Neste sábado (5) o Estatuto da Juventude completa 10 anos e para lembrar a data e saber como veem a realidade para eles em Balneário Camboriú, o Página 3 ouviu jovens moradores da cidade, que opinam sobre necessidades de melhorias e principalmente pedem por mais espaço no mercado de trabalho.
Acompanhe abaixo.

Natália Cruz dos Santos, 19 anos – “Creio que a maior dificuldade de um jovem até hoje seja conseguir o seu primeiro emprego, seja para ajudar a família, ou para ter seu próprio dinheiro e ir se tornando independente.
É raro uma empresa contratar um jovem sem experiência alguma, mas aí fica a grande pergunta, como vamos adquirir experiência se nem sequer nos dão essa chance? Isso é algo que desanima qualquer um, faz com que alguns acabem optando por caminhos mais fáceis, que é o caminho ruim. Para mim algo que seria bom e ajudaria bastante gente é ter mais vagas de Jovem Aprendiz pela cidade, ter mais escolinhas da própria prefeitura de futebol, basquete, vôlei, ballet, danças e etc, algo gratuito, mas que incentive o jovem na cultura e esporte, pois nem todos têm como pagar uma aula.
Muitas das vezes jovens que têm alguma dificuldade acabam se “prendendo” nesse tipo de escape para continuar. Acho isso extremamente importante”.

Celine Felipe Corrêa, 16 anos, é Vereadora Mirim em Balneário Camboriú – “Uma das principais dificuldades dos jovens em Balneário Camboriú é as portas de serviços, porque muitos pedem ao jovem que ele tenha experiência, mesmo sendo o nosso primeiro emprego como Jovem Aprendiz e é um dos maiores problemas que os jovens hoje em dia têm. Também as redes de ensino – acho que é muito importante que tenha mais palestras sobre a prevenção do abuso sexual, porque às vezes não é falado tanto e é algo muito importante para alertar mais, para estar prevenindo esse ato, seja em casa ou na escola ou em qualquer outro lugar; e as palestras sobre uso de drogas, porque há tantos jovens em Balneário Camboriú que já tem vícios e às vezes não conseguem parar ou até tentam, mas não tem aquele apoio, aquela ajuda necessária.
As palestras sobre depressão e ansiedade, porque infelizmente não só os jovens, mas quase a grande maioria das pessoas sendo elas crianças, adolescentes e adultos sofrem com isso e é algo muito importante.
Conheço muitos jovens que sofrem com isso e eu sou uma que sofre com ansiedade, então eu digo que é muito importante estar abordando mais esses assuntos, porque às vezes parece que não dão tanto ouvido a essas situações. Como vereadora mirim, eu vejo que é muito importante a participação do jovem na política para ele desde jovem estar entendendo como é e não achar que é algo chato, mas sim algo extremamente importante para todos.
Penso em seguir sim esse caminho, mas não por esse momento, pois quero cursar Direito e ser uma perita criminal. Antes de entrar no projeto do Vereador Mirim, não entendia muito sobre política e via como algo chato, mas agora fazendo parte eu entendo mais e vejo que é algo muito importante para todos nós”.

Vitória Barenho Brião, 20 anos, estudante de Medicina Veterinária – “Quando eu busco algo na minha área, é meio complicado de eu conseguir porque a maioria das clínicas acha que eu não tenho experiência ou que eu estou muito nova na faculdade e acabam não me contratando, ou até mesmo eles falam que não têm mais vaga de estágio, que não estão contratando.
Para mim, a maior dificuldade sendo jovem, é essa, as pessoas acharem que eu não tenho experiência e não me darem oportunidade para eu de fato ter então experiência”.

Maria Paula Azevedo Camilo, 19 anos – “Ser jovem em Balneário Camboriú tem suas vantagens, como também suas desvantagens. A cidade tem diversos pontos de lazer e diversão, mas que não são acessíveis para todos os jovens.
Há uma desigualdade social no município, isso é inevitável, mas existem formas de superá-la.
Durante um ano fiz trabalho voluntário em uma escola no Estado de São Paulo, e pude notar como é importante jovens trocarem ideias com outros jovens, seja por meio de palestras conscientizadoras como também por meio de bate-papos. Hoje, os jovens sequer conseguem permanecer na escola, pois precisam trabalhar e não tem incentivo suficiente para prosseguir com os estudos, buscam apenas meios de sobrevivência.
É pela falta de incentivo, oportunidade e apoio que muitos jovens abandonam as escolas para entrar no mundo do crime. Por essa razão, parte dos jovens de Balneário Camboriú necessitam de programas de apoio financeiro, incentivo à permanência nas escolas, além da criação de espaços e ambientes para que sejam ouvidos e amparados de acordo com suas carências.
A inclusão de jovens no mercado de trabalho, na política e na educação, é essencial para o desenvolvimento e aprimoramento de suas potencialidades”.

Gabriel Letuvinski Teixeira, 16 anos – “A maioria dos jovens que eu conheço está com muita dificuldade para arrumar emprego. Estou procurando desde os 14 anos e não me chamaram para nenhuma entrevista até hoje por não ter experiência.
Muitos jovens como eu, não têm condições financeiras para pagar cursos profissionais e cursos básicos não são o suficiente para o mercado de trabalho.
Por ser um homem-transgênero, o meu caso puxa para a questão do preconceito também, na grande maioria das vezes nem dão atenção ou me olham com desgosto quando entrego meu currículo.
Há leis que cobram contratar pessoas que fazem parte da comunidade LGBTQIAPN+ ou jovens buscando experiência no seu primeiro emprego, porém, não são cobradas na prática e precisamos mudar isso. Dizem que os jovens são o futuro da sociedade, mas não nos dão oportunidades para fazer a diferença”.