1631-1688) conseguiu organizar uma poderosa frota com centenas de bucaneiros e assaltar Portobelo (Panamá) em 1668 e 1671, resgatando um enorme tesouro, que incluía riquezas oriundas da América do Sul. O poderio bucaneiro finalmente chamou a atenção das nações europeias, e logo a Inglaterra se aproveitou dele, uma vez que tinha a Espanha como principal inimiga. Londres imediatamente “abraçou” os bucaneiros, oferecendo suas ilhas e portos como locais estratégicos para suas expedições e munindo-os com uma carta de corso, que nada mais era do que uma legalização para seus assaltos em nome da nação inglesa.

Os bucaneiros tiveram suas histórias imortalizadas em obras famosas como “A General History of the Pyrates” (1724) do Capitão Charles Johnson, e “De Americaensche Zee-Roovers” (The Buccaneers of America – 1678) de Alexandre Olivier Exquemelin. Nelas, toda mitologia da pirataria do Caribe teve início, incluindo a chamada Era de Ouro da Pirataria (1650-1730) e a divulgação de seu estilo de vida baseada na premissa francesa de liberdade, igualdade e fraternidade.

Dalton Delfini Maziero é historiador, escritor, especialista em arqueologia e explorador. Pesquisador dos povos pré-colombianos e história da pirataria marítima. Visite a Página do Escritor (clique aqui)

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