O escritor Isaque de Borba Corrêa lança o livro ‘A Fazenda do Amante’, na próxima sexta-feira (17), às 19h30, na Fundação Cultural de Camboriú.
A história da mais nova obra de Isaque se desenrola no início do século XX em uma época marcada por tradições inflexíveis, quando Maria Göphrich Seyferth, uma mulher deslumbrante, desafiou audaciosamente um casamento marcado pela violência.
“Com ajuda do capataz Zé Vinteum, ela empreendeu uma fuga espetacular da imponente Fazenda Diamante, na cidade de Rodeio, no Vale do Itajaí. Juntos, embarcaram em uma jornada épica, desafiando preconceitos, perigos e enfrentando uma caçada implacável que perdurou por 25 anos. É uma história verídica e envolvente de uma mulher corajosa, que ousou deixar para trás a riqueza da fazenda, buscando a felicidade incerta pelo mundo”, escreveu o autor.
Isaque conta que Maria, por ser loura, alta, bonita e inteligente, enfrentou desconfianças dos catarinenses do litoral, durante os anos da guerra.
“Seu companheiro, um homem baixo, analfabeto, preto e feio, enfrentou discriminações nas comunidades alemãs do Vale do Itajaí, por onde empreenderam a fuga. Depois da fuga com o capataz, o povo passou a chamar a fazenda de ‘A Fazenda do Amante’, título pejorativo que incitava ainda mais a ira do proprietário abandonado pela esposa e traído pelo capataz. Esta narrativa genuinamente catarinense revela intrigas, mistérios, coragem, preconceito e superações que ressoam através das décadas”, segue Isaque.
A personagem central da obra, Maria, nasceu em Apiúna em 1881, fugiu em 24 de dezembro de 1920. Sua jornada a levou por Pomerode, Blumenau, Gaspar, Ilhota e Itajaí, onde sobreviveu prestando pequenos serviços. No entanto, a tuberculose a alcançou, e ela partiu para a eternidade na Praia de Camboriú em 21 de julho de 1945.
“Quando saiu da fazenda deixou seis filhos: o mais velho com 21 anos e o mais novo com cinco. Oito dias antes de sua morte, ela enviou um telegrama para a família, relatando a situação. Após 25 anos sem vê-la, será que algum dos filhos quis estar ao lado de sua mãe moribunda”, pergunta o escritor.
Isaque disse que conhece essa história desde criança e que teve muita influência na sua vida.
“Minha mãe falava muito dessa mulher porque na morte dela, ia fazer um culto e ela se converteu naquele dia, foi a primeira crente da Assembleia de Deus aqui em Balneário Camboriú. Isso foi em 1945”, contou.
A história revela que a personagem central fez uma opção na vida, deixou a violência doméstica, para ser uma indigente pelo mundo, sofrendo todo tipo de preconceito.
“Tudo que eu sabia desta história é do tempo da guerra. Minha tia Anna Fucks, fez uma síntese em seu livro sobre o casal de fugitivos…depois eu aprimorei, fui atrás da família e consegui todos os detalhes, Evidente que alguma coisa eu junto com ficção”, acrescentou Isaque.
Depois de fugir por várias cidades, o casal acabou em Balneário Camboriú.
“Aqui sofreu muito, os dois tiveram tuberculose, quem sepultou ela em Camboriú foi seu Bruno Silva (um dos primeiros comerciantes da praia), não sabemos onde, mas tem registro no cartório”, segue o autor.
Ele disse que o livro tem uma dupla importância para ele, porque deixou de ser historiador.
“Tive que aprender a escrever romance, tive que entrar no estilo clássico, estou gostando muito”, revelou.
Depois de Camboriú, Isaque pretende fazer o lançamento do livro em todas as cidades do roteiro do casal de fugitivos.
“Estou começando pelo fim, porque santo da terra não tem prestígio”, mencionou sobre lançar a obra em Balneário Camboriú, onde essa história acabou.
“Aqui só o prefeito Harold Schultz que me deu um lançamento. Nunca tive apoio público, ao contrário de Camboriú que sempre me apoia…eles patrocinaram o livro, vão oferecer um coquetel no lançamento”, afirmou.