Os principais responsáveis por este sonho são os velocistas Douglas Hernandes Mendes e Anny Caroline de Bassi, que estrearam nos Jogos Pan-Americanos, em Santiago do Chile, com medalhas de ouro, prata e bronze, um excelente passaporte para disputar uma Olimpíada.
No auge de suas carreiras, Douglas e Anny tem motivos suficientes e de sobra para pensar em Paris 2024. Foram convocados várias vezes para a seleção brasileira este ano e brilharam nas pistas do Sul-Americano, do Pan-Americano e do Mundial Universitário.
Douglas disse que é bem difícil achar palavras para descrever tudo que aconteceu esse ano, porque o atleta sempre tem suas metas e, com certeza, uma delas era estar nestes Jogos Pan-Americanos.
“Trabalhei o ano todo junto ao meu técnico para que corresse tudo bem, final de temporada sempre exige um pouco mais. Foi um grande passo na minha carreira, mudou meu modo de ver as coisas daqui para frente, alinhar os novos planos para a próxima temporada, seguir com o foco nas Olimpíadas e fazer tudo da melhor forma para chegar até lá, e conseguir conquistar mais essa meta”, disse o multicampeão.
Anny também não encontrou palavras para descrever o ‘tamanho da importância dessa medalha’ na sua carreira. Ela tem motivo duplo para comemorar: o Mundial Universitário na China e o Pan-Americano no Chile.
Nas duas competições ela correu para um estádio lotado, vibrando e torcendo.
“Foi incrível essa vibração que senti do público”, conta.
Anny não esconde a felicidade de chegar onde chegou.
“São 11 treinando e então representar o Brasil em um Pan-Americano que só acontece a cada 4 anos, uma competição pré-olímpica, é uma honra enorme. É muito bom ver nossos esforços recompensados”, disse.
O foco da próxima temporada é estar na Olimpíada e não somente na prova de revezamento, ela vai lutar por uma vaga individual também.
“Temos o Mundial de Revezamento, o Íbero-Americano, ambos no Brasil e importantes para alcançar meus objetivos olímpicos, que é garantir uma vaga para a Olimpíada em prova individual e para isso, vou treinar fora do Brasil e começar bem cedo e com muita fé que vai ser um ano maravilhoso”, afirmou a campeã.
Entrevista:
“Todo ano estamos repetindo essa mesma fala: foi o melhor ano de todos os tempos e o mesmo espero de 2024”
A afirmação é do técnico Diogo Gamboa, que lidera uma equipe de treinadores no IABC, formada por Daia, Diego e Maurício, que vivem o atletismo dentro e fora das pistas, acompanhando cada passo dos seus atletas, em competições, em treinos ou fora deles.
Nesta entrevista, Diogo fala sobre a temporada 2023 e o que espera da próxima. Acompanhe:
JP3 – A temporada de atletismo terminou com a disputa dos Jogos Abertos. Como descreveria essa temporada?
Diogo – Terminou a nossa temporada 2023 nos JASC com dois troféus nos dois naipes pela primeira vez, ano passado trouxemos o troféu feminino inédito, esse ano fomos terceiro nos dois naipes, lembrando a grande dificuldade que é o JASC, porque para alcançar essas duas colocações, conquistamos 17 medalhas e várias pontuações, ou seja vários atletas entre os oito primeiros. Essa grande dificuldade é que mostra a força do grupo. Realmente foi a melhor temporada. Graças a Deus todo ano estamos repetindo isso, essa fala, melhor ano de todos os tempos e assim espero de 2024. Esse ano temos ainda o André, jovem promessa da marcha atlética que vai competir o Sul Americano escolar até 14 anos, em Santiago do Chile, na mesma pista dos Jogos Pan-Americanos.
JP3 – Aconteceram tantas coisas boas, quais foram as melhores e mais importantes conquistas deste ano?
Diogo – É difícil pontuar o que foi mais importante nesse ano. Certamente as medalhas dos Jogos Pan-Americanos tiveram o maior peso. Douglas, campeão pan-americano no revezamento que o Brasil nunca havia vencido, medalha de ouro. Anny também estreando com bronze no revezamento. Balneário Camboriú tem três medalhas do Pan-Americano, mais do que alguns países. Tivemos também esse ano a medalha de prata da Anny no Mundial Universitário, onde ela fez toda diferença para a equipe brasileira. Tivemos nosso título de campeão brasileiro no revezamento 4x400m masculino adulto, no Troféu Brasil com uma atuação espetacular do Douglas e de todo quarteto que formou também com Matheus Liberato, Guilherme Orenhas e Kaio Lira. Conquistamos o sexto lugar geral por equipes no Troféu Brasil, o maior evento de clubes da América Latina, do qual participaram 120 clubes de 21 estados. Foi um ano de grandes conquistas e para coroar o ano, as medalhas dos Jogos Pan-A mericanos.
JP3 – Quantas convocações de atletas nossos para seleção brasileira esse ano?
Diogo – Foram 10 convocações
JP3 – Quais foram os resultados mais surpreendentes desta temporada?
Diogo – Essas medalhas pan americanas e do mundial de revezamento foram surpreendentes, mas apesar de ser um peso menor, o título do revezamento 4x400m do Troféu Brasil quanto o 4x400m nos JASC agora, masculino também, foram muito especiais e emocionantes. No Troféu Brasil o Douglas fez uma recuperação absurda e nos JASC, o Guilherme fez muita diferença para o Douglas definir no final para nós. Esses títulos nacionais e estaduais do nosso revezamento foram demais importantes.
JP3 – Dois dos seus atletas alcançaram rapidamente nivel internacional, qual é o segredo desta conquista?
Diogo – Essa rápida ascensão dos nossos atletas que, de certa forma até gera curiosidade e vontade de novos atletas virem para o nosso grupo, acho que tem um segredo sim…o segredo é nossa dedicação e quando concilia a dedicação dos atletas com a nossa, porque toda nossa equipe técnica se dedica muito, a gente vive 24h para que os resultados aconteçam e quando os atletas têm o mesmo entendimento, o resultado é certo. A gente chegou a uma conclusão que não podemos mais perder tempo em simplesmente reclamar, precisamos canalizar nossas energias em fazer grandes resultados e isso tem dado certo.
"Acho que o segredo é essa nossa vontade de vencer o tempo inteiro”
JP3 – O IABC onde esses atletas são treinados, tornou-se uma referência no país. Qual é o método para chegar lá?
Diogo – Nosso principal método é olhar o atleta, escutar o atleta e trabalhar em prol do atleta. O IABC tem o atleta como centro das atenções. Após os JASC tivemos relato de muitos atletas falando que foi uma das melhores experiências da vida deles. Então não estamos preocupados só com os resultados deles, a gente se preocupa com eles. Grande parte da nossa equipe está feliz com nossa participação, nosso acolhimento, isso reflete nos resultados, e desperta vontade em outros atletas de participar da equipe. esse empoderamento que a gente tenta gerar nos atletas, reflete por exemplo, na Anny, que sempre superou todas as expectativas para conquistar tudo que ela quer e almeja. Eu falo para as pessoas nunca duvidem dela, porque ela vai conseguir tudo o que ela quer. Douglas é outro exemplo de que quando a gente quer e se dedica, os resultados acontecem. Acho que o segredo é essa nossa vontade de vencer o tempo inteiro.
“Vimos no Pan-Americano crianças de vários países tietando e adorando nossos jovens campeões, Anny e Douglas”
JP3 – Atletas como a Anny, que não foi aceita no paratletismo no início da sua carreira, é hoje uma estrela. Esta é mais uma conquista e uma comprovação de que vale a pena correr atrás do sonho e ela recebeu todo esse apoio com seus técnicos. Uma conquista como essa é tão importante quanto um pódio?
Diogo – Eu tenho que agradecer esses atletas por acreditarem no meu trabalho, da Daia, do Diego, do Maurício e encararem com fé. Nós temos muita fé no trabalho, no poder que o atletismo tem de transformação, somos apaixonados pelo que fazemos e temos certeza de onde podemos chegar. Temos uma gratidão por eles acreditarem, por se dedicarem e por serem esse espelho para os jovens atletas. Hoje eles tem um compromisso diferente, se tornaram ídolos, referência para muitas crianças que treinam diariamente no estádio conosco. Gera responsabilidade e também gera o prazer de ser um ícone do esporte e posso dizer um ícone mundial…vimos no Pan-Americano crianças de vários países tietando e adorando nossos atletas , nossos jovens campeões Anny e Douglas.
“2024, ano olímpico, nosso plano é olímpico. Esperamos muito que o município abrace a gente, visando esse sonho olímpico”
JP3 – Planos para 2024
Diogo – 2024, ano olímpico, nosso plano é olímpico…continuar trabalhando forte, para mais atletas integrar esse grupo seleto que a Anny e o Douglas pertencem e tentar de todas as formas o maior número de atletas nos Jogos Olímpicos, nós acreditamos muito nisso e vamos brigar muito por isso…Esperamos muito que o município abrace a gente, visando esse sonho olímpico, não podemos mais perder tempo com discussão, brigar por falta de estrutura ou pensando em ficar dividindo espaço com pessoas que não sonhem com os mesmos objetivos. Hoje o atletismo de Balneário Camboriú, criado e promovido aqui, é um dos melhores do mundo e vamos seguir, e buscar essa vaga olímpica dentro de casa, e respeitando nossos atletas e nosso trabalho de casa. Vamos lutar para ter a melhor estrutura ou pelo menos, a estrutura possível que possibilite isso, tudo isso que a gente até agora fez de forma brilhante.