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Balneário Camboriú
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Dia do Garçom/Garçonete: mercado tem mais procura do que oferta e já preocupa para alta temporada

Formação e falta de comprometimento com a profissão são as principais deficiências do mercado em Balneário Camboriú

A tradicional Corrida dos Garçons e Garçonetes de Balneário Camboriú que o Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro, Bares, Restaurantes e Similares de Balneário Camboriú e Região (Sechobar) realiza todos os anos na beira mar para comemorar o dia da categoria, este ano não vai acontecer. 

A presidente do Sechobar, Olga Ferreira, disse que a 22a.edição da corrida que sempre movimenta a Praia Central, estará de volta no próximo ano.

Neste ano, a passagem da data vem acompanhada de uma preocupação: o mercado da região que está com mais procura do que oferta.

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“Nossa base territorial tem mais de nove mil profissionais. Estamos com falta de mão de obra em agosto, imagine a partir de outubro. Estamos preocupados com um ‘apagão’ de mão de obra da nossa categoria, essa profissão tão importante e indispensável para essa grande indústria que é o turismo”, disse Olga.


‘Não basta carregar bandejas’, diz presidente do Sechobar

Os tempos mudaram e hoje muitas (mas nem todas) empresas buscam profissionais capacitados, porque é uma exigência do mercado.

“Hoje nossos garçons e garçonetes são promotores de vendas porque indicam aparelhos turísticos, lojas, hotéis, pousadas, baladas, citytour, eles movimentam a economia em torno. Portanto, não basta carregar bandejas, tem de ser culto, bem informado, educado, bem arrumado e sempre com um lindo sorriso”, destacou Olga.

Olga (C)após a tradicional corrida que retorna ano que vem (Arquivo/Sechobar)

O Sindicato mantém cursos de capacitação, está ministrando cursos de inglês direcionados para estes profissionais, porque a demanda de turistas estrangeiros impõe este investimento.

Olga costuma dizer que as empresas de gastronomia que investem nesses profissionais tem uma mão de obra qualificada e com isso próspera, mas se contratar uma pessoa sem qualificação com o objetivo de ter uma mão de obra barata, sem dúvida que irá comprometer a qualidade do bom atendimento.

Conquistas

Neste Dia da categoria, Olga lembrou as principais conquistas que o sindicato conseguiu ao longo dos anos.

*Hoje é proibido o garçom e/ou garçonete fazer a faxina no salão, nos banheiros, nos vidros antes de começar a servir. Caso ocorra descumprimento o caso é tratado como Desvio de Função e deve ser regulamentado com pagamento de multas por empregado(a).

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*Regulamentação da distribuição dos 10% da Taxa de Serviço. O estabelecimento que cobrar a Taxa, obrigatoriamente deve ser distribuído para todos os empregados e constar na folha de pagamento. A taxa não substitui o salário. Todo garçom e toda garçonete são contratados pelo salário mais a taxa de serviço (quando o restaurante cobra). 

“Além disso, estamos sempre buscando junto ao sindicato Patronal a valorização e o cumprimento dos direitos dos nossos trabalhadores e trabalhadoras. Aproveitamos para desejar um Feliz Dia dos Garçons e Garçonetes! O Sechobar está sempre pronto para servi-los”, concluiu Olga.

Neste Dia do Garçom/Garçonete, a reportagem conversou com três profissionais que falam sobre sua experiência

“A identidade do garçom se perdeu”

Sérgio é hoje um dos profissionais mais antigos da praia (Foto Waldemar Cezar Neto)

Sérgio Renato Campos, 55 anos de vida e 35 de profissão, é nativo do Estaleirinho, começou com 14 anos na profissão que considera uma ‘herança familiar’, porque seguiu os passos dos tios.

A sua trajetória começou no Plaza Itapema, onde um dos tios trabalhava. 

“Ali aprendi muito, depois trabalhei com meu tio no restaurante Campos, em Itapema. Depois no restaurante Canoinhas, também em Itapema, que era de outro tio e que hoje é meu irmão que toca”, contou.

Em Balneário Camboriú, começou no restaurante-bar Twins (onde hoje é o Taj), depois no Recanto da Sereia que depois mudou de nome para Lago da Sereia, depois atuou no Vieiras (onde hoje está o Taj) e há 22 anos está na Casa da Lagosta, onde comanda a equipe do atendimento ao público.

Do alto de sua experiência, Sérgio diz que hoje o cenário está diferente, a profissão perdeu sua identidade e resgatar tudo isso é complicado, quase impossível, porque profissionais de ‘linhagem’ como é o exemplo de sua família, são poucos.

“Antigamente a profissão tinha valor, era reconhecida, tinha posição. Se era bom, ganhava bem. Quem trabalhava bem, era recompensado. Hoje ganha um salário e se for bom, mais um bônus de R$ 200, R$ 250,00. Antigamente a recompensa era maior”, comentou.

Mesmo decepcionado com o cenário atual, porque ‘qualquer um chega dizendo que é garçom e pronto’, Sérgio diz que a profissão foi seu aprendizado de vida.

“Naqueles tempos não havia aprendizado, então foi a profissão que me deu educação, aprendi a falar com as pessoas, a ter boas maneiras no atendimento, havia muito amor à profissão, era bem diferente. Hoje não se encontra mais profissionais bons, de primeira linha, e os que têm vêm de fora”, afirmou Sérgio.


“Profissão difícil, cansativa, mas bem remunerada”

Adelmo com um dos filhos, Gustavo (Arquivo Pessoal)

Adelmo de Lima Farias, 49 anos, trabalhou mais de 20 anos como garçom. No momento, está dando ‘um tempo’ e pensando se vai seguir na profissão ou não. 

Paranaense de nascimento, Adelmo chegou a Balneário Camboriú no ano 2000, para ‘tentar a sorte’.

Seu primeiro trabalho na praia foi o de garçom, na extinta Choperia Lulifama, na avenida Atlântica. Lá ficou cinco anos. 

Depois foi trabalhar na Cia.do Peixe, onde ficou por quase duas décadas. 

Adelmo se tornou um especialista em servir, disse que é uma profissão difícil, cansativa (ele sempre trabalhou à noite), mas bem remunerada.

Além de trocar a noite pelo dia, o garçom não tem sábado, domingo, feriado e nas datas comemorativas, como Natal, Ano Novo, quando todos estão comemorando em família, o garçom está à disposição, atendendo quem está comemorando, nunca está com a sua família.

“Mas sou muito agradecido a esta profissão, porque tudo que tenho hoje foi ela quem me deu”, acrescentou Adelmo.

Mercado mudou muito

O mercado de trabalho hoje está bem diferente de quando ele começou na profissão. 

“Assim como Balneário Camboriú mudou, esta profissão mudou junto. Antigamente era só vestir uma camisa branca e virava garçom na temporada, com movimento dois, três meses e hoje não é mais assim. Hoje o movimento é o ano todo e isso é muito bom para a cidade e para os profissionais e o garçom precisa estar capacitado, se não não vai encontrar trabalho”, disse Adelmo.

Atualmente Balneário Camboriú tem carência de profissionais. 

“Falta gente para trabalhar. O mercado mudou muito. Ganha-se muito bem, mas tem que ter postura, responsabilidade, seriedade e sobretudo comprometimento com sua profissão”, ensinou Adelmo, pai de Guilherme e Gustavo que não seguiram a profissão do pai.


“Para mulheres, discriminação ainda existe infelizmente”

‘Gosto de me comunicar’, diz Emanuelle (Arquivo Pessoal)

Emanuelle Saraiva de Morais Solidônio, 37 anos, trabalha como garçonete há quase cinco anos em Balneário Camboriú, começou em uma pizzaria e hoje está em um hotel.

Ela é cearense, tem formação superior, mas no momento continua trabalhando na profissão que conheceu em 2013 quando veio a Balneário Camboriú trabalhar em uma temporada. 

Após a temporada retornou a Fortaleza até que em 2018 decidiu voltar para morar em Balneário Camboriú. Voltou a trabalhar como garçonete no mesmo restaurante onde conheceu a profissão em 2013, mas atualmente trabalha em um hotel da cidade.

“Gosto de conversar, lidar com pessoas, me comunicar e sigo na profissão também pelo retorno financeiro”, disse.

Número de mulheres na profissão só aumenta (Arquivo/Sechobar)

A profissão que por muitos anos era ‘exclusiva’ para homens, cada dia vem ganhando mais adeptas femininas. Emanuelle disse que no seu trabalho atual é a única mulher no meio de vários garçons, e nunca sofreu qualquer tipo de discriminação, muito pelo contrário, mas em outros locais já enfrentou.

“Aconteceu sim e duplamente, por ser mulher e por ser nordestina. Em época de política sofri mais por parte de clientes mesmo, por ser nordestina mais do que por ser mulher. Eles provocavam esses assuntos, mas nós sempre respondemos que não somos autorizados para falar sobre assuntos polêmicos”, contou Emanuelle.

Falta de comprometimento

Emanuelle foi aprendendo na prática, fez cursos de manipulação e hoje vê necessidade das empresas capacitarem seus profissionais.

“Com capacitação, o profissional terá mais postura, saberá tratar melhor o cliente, vai se posicionar, mas no cenário atual, o que falta mesmo é comprometimento. As pessoas começam a trabalhar e por qualquer motivo, mínimo que seja, saem fora, principalmente após um feriado, faltam muito. Isso acontece porque faltam profissionais e tem grande oferta no mercado”, enfatizou Emanuelle. 

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