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Balneário Camboriú

Valdir Walendowsky: “Temos esperança de um futuro melhor para Balneário Camboriú”

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Por Marlise Schneider Cezar e Renata Rutes

O turismo foi uma das áreas mais afetadas pela pandemia de Covid-19, em todo o planeta. Balneário Camboriú manteve-se firme na perspectiva de defender um turismo seguro, com seus empreendimentos e atrativos conquistando selos estaduais e nacionais que confirmam os cuidados que estão tomando para conter a disseminação do vírus. Mesmo assim, o público sentiu a crise econômica gerada pela pandemia e a cidade passa por uma temporada atípica, com o turismo acontecendo ‘em cima da hora’ e sendo principalmente rodoviário, com a ausência tanto dos turistas vindos de países da América do Sul como de excursões.

Diante de todo esse cenário, é necessário também debater as mudanças que o Covid-19 trouxe para essa que é a principal vertente econômica de Balneário Camboriú. 

Nesta semana, o Página 3 conversou sobre todos esses tópicos com o secretário de Turismo da cidade, Valdir Rubens Walendowsky, que atua há 38 anos na área turística, já tendo presidido a Santur e comandado a Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte.

(Foto Renata Rutes)

‘Estamos buscando interagir com o público no meio virtual, procurando investir em redes sociais também’

JP3: Como a Secretaria de Turismo está se preparando para o ‘pós pandemia’?

Valdir Walendowsky: O trabalho vem sendo desenvolvido com o setor privado. Estamos diariamente em contato com a iniciativa privada, buscando ver todos os passos em relação às pessoas, quem vem para Balneário Camboriú, com base nos atrativos e meios de hospedagem que a cidade tem, acompanhando a evolução, o aumento da procura, que vem acontecendo aos poucos. As pessoas estão apresentando condições de viajar diferente do que era antes da pandemia, o comportamento de mercado mudou. Estamos fazendo uma análise para saber como será o trabalho após a definição da vacina, que começou a acontecer recentemente. Já se sabe que os cuidados continuam, como uso de máscara, distanciamento; e inclusive esse comportamento com relação à segurança da saúde mudou, é uma prioridade agora. Precisamos esperar a reação pós vacina para saber como serão as viagens, que certamente serão pautadas pela qualidade da saúde do destino. Esperamos que voltar a viajar seja um dos objetivos pós vacinação, a própria iniciativa privada espera muito isso, é um anseio muito grande. Com certeza a questão rodoviária tende a continuar, os voos não voltaram em sua totalidade e viajar em veículo próprio traz mais segurança também.

‘Não há fórmula mágica, e precisamos utilizar novas ferramentas’

Valdir Walendowsky, a operadora de viagens Ana Maria Alves dos Santos, a hoteleira Dirce Fistarol, o presidente do COMTUR Osny Maciel Junior e a presidente do BC Convention, Margot Rosenbrock (Foto Arquivo Pessoal)

JP3: O mundo mudou. A comunicação mudou. O turismo faz parte desta mudança. A Secretaria continua adotando o sistema de viajar, participar de workshops, para divulgar o turismo de Balneário Camboriú em outras cidades, outros países ou está se preparando para fazer isso pela internet? 

Walendowsky: Essa é outra discussão que estamos fazendo junto com o trade turístico. Sabemos até este momento que a realização de feiras e workshops de turismo está totalmente fora de cogitação, está tudo sendo prorrogado. Por outro lado, os eventos online vão acontecer, porém ainda não há uma comprovação de público e exige investimento tecnológico, que demanda custo. Está tudo muito novo, mas existe essa tendência de feiras virtuais, porque as físicas não estão acontecendo. O mercado está se adaptando, estamos buscando interagir com o público no meio virtual, procurando investir em redes sociais também. Existem tecnologias para focar no mercado que queremos atrair (como região/estado/cidade, idade, tipo de público) e para isso é preciso pagar. A tecnologia pode ser usada de diversas formas, vamos atuando assim até que volte a realidade antes da pandemia.

Valdir na FIT, uma das mais importantes feiras de turismo (Foto Santur)

JP3: Diante destas mudanças impostas pela tecnologia, o que precisa mudar na administração do turismo por aqui?

Walendowsky: O esforço precisa ser conjunto, junto das entidades do setor, como Sindisol, BC Convention. Estamos atuando juntos para atingir o público que necessitamos. Não há fórmula mágica, e precisamos utilizar novas ferramentas. Estamos fazendo uma análise para buscar parcerias com operadoras de viagem, que também precisaram mudar muito os seus serviços, muitas também fecharam as portas, não sobreviveram a tudo o que aconteceu. O mercado ficou muito difícil para o turismo e especificamente para essas operações, já que não havia adesão de grandes pacotes, excursões. Tudo mudou completamente. As reservas que antes eram de meses antes dos turistas virem, agora acontecem quatro dias antes. O público está reservando na semana em que está vindo, e isso afeta diretamente os equipamentos, como o planejamento do trabalho dos hotéis. Tudo está diferente.

‘A atratividade da cidade continua muito grande, é o diferencial que temos em relação à outras cidades’.

Reunião na Sectur com o trade turístico (Foro Sectur BC)

JP3: O que a Secretaria tem projetado para esse ano?

Walendowsky: Além do trabalho focado em Balneário Camboriú, também vamos atuar em conjunto com a região da AMFRI, algo que já estávamos desenvolvendo em 2020. Estaremos muito voltados na área das redes sociais, buscando avançar no sentido da região, pois o que fazemos pela cidade também estamos fazendo pelos municípios vizinhos. Quanto às feiras presenciais, é muito remoto de acontecerem neste ano, os próprios organizadores estão muito reticentes e ainda é muito temeroso fazer e o público não aparecer. Decoração da cidade para ocasiões como Páscoa ainda é muito complicado, porque envolve a questão da aglomeração, ainda não podemos realizar eventos que podem incentivar isso. O Carnaval não vai acontecer também, vão ter apenas alguns desfiles e sem aglomeração, apenas para não deixar acabar algo importante assim. Se dá para fazer algo para ‘externalizar’ nós apoiamos, mas não podem fazer nada que dê problema para administração municipal. A saúde segue em primeiro lugar.

Walendowsky rodeado por Osny Maciel, do COMTUR, e Margot Rosenbrock, do BC Convention (Foto Renata Rutes)

‘A ‘libertação’ das pessoas vai demorar um pouco, mas com o tempo o fluxo vai aumentar’.

JP3: A BNT Mercosul vai acontecer em maio, com alguns momentos presenciais (para convidados) e com uma programação remota. O tema deste ano vai debater o futuro do turismo, porque haverá uma forte demanda depois da pandemia e as cidades precisam estar prontas para isso. De que forma atrairemos novamente os turistas para nossa cidade?

Walendowsky: Primeiro tem toda a questão que Balneário Camboriú tem um dinamismo muito próprio, tanto no setor de turismo quanto no investimento mobiliário. Não paramos por conta da pandemia, a atratividade da cidade continua sendo muito grande, é o diferencial que temos em relação à outras cidades. A roda-gigante e os novos atrativos também são grandes diferenciais e que inclusive já estão atraindo turistas, mesmo sendo uma quantidade pequena de visitantes. A grande maioria das pessoas não está vindo por conta da pandemia, o mundo todo está passando por isso. A ‘libertação’ das pessoas vai demorar um pouco, mas com o tempo o fluxo vai aumentar. Acredito que neste ano as coisas ainda serão complicadas, mas o cenário já estará melhorando.

Valdir Walendowsky presidiu a Santur (Foto Jeff Severino)

JP3: O Página3 vai completar 30 anos em julho, portanto acompanha as 30 últimas temporadas em BC e esta é completamente atípica. Como definiria esta temporada?

Walendowsky: É exatamente isso, é atípica, uma temporada nunca antes vista. Infelizmente a pandemia trouxe esse grande problema, a economia do turismo foi muito prejudicada, tem sido algo totalmente inusitado. Quem iria pensar que isso iria acontecer? Não se tinha ideia. É realmente uma situação muito complicada, e mesmo assim não paramos de trabalhar e apostar no destino, com a certeza de que vamos sair dessa, vamos recuperar. Talvez essa recuperação não aconteça tão rapidamente como esperávamos, mas o fluxo de turistas virá para ajudar na nossa economia. É o que o trade quer, o que o governo municipal quer.

Walendowsky integra o secretariado de Fabrício Oliveira desde 2019 (Foto BC Convention)

JP3: Como avalia o efeito da pandemia na rede hoteleira, no comércio, setor de eventos…? Qual é a perspectiva para o futuro da indústria do turismo?

Walendowsky: O que escuto muito, não só em Balneário e região, mas no mundo todo, é que o turismo vai continuar acontecendo. As pessoas querem viajar, conhecer outras culturas, gastronomia, etc. O turismo faz parte do cotidiano e não vai acabar. O que está acontecendo é uma forma diferente de fazer turismo, com a segurança da saúde como prioridade. Hotéis, pousadas, bares e restaurantes já mudaram nesse aspecto, incorporando o uso de máscara, distanciamento social, cuidado com lavagem e higiene frequente das mãos, e mostrando isso aos clientes, para que eles vejam que estão dentro do que é exigido. A consciência do cuidado se incorporou dentro do turismo, e também exige que o destino o faça. O cuidado que a cidade tem com a saúde vai ser o diferencial na hora do turista escolher visitá-la ou não. Balneário prioriza isso desde o início, com os investimentos que fizemos, como o hospital focado somente no Covid-19, algo que poucas cidades possuem, e que será cada vez mais um ponto altamente positivo.

O que está acontecendo é uma forma diferente de fazer turismo, com a segurança da saúde como prioridade’.

JP3: Os meses de fevereiro e março normalmente são movimentados, sendo o último ‘respiro’ da temporada. Ainda em 2020, hoteleiros apostavam que seriam meses positivos por conta das reservas adiadas… há alguma expectativa quanto a isso?

Walendowsky: O que posso dizer? É muito temerário dar uma opinião. Queremos que o índice melhore, não esperávamos uma temporada assim. O aumento dos casos de Covid-19 também afugentou os turistas, assim como a economia ruim, consequências desse período que ninguém esperava. Sempre esperamos o melhor, para Santa Catarina o outono é uma estação muito boa, com dias bonitos. Muita gente costuma vir nessa época, esperamos um pouco de recuperação entre fevereiro e abril. Temos esperança de um futuro melhor.

Walendowsky com Julio Tedesco, proprietário do Parque Unipraias e grande incentivador do turismo de Balneário Camboriú (Foto Renata Rutes))

‘Será uma nova praia central. Há muitos anos a cidade deseja e finalmente vai acontecer, será um novo marco no desenvolvimento de Balneário Camboriú’.

JP3: O prefeito anunciou o início do alargamento da faixa de areia para o final deste mês. O alargamento tem previsão de estar concluído até o verão, mas a reurbanização não. De que forma esta obra impactará no turismo para a próxima temporada?

Walendowsky: Não tenho dúvida que esse esforço para fazer o alargamento acontecerá também em velocidade grande para termos para a próxima temporada. É um grande projeto da administração do prefeito Fabrício Oliveira que vai impactar em Balneário. Em um primeiro momento o alargamento e em segundo momento a reurbanização. Isso tudo irá inclusive mudar a forma de fazer a promoção de Balneário, acredito piamente nisso. Será uma nova praia central, vai atrair muitas pessoas também. Há muitos anos a cidade deseja e finalmente vai acontecer, será um novo marco no desenvolvimento de Balneário Camboriú.

Walendowsky com o a comitiva do Governador do Estado, Carlos Moisés, em visita dele ao Centro de Eventos, outubro de 2020 (Foto Renata Rutes)

JP3: Diante do atual o cenário, o Centro de Eventos se mostra ainda mais importante para o pós-pandemia. A licitação não teve o resultado esperado e ainda não foi relançada. Como está o andamento disso tudo?

Walendowsky: Estamos em contato semanal com a Santur, acredito que logo teremos a nova licitação. O Governo do Estado está estudando as modificações no edital e logo estará na rua. O nosso Centro de Eventos será o maior do sul do Brasil, eventos desse porte nunca aconteceram em Balneário Camboriú, que passará a ser rota de grandes eventos produzidos no Brasil. Temos que ver qual será o comportamento das pessoas após a vacina para que isso aconteça. Hoje, em função da pandemia, poucos eventos estão acontecendo no Brasil e consequentemente não teríamos aqui. Mas à medida que o tempo passe, com as pessoas vacinadas e a confiança sendo retomada, os eventos vão acontecer e o Centro será uma grande geração de fluxo e a economia do turismo de Balneário Camboriú vai melhorar. Seguimos acreditando que Balneário é um grande destino da América do Sul, apostamos muito nisso.

‘Seguimos acreditando que Balneário é um grande destino da América do Sul, apostamos muito nisso’.


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