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Balneário Camboriú
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Pavan e Piriquito querem levar a experiência de governar Balneário para impulsionar Camboriú

Leonel Pavan, 70 anos e Edson Renato Dias (Piriquito), 56,  fazem parte da história de Balneário Camboriú. Duas figuras emblemáticas – Pavan foi prefeito por três vezes e Piriquito duas. 

Ambos perderam eleições recentes para Fabrício Oliveira, atual prefeito de Balneário – Pavan em 2016 e Piriquito em 2020. Os dois, que sempre foram adversários políticos em Balneário Camboriú, agora disputam a majoritária na cidade-mãe, Camboriú. 

O Página 3 entrevistou os dois ex-prefeitos, que compartilham motivações por trás das candidaturas e projetos inovadores que querem implantar na cidade-mãe da praia. 

Acompanhe abaixo.

JP3 – Qual foi a sua principal motivação para se candidatar à prefeitura de Camboriú?

Pavan – “Eu tenho investimentos em Camboriú há muitos anos, e tenho uma relação com Camboriú desde os tempos do meu pai [Rodesindo Pavan]. Sempre quis fazer o que fiz na prefeitura de Balneário Camboriú em Camboriú, em investimentos na área social, na questão do trânsito, acessos – entradas e saídas. Não conseguimos porque a lei não permitia fazer consórcios no passado e hoje permite, com a Juliana [Pavan, filha) entrando como prefeita, vislumbro ela eleita, se eu for prefeito de Camboriú, vamos conectar projetos sociais, água, esgoto e trânsito, beneficiando as duas cidades. Se a Ju se elege em BC e eu em Camboriú, os consórcios serão fáceis – lixo, água, esgoto, sociais, trânsito… cada vez que eu falava de projetos futuros em entrevistas, me falavam ‘vai ser prefeito de Camboriú’, eu brincava ‘vão espalhando, quem sabe pega’… e pegou”. 

Piriquito – “Eu tenho vínculo político, familiar e afetivo muito forte com Camboriú. Minha família por parte da minha mãe é toda de Camboriú. Parte da minha infância e adolescência foi no Bairro Tabuleiro. As famílias tradicionais, mais antigas, sempre tive proximidade. Fui prefeito por Balneário Camboriú duas vezes, mas sempre tive o desejo de morar em Camboriú. A cidade foi crescendo, vim para Camboriú e veio convite de vir a prefeito pelo MDB, em Camboriú… chegou o momento”.

JP3 – Em nenhum momento pensou em se lançar à prefeitura de Balneário Camboriú? Por quê? 

Divulgação

Pavan – “Não. Porque a Juliana está muito mais preparada com a atualidade de Balneário Camboriú. Ela vem desde criança, me ouvindo falar sobre gestão no café, no almoço, café da tarde, janta… me via fazendo discursos quando era senador, me assessorava quando eu era deputado, ela tem visão muito ampla. Eu não poderia, apenas por vaidade, vir, quando tem alguém preparada e com grande experiência. Meu apoio 100% era e é dela, Juliana Pavan”.

Divulgação

Piriquito – “Foi aventada a possibilidade de eu ser candidato em BC ou Camboriú, mas eu já estava com inclinação com Camboriú, já estava trabalhando num projeto há praticamente dois anos, desenvolvendo a linha de plano de governo e fazendo a construção de lideranças com Camboriú”. 

JP3 – Como pretende usar a experiência de governar um município pequeno e intenso como BC, em Camboriú?

Pavan – “Já estou há dois anos escrevendo o que é preciso executar em uma cidade que tem problemas sociais, econômicos, estruturais e de planejamento. O Plano 55 foi construído há tempos, com apoio de assessores, que vão trabalhar comigo na prefeitura, e ouvindo a comunidade, candidatos a vereador… eu tenho o caminho das pedras, estou preparado para fazer Camboriú da forma que peguei Balneário Camboriú, que tinha sete meses de salários atrasados, eu tinha que aumentar a economia, e pagar 2 salários – o meu e o que estava atrasado. Estou preparado para investir em infraestrutura, na arrecadação, na instalação de novas indústrias e empresas, potencializar o turismo no patamar que Camboriú merece, elevar a indústria da construção civil, fazer com que a economia se desenvolva, com isso eu pretendo aumentar arrecadação – sem aumentar imposto e sim fazer com que a geração de indústrias e empregos aumente a renda na cidade”.

Piriquito – “Balneário Camboriú é uma cidade grande, em extensão territorial é pequena, mas grande, forte, com força econômica muito interessante, e Camboriú é uma cidade com extensão grande que precisa reestruturar questão econômica e financeira e nisso sou especialista. Depois de sair da prefeitura de Balneário Camboriú me dediquei aos estudos. Não fiquei parado – estou terminando minha quarta pós-graduação e com mais duas em andamento, todas na área de gestão/administração pública e urbanismo, que é algo que me dediquei muito em Balneário. Eu vejo que Camboriú necessita passar por construção de diagnóstico socioambiental e socioeconômico e transformar oficinas para discussão do novo plano diretor e zoneamento. A diferença entre BC e Camboriú é que obviamente Balneário tem a força econômica da construção civil, do comércio local que vem oriundo do turismo, prestação de serviços e do Centro de Eventos, com o turismo de eventos; já Camboriú precisa fortalecer, reestruturar o zoneamento urbano com novo Plano Diretor, trazendo novo modelo de construção civil, trazendo verticalização em pontos a serem discutidos, organizando outorgas onerosas, trazendo nova aplicabilidade de índices dessas outorgas. A condição que BC não tem e Camboriú tem é a questão da construção civil e extensão territorial para atrair indústrias. Acredito que Camboriú tem chance de chegar ou até passar a questão econômica de BC, se bem organizada e com bom Plano Diretor para transformar Camboriú, sem aumentar impostos, fortalecendo para fazer frente às demandas, mudando o perfil da cidade como está hoje. Vejo um caminho a ser trilhado, de muita transformação e desenvolvimento, que seria o crescimento com organização. Penso em 3 pólos industriais – na Várzea do Ranchinho, traçando nova avenida com o distrito do Monte Alegre, com indústrias na esquerda e direita, um no Rio do Meio e um no Braço, que falta pavimentação com a Limeira, ligando com Brusque. Podemos atrair empresas de vários modelos, desde indústrias grandes como empresas menores. Não estou falando em doação de terra, inclusive tenho conversado e explanado sobre isso, e sim trazer esse perfil, esse modal para esses pontos citados e daí sim precificar e valorizar a terra nessas regiões, com as empresas adquirindo seus terrenos”. 

JP3 – Como pretende ser ‘a’ diferença nessa campanha? 

Pavan – “Eu não entrei na última hora, no apagar das luzes. Sem querer menosprezar os demais candidatos – estou há dois anos preparando projeto para Camboriú, depende muito do eleitor, mas eu eleito tenho condições bem maiores e melhores, com mais planejamento, para fazer a cidade que queremos em Camboriú. A eleição depende do eleitor, mas se for discutir programas, planejamentos, eu me considero muito mais preparado e com certeza Camboriú será a bola da vez. Camboriú tem pressa, porque está muito devagar, toda a região está crescendo e Camboriú só cresceu em população, não tem uma obra para 20 anos. Tem a do esgoto, mas que não começou na prática ainda e tem que fazer. Tem que limpar o rio, fazer o parque inundável. Camboriú não fez o seu dever de casa, a última gestão foi para agradar a, b, ou c. Deveria ter uma eleição por ano porque aí limpam ruas, pintam meio fio. Não tem uma maternidade em Camboriú. Estão prestes a perder em leilão o Hospital de Camboriú porque tem dívida trabalhista. Vão ter mais 3 acessos no meu plano de governo e 5 pontes internas, 5 binários… tudo é questão de planejamento e convencimento dos que são contra que binários vão facilitar acesso, mobilidade interna de pessoas, de automóveis, ciclista. Eu não sou continuidade, vou fazer gestão diferente – algo que já falava em BC. Respeito quem está na gestão, mas é desrespeito com a população a gestão deles”.

Piriquito – “Não é que pretendo me destacar e sim que tenho preparo e vontade de transformar, organizar Camboriú. Nada se faz sem dinheiro, não adianta só prometer sem dizer como vou fazer e é isso que estou fazendo – através do Plano Diretor, chamando empresas, para que inclusive Camboriú deixe a andar a reboque de Balneário e outras cidades. Muito pelo contrário, quero transformar Camboriú numa das melhores cidades do estado, porque vejo esse potencial. Mostrar como fazer, trazer dinheiro para o caixa, para poder fazer um hospital, maternidade que quero construir, centro de diagnóstico e imagem, UPA do Monte Alegre, novas avenidas e ligações com Balneário que vejo hoje como fundamental; a paralela com a Avenida Santa Catarina, que o projeto já está pronto – nenhum dos candidatos é dono, o projeto já está pronto e aprovado na Câmara, pendente da Secretaria do Tesouro Nacional para poder fazer licitação e buscar a devida licença e começar a obra, que vai dar um grande avanço para Camboriú porque vai destrancar a Avenida Santa Catarina”. 

JP3 – Se BC e Camboriú não tivessem se separado na década de 60, hoje Camboriú seria o terceiro maior município de SC e o primeiro em turismo de praia, turismo rural etc… quais são os principais pontos que unem os dois municípios atualmente?

Pavan – “Em primeiro lugar, a mobilidade, assim como também o trânsito, água, esgoto e turismo. Uma pessoa que compra um apartamento de R$ 15 milhões na Avenida Atlântica não quer curtir somente praia e ciclovia e sim a zona rural também. A ciclovia tem que se expandir para Camboriú, que tem 213km, e assim criar condomínios rurais. Para que tenham apartamento na Atlântica e uma casa de campo em Camboriú. As pessoas daqui têm casas de campo em cidades mais distantes e podem ter em Camboriú, vai facilitar para os empreendedores isso. E Camboriú vai aproveitar esse potencial de BC. O que nos une muito, além do trânsito, é a mão de obra qualificada. Se tem quase 40 mil trabalhadores que vem para Balneário, que estão na construção civil, comércio, restaurantes… estão integrados. E a questão do Rio Camboriú – deveria ser todo dia referenciado pela população, pois sem o rio vamos ter problemas seríssimos de falta de água. O esgoto também – Camboriú tem filtros, fossas, mas não tem rede esgoto. Balneário polui muito mais da ponte para a praia do que em Camboriú, mas Camboriú tem que fazer o seu papel, a rede de esgoto, e preservar a questão das nascentes para manter o rio”.

Piriquito – “As administrações são autônomas, são distintas. Cada cidade tem sua autonomia. Essa conversa de dizer que vai tocar pari passu é conversa política, aproveitamento eleitoral. Cada cidade é individual. Você discute certos assuntos, como transporte coletivo integrado, mas cada um tem que fazer sua parte. Acredito, sim, que um ponto que precisamos alinhar nas duas cidades é o transporte eficiente com pontualidade e conforto – tem que ser feito e é um desafio das duas cidades, assim como questão hídrica que será um problema e passaremos por isso em breve, algo que já foi previsto há 10 anos. Tem projeto do parque inundável que carece de discussão, reservar água é importante, vai trazer segurança hídrica. Tem a questão energética que é só de Camboriú porque teria subestação de Camboriú, que tem tido pico de quedas de energia no Centro e interior. A questão energética, hídrica e de acessos exige discussões. Fora isso é questão para encher o ouvido do eleitor, porque cada cidade tem independência. Discutir assuntos em comum nunca esteve fora de possibilidade, sempre esteve dentro do relacionamento entre os prefeitos, tanto que tem a Amfri, que deveria promover essa condição. Até friso, enquanto prefeito de Balneário Camboriú retirei BC da Amfri, por uma questão simples – o município tinha poucas vantagens diante do aporte de recursos em estar na Amfri e teria condição de resolverem para nós um assunto regional muito forte, que até hoje não foi resolvido e na Amfri naquele momento não me apresentaram solução do Hospital Ruth Cardoso; que continua na mesma até hoje, com Balneário bancando praticamente sozinha. Pontuo que Camboriú ficará na Amfri se eu for eleito, pois são condições diferentes e Camboriú precisa”.

JP3 – Todos os prefeitos dos dois municípios sempre prometeram trabalhar em conjunto, em questões como água, transporte público, habitação, etc… mas pouco se viu nesse sentido. O que você pretende fazer nesse sentido?

Pavan – “Temos que acabar com esse muro imaginário, em Balneário Camboriú pode prédio até no céu, em Camboriú não pode porque está a 100m a nível do mar. É uma falha gritante porque, além de ser impedido de construir condomínios rurais, por conta dos 100m a nível do mar, lá não paga imposto, paga só o federal. Aí que entra a facilidade de Balneário e Camboriú – Ju em BC e eu Camboriú não precisaremos prometer debater, simplesmente vamos decidir no almoço, conversando. Não tem aquela coisa de assinar documento prometendo, é olho no olho, familiar como as cidades são. Realmente os prefeitos nunca se cruzaram. Tem que respeitar a questão jurídica de cada um, CNPJ de cada um, mas os projetos precisam ser conjuntos. Muitas pontes que quero fazer serão no terreno de Balneário Camboriú, precisa ter parceria entre as prefeituras para tirar obras do papel. Aqui na minha cabeça, além do que eu imagino e penso, tenho equipe boa que pensa em projetos há dois anos, ligações de bairros com a rodovia 102, que eu asfaltei e até hoje não fizeram mais uma camada de asfalto, a região sul que vamos ligar ao Bairro São Francisco pela Rio Amazonas lá com Rio Pequeno, Av. Rio Amazonas que vai para o Morro do Encano, para Itapema, e vai ligar também com a 102 pelo Nova Esperança. Estou bolando binários no Centro de Camboriú, algo fundamental porque tem fluxo de trânsito. Estive em Brasília semana passada conversando com meus amigos senadores e deputados algumas solicitações. Não protocolei nada e sim conversei como candidato, mas já pensando em emendas para o ano que vem. Já encaminhando projetos. Quero pedir a torcida, para fazer conexão entre as duas cidades, e deixar mensagem aos vereadores – muito obrigado pelo trabalho que estão exercendo, ajudaram com ideias da população para o plano 55, que ainda continua recebendo ideias. Eu coloquei 55 itens, mas temos um caderno com outros projetos – alargamento de ruas, pontos de ônibus, pavimentação, aumento de horário de creche, escola integral como fiz o CIEP – que lamentavelmente foi demolido. Agradeço por todos que estão me apoiando. Vote 55 para fazer de Camboriú uma cidade para 2050. Acredite nisso”. 

Piriquito – “O diálogo estará aberto de toda maneira, de forma permanente, mas sempre vou ser defensor do município que eu representar, nesse caso, a cidade de Camboriú. Minha bandeira empunhada, minha camisa vestida, é Camboriú. Vou conversar com todos os municípios e buscar diante de minha experiência, por ter passado por administração de uma cidade importante como Balneário Camboriú, tudo que for necessário, como água, transporte público, habitação e saúde também, com total condição de discussão, mas independência. Pode ter certeza que será uma condição muito forte no meu governo, porque quero fazer com que Camboriú deixe de ser uma cidade que seja dependente de outras cidades. Quero fortalecer a questão econômica, defender o comércio local, captar empresas, atrair empresas e fazer com que pessoas tenham capacidade de trabalhar e morar em Camboriú, desenvolver o turismo regional, cicloturismo, turismo de aventura – um dos que mais cresce no mundo, e Camboriú tem característica de natureza, interior todo pavimentado, tem possibilidade de desenvolver projetos nesse sentido em Camboriú. Quero pedir o voto, que as pessoas acreditem vendo nossa apresentação, acreditem numa oportunidade de uma pessoa que está preparada, tem um norte, e quer trabalhar muito. O meu plano de governo não é marketeiro, e tenho esperança num futuro melhor, para o desenvolvimento, independência, fortalecimento, e grandes transformações, para fazer de Camboriú uma das melhores cidades de Santa Catarina”.

JP3 – Camboriú carrega uma característica de prestigiar, votar em candidatos da ‘sua terra’, tem eleitor e adversários dizendo que vocês são ‘penetras’ nessa intenção…

Pavan – “Bom, eu tenho minhas empresas há mais de 20 anos em Camboriú, e tenho imóveis desde a época de 1974 em Camboriú, então convivo com Camboriú. Eu transferi meu título há dois anos. Antes votava em Balneário, mas tenho imóveis em Camboriú por todos esses anos. E destaco: eu sigo rigorosamente o que a lei diz”.

Piriquito – “Eu não dou consideração a isso, a cidade é aberta para todo mundo desde que legalmente esteja residindo na cidade e eu estou. Entraram com processo contra mim, perderam e agora foram condenados a litigância de má fé. Tenho história e vínculo de vida toda, filho nascido na cidade, família da minha mãe é daqui, o primeiro chefe político da cidade foi meu tio avô, vivi parte de minha infância e adolescência no Tabuleiro. Tenho total vínculo familiar, afetivo e político com Camboriú. Construí a ponte do Barranco, o hospital de portas abertas, e a prova é que, com todo respeito aos demais candidatos, fui o mais votado em Camboriú todas as vezes que vim como candidato, mais votado que os próprios candidatos da cidade”.


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