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Balneário Camboriú
Dalton Delfini Maziero
Dalton Delfini Maziero
Historiador, escritor, especialista em arqueologia e explorador. Pesquisador das culturas pré-colombianas e história da pirataria marítima.
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PIRATAS POSSUIAM “PETS”?

O universo da pirataria marítima é representado – em especial no cinema – por diversos mitos e simbologias. Devido as suas fontes históricas escassas e muitas vezes suspeitas, seus personagens absorveram elementos indissociáveis às suas imagens. Uma das representações que ganharam força com o tempo, foi a do pirata acompanhado de um pequeno animal em seu ombro! Seria isso verdade?

Afinal, os piratas carregavam “pets” em seus navios?

No filme “Piratas do Caribe – a maldição do Pérola Negra” (Walt Disney Pictures, 2003), encontramos o personagem Hector Barbossa (Geoffrey Rush) acompanhado de um pequeno macaco em seu ombro. O macaco representava mais do que um animal de estimação: era parte efetiva da tripulação. Também a literatura contribuiu para a criação deste estereótipo, com o personagem Long John Silver em “A Ilha do Tesouro” (Robert Louis Stevenson) que possuia um papagaio de estimação em seu ombro. O livro foi um enorme sucesso comercial. Além do macaco e do papagaio, diversos filmes trazem animais companheiros dos piratas, como se fossem um alívio cômico desse tipo de história de aventura marítima. Desta forma, macacos, papagaios, cacatuas e outros animais passaram a fazer parte dessa mitologia naval. 

Sabemos que a vida dentro dos navios nos séculos XVI-XIX era bastante difícil. Em navios comerciais e naves de guerra, os relatos de abusos de poder eram constantes. Imperava a fome, o trabalho perigoso e extenuante, e a punição desmedida de alguns capitães que impunham regras rígidas suscetíveis a chicoteamentos e humilhações públicas. Os capitães muitas vezes agiam como ditadores descontrolados. Completava esse cenário pouco animador, o fato que muitos marinheiros eram forçados ao trabalho. Em muitas cidades europeias, eram capturados nas ruas e bares, forçados a embarcar por vários meses, assinando contratos de pagamento que nunca seriam cumpridos. 

Diante deste cenário pouco animador, muitos marinheiros preferiam os riscos da pirataria, onde o perigo existia de fato, mas também existia uma hierarquia mais honesta e um pagamento mais confiável, dependendo da presa que eles conseguissem. Neste cenário mais liberal onde a pirataria acontecia, muitos acreditam que a presença de animais era sim, uma realidade.

É preciso dizer que, até o momento, não foram localizados quaisquer documentos históricos que associem piratas aos supostos animais de estimação! Contudo, em especial nos séculos XVII-XVIII, não era incomum marinheiros de veleiros comerciais capturarem pequenos animais e traze-los a bordo. Essa prática acontecia com certa frequência para quem navegava nas proximidades da linha equatorial, onde era mais quente e onde se encontravam as florestas tropicais. 

E isso acontecia porque os marinheiros gostavam de ter animaizinhos a bordo?

Em parte, sim! Pequenos animais representavam um momento de descontração na tripulação, permissível por alguns capitães para aliviar a carga pesada do trabalho. Os marinheiros ensinavam pequenos truques aos macacos e palavras ou mesmo frases inteiras aos papagaios. Mas esse é apenas um lado da história. Eles faziam isso porque seus salários eram ridículos e a venda de um animal tropica de terras distantes, treinado e educado a realizar pequenos truques, valia uma pequena fortuna. Dependendo do estado do animal, muitas vezes eles valiam três a quatro vezes o salário do marinheiro que o possuía. 

Desta forma, embora não existam registros oficiais de piratas possuindo animais, é muito provável que o fizessem. Afinal de contas, muitos barcos piratas eram compostos por marinheiros descontentes com seus salários e punições físicas; e sendo assim, não existe motivo para que não continuassem com a prática de “resgate” de animais tropicais que pudessem lhes gerar algum lucro, uma vez que existia um comércio de produtos exóticos efervescente. 

Além dos já mencionados papagaios, macacos e cacatuas, era bastante comum também encontrarmos tartarugas em seus barcos. Não porque os piratas as achassem bonitinhas, mas porque elas representavam um reforço alimentar em suas parcas rações. Uma sopa de tartaruga era sempre bem vinda e constituía uma dose de proteína extra em suas dietas. 

A pirataria marítima, a exemplo da presença de animais, possuem diversos outros casos a serem desvendados e estudados, e que nos ajudam a desvendar o que era mito e ficção dentro deste universo tão fascinante.  

Dalton Delfini Maziero é historiador, escritor, especialista em arqueologia e explorador. Pesquisador dos povos pré-colombianos e história da pirataria marítima. Visite a Página do Escritor (https://clubedeautores.com.br/livros/autores/dalton-delfini-maziero) 

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