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Balneário Camboriú

Matheus Navarro desponta no cenário internacional e sonha com o Circuito Mundial

Surfista é cria local da Praia Brava

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MATHEUS NAVARRO, 26 anos, conhecido como Teteu, surfa desde os seis anos,quando ganhou uma prancha de bodyboard e já ficava em pé. Nascido em Itajaí, é ‘cria’ da Praia Brava, que ele define como o melhor local para surfar, já que é a sua casa. Na última semana, ele tornou-se o mais novo integrante do Santacosta Team, time de estrelas da conhecida marca itajaiense que conta com dois consagrados atletas: Willian Cardoso, conhecido como Panda, e Silvana Lima. Teteu é amigo de outros conhecidos nomes, como Gabriel Medina, Armandinho e Vitor Kley, tendo sido inclusive o responsável por apresentar os dois.

(Foto Joabe Linhares)

Nesta semana, o surfista, que acumula diversos títulos estaduais (ele é hexa), inclusive o mais importante da sua vida como amador foi o Mundial Júnior (até 18 anos) pelo ISA GAMES, foi também campeão brasileiro júnior, em 2011, campeão do QS (nas edições da Flórida e Argentina) em 2019, e vice-campeão QS no México, também em 2019, conversou com o Página 3 em um balanço sobre sua carreira até aqui e a fase mais promissora que espera viver a partir de agora, além de opinar sobre a importância do surf voltar a ser mais incentivado em Balneário e região. Confira abaixo!

JP3: Você nasceu em Itajaí e desde sempre surfa na Praia Brava. Como é pra você poder surfar em casa? É uma sensação diferente estar por aqui?

Matheus: Sem dúvidas é o lugar que eu mais gosto de surfar no mundo, por ser onde eu aprendi, as ondas que eu já conheço desde sempre, de estar com meus amigos na água, é sempre muito especial. Meu pai até fica ‘de cara’ porque chego de uma viagem, tipo Indonésia, que tem as melhores ondas do mundo, e eu chego aqui na Brava e já vou direto surfar no mesmo dia. “Pô, tu acabou de pegar as melhores ondas do mundo e já quer surfar aqui na Brava” (risos). Mesmo às vezes com o mar ruim é muito diferente estar dentro da água na praia onde a gente mais se sente à vontade.

“Sinto falta de ver uma molecada nova despontando. Claro que a gente tem alguns, mas não tantos como antigamente”

Matheus Navarro (Foto Guilherme Guenther)

JP3: Você acaba sendo uma inspiração para os surfistas locais, como vê o crescimento do surf em Itajaí e Balneário?

Matheus: Realmente cresceu bastante, é só ver o número de surfistas dentro da água quando dá ondas boas aqui. É impressionante a quantidade de gente que está vindo surfar aqui na região, mas ao mesmo tempo eu sinto falta de ver uma molecada nova despontando. Claro que a gente tem alguns, mas não tantos como antigamente, quando tínhamos um circuito de base mais forte aqui na região. Itajaí até que consegue fazer as etapas locais, mas não com tanta frequência como antigamente. Vivemos o melhor momento do surf brasileiro, mas em questão de apoio a gente vive o pior. Graças a Deus até hoje eu estou bem, com grandes patrocínios, ainda mais agora entrando com a Santacosta, uma grande marca aqui da nossa região. Eu continuo trabalhando duro para isso, para poder viver do meu esporte, mas infelizmente essa nova geração está sofrendo com o mercado, não está tendo tanto evento como antigamente.

Tubo na Brava (Foto Marcio David)

JP3: Você foi um dos idealizadores do Oceano Brava Classic – “Tubo ou Nada”, em janeiro do ano passado, uma competição de alto nível e que movimentou o cenário local. Quando vai acontecer a segunda edição? Já há planos sobre isso?

Matheus: O Brava Classic foi a realização de um sonho meu e de muitos surfistas aqui da região. A Brava é conhecida no meio do surf pela qualidade das ondas tubulares, que acho que é a manobra mais almejada pelos surfistas, que é o tubo. A Brava, quando rola perfeito, é um dos melhores lugares que têm pra pegar tubo e poder fazer esse evento foi uma realização. Eu contei com o apoio de todos os meus patrocinadores, que toparam na hora essa ideia. Fico feliz de retribuir um pouco para a galera local, dando oportunidade para competirem com grandes nomes do surf nacional e mundial. A próxima edição já está aberta a janela, a gente vai esperar o melhor mar possível durante esse ano para acontecer nas melhores condições, então a qualquer momento pode rolar.

“Vivemos o melhor momento do surf brasileiro, mas em questão de apoio a gente vive o pior”

JP3: Nas redes sociais você citou a importância de ser patrocinado agora por uma marca local, a Santacosta, que nasceu na Brava e é um dos destaques da região. Junto com o Panda e a Silvana você integra um time de elite, como vê a importância dessa conquista para a sua carreira?

Matheus: Foi uma conquista muito grande, e uma conquista minha pessoal muito grande. É uma marca que eu sempre tive muita vontade de representar, por ter visto o nascimento dela, e por ela ter nascido na mesma praia que eu, a praia que a gente mais ama no mundo. Poder representar hoje uma marca desse calibre é muito importante pra mim e eles têm uma mídia muito forte também, fazem um trabalho de marketing muito legal e isso agrega muito para a minha carreira. Eu acho que é o ‘casamento’ perfeito, e acredito que da nossa região faltava eu na equipe, quase toda a galera aqui local já tem o apoio deles; e poder estar junto com o Willian e a Silvana no Circuito Mundial representando a sereia no bico da nossa prancha (a logo da Santacosta) acho que vai ser demais e isso me dá um ‘gás’ extra para buscar os meus objetivos.

Mathes Navarro (Foto Kaique Silva)

JP3: 2017 e 2018 foram dois anos sem competições. Foi por falta de patrocínio? E qual foi o ‘sentimento’ do seu retorno em 2019? Sentiu falta dos eventos?

Matheus: Em 2016 foi quando acabou o meu contrato com o meu antigo patrocinador, uma das maiores marcas do mundo do surf, fiquei oito anos patrocinado por eles; e eu fiquei 2017 sem competir porque é muito alto custo e eu também estava um pouco saturado. Eu não vinha de grandes resultados, estava viajando muito sozinho quase um ano inteiro, e estava um pouco cansado dessa rotina. A galera acha que é mil maravilhas a vida de um surfista profissional, mas a gente passa por vários momentos que são difíceis. Claro que é a vida dos sonhos, eu não trocaria por nada, mas naquele momento eu estava realmente um pouco exausto e foi bom ficar um pouco em casa, até para pensar e sentir a vontade de voltar. Quando voltei, em 2019, foi muito especial, o melhor ano da minha carreira. Tive grandes resultados, venci uma etapa na Argentina e outra na Flórida, do QS; fiz uma final no México, onde me deu a vaga para disputar os eventos Primes. Terminei o ano entre os 100 melhores surfistas do mundo, que era o nosso objetivo. Estávamos com um time muito bacana também, com um suporte que eu nunca tive, a turma da Shaperfy, que é uma empresa de Curitiba que administra toda a minha carreira, junto com o Thiagão, do Grupo Cataratas que deu todo o suporte. Foi muito bacana.

“O Brava Classic foi a realização de um sonho meu e de muitos surfistas aqui da região”

JP3: As competições voltaram a ser sua prioridade desde 2019. Como é a sua rotina de treinamento para a tão sonhada vaga no World Tour?

Matheus: É, realmente agora é o meu foco principal. Voltei a competir em 2019 só pensando nisso, me preparei como nunca, tenho treinado como eu nunca tinha treinado antigamente, focando só pensando nisso. Eu conto com um suporte muito grande do Grupo Cataratas e agora junto com a Santacosta, estou com um suporte maravilhoso. Estão me deixando sem preocupação nenhuma, a não ser treinar e competir. Tenho vivido um momento muito bacana em minha carreira e estou ansioso pela volta das competições e para poder colocar em prática todo o meu treinamento.

Matheus Navarro, o Teteu, Silvana Lima e Willian Cardoso, o Panda. (Foto Ricardo Alves)

JP3: De que forma te inspira ter amigos destaques no esporte, como o Panda e o Gabriel Medina?

Matheus: É super legal e importante a gente ter referências, como o Gabriel e o Willian (Panda). O Willian foi um cara que eu cresci assistindo, aqui em Balneário, cresci vendo ele surfar, sempre foi uma referência pra nós. O Gabriel, na minha opinião, é o melhor surfista dos últimos tempos, dos últimos 10 anos. Sem dúvidas eu acho que ele é o melhor surfista da atualidade, é o cara em quem eu mais me inspiro nas competições. Ele realmente tem um surf diferenciado, principalmente quando ele coloca a lycra. É um cara que eu tenho a felicidade em ter como amigo, em poder contar, ter dicas dele… é super importante. Todo ano eu tento ir para Maresias [praia de São Sebastião, litoral paulista, e ‘casa’ de Gabriel], a gente é bem próximo, tento treinar e assistir ao máximo o que eu posso dele e pegar as coisas boas do surf.

(Foto Kaique Silva)

“Em 2020 eu consegui pegar as melhores ondas do mundo e sem ninguém na água”.

JP3: Como foi a experiência na Indonésia e nas Ilhas Maldivas? Considerando que 2020 foi um ano atípico para o surf, com as competições paralisadas… 

Matheus: Foi um ano que eu achei que não ia ter nada e eu consegui fazer duas das melhores ‘trips’ da minha vida: Maldivas, que eu nunca tinha ido e sempre foi um sonho, e Mentawai [grupo de 70 ilhas, localizado na Indonésia] para onde eu já tinha ido algumas vezes, e é, para mim, sem dúvidas, o melhor lugar do mundo para os surfistas. Em 2020 eu consegui pegar as melhores ondas do mundo e sem ninguém na água. É triste pelo comércio local, mas eu fiquei feliz em pegar as melhores ondas da minha vida. Foram duas viagens que acrescentaram muito para o meu surf, para a minha evolução.

  • Se a galera quiser conferir, tem no YouTube os vídeos dessas duas viagens, que foram muito mágicas e especiais.

JP3: Você também tem outros dois amigos que são referências nacionais, o Armandinho e o Vitor Kley… como é vê-los fora da mídia e como é sua a relação como eles?

Matheus: Eu até gravei esses dias para o canal OFF, falando sobre o Vitor, e eles me fizeram essa pergunta. É muito louco, né? O Armando eu conheci assim que ele veio morar na Brava, em 2001 eu acho. Eu era bem novinho, foi quando eu comecei a surfar. Lembro que ele chegou de dread na praia, ele ainda não era tão famoso. Eu vi tudo acontecendo na vida dele, e a gente foi se tornando grandes amigos, o surf nos aproximou muito. Eu lembro que o Armando foi referência nacional. Eu até falo, as conquistas dele e do Vitor, é como se fossem minhas. A gente tem uma ligação super forte, e além de sermos muito amigos, eu sou muito fã dos dois. Eu acompanho o trabalho deles 100%, sei todas as músicas dos dois. O Armando até brinca, quando ele vai tocar uma música antiga e ele não lembra a letra, eu lembro (risos). É tudo muito recíproco, eles também são assim no surf comigo. Com o Vitor, a nossa amizade cresceu na escola, e ficamos mais amigos ainda quando eu fiz os dois se conhecerem! O Vitor começou a tocar violão por causa do Armando, e eu já conhecia o Armando do surf. Um dia eu levei o Vitor na casa dele, e foi uma realização de um sonho do Vitor. Ele escreveu uma música pra mim, uma homenagem que ele fez. E ver os dois hoje, o Vitor mesmo, que eu vi tudo acontecer… é muito doido isso. Você liga a TV, e quase sempre o Vitor está em programas. É muito massa conviver com pessoas que são referências para muitas outras, eles têm muitos fãs. Mas quando a gente está junto eu até esqueço que eles são famosos, até sair na rua (risos). Pra mim eles não passam do Vitor e do Armando, eu não vejo eles assim, como artistas, apesar de sempre ir aos shows quando eu consigo, claro. A gente tem uma amizade tão forte que a gente acaba nem falando muito de trabalho, é tudo muito puro e verdadeiro. Fico muito feliz com tudo o que eles têm conquistado, o Armando já tem uma carreira sólida e brilhante e o Vitor, que estourou há dois, três anos, têm muito para conquistar ainda. Uma amizade nasceu dentro da água e outra na escola, e com certeza são para a vida toda.

Vitor Kley, Armandinho e Matheus, o surfista foi o responsável por apresentar a dupla (Foto Jackie Rosa)
Matheus e Armando (Foto Arquivo Pessoal)

“Uma amizade nasceu dentro da água e outra na escola, e com certeza são para a vida toda” (sobre Armandinho e Vitor Kley).

JP3: O que espera de 2021, com o novo contrato, competições, até mesmo o cenário da pandemia com mais esperança por conta da vacina…? Espera que seja um ano melhor do que 2020?

Matheus: Foi um ano atípico, a gente está de ‘standby’, a princípio as competições voltam agora em março, no Equador, mas não tem nada confirmado ainda. Tudo está mudando o tempo todo, mas a gente tem que estar preparado para o que der e vier. Agora com a chegada da vacina pode ser que facilite mais as coisas, estamos na expectativa. O novo contrato vai dar um novo gás extra para essa volta. Agradeço ao Página 3 pelo espaço, o jornal é super importante para a nossa região, e à Santacosta por esse novo contrato, muito feliz em estar podendo representar uma marca da nossa região e poder viajar o mundo com um pedacinho da nossa praia é muito gratificante e importante. Valeu toda a galera que torce por mim, ‘tâmo junto!

Matheus e Panda (Foto Kaique Silva)
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