Por Bruno Ribeiro e Ciro Campos
A Prefeitura de São Paulo pagará R$ 100 milhões para realizar o GP de Fórmula 1 no autódromo de Interlagos pelos próximos cinco anos. Segundo o Diário Oficial do município desta terça-feira, o acordo assinado em 23 de dezembro de 2020 e válido até 2025 com a empresa MC Brazil Motorsport Holding Ltda. tem como objetivo a “contratação de empresa para realização do Grande Prêmio São Paulo de Fórmula 1”.
Nos anos anteriores, a cidade não pagava diretamente para a realização da Fórmula 1. Os recursos públicos eram investidos para melhoria da pista do autódromo de Interlagos (que é da Prefeitura), mas não para os organizadores do evento. Quando anunciou a permanência da prova na cidade, no dia 16 de dezembro do ano passado, a gestão Bruno Covas (PSDB) não informou que recursos públicos seriam repassados aos organizadores.
São Paulo renovou o contrato com a Fórmula 1 após vencer uma disputa com o Rio de Janeiro, que pretende construir um autódromo na região de Deodoro. O grande entrave de toda a negociação envolvendo as duas cidades foi o pagamento da taxa de promoção, cobrada pela Fórmula 1 para cada um dos promotores que realizam provas. Nas edições de 2017, 2018 e 2019, por exemplo, o GP do Brasil era o único ao lado de Mônaco a não pagar a taxa devido a um acordo feito com o então chefe da F-1, Bernie Ecclestone. Depois que o grupo Liberty Media assumiu o controle da categoria, a empresa procurou fazer da etapa brasileira um evento mais lucrativo e vantajoso.
A Secretaria Municipal de Turismo já fez dois repasses, no mês de dezembro, que totalizaram R$ 17,7 milhões, diretamente para a Formula One World Championship, de acordo com o Diário Oficial desta terça-feira. O repasse foi descrito como para a “aquisição dos direitos, pelo Município de São Paulo, para a realização do evento denominado Grande Prêmio de São Paulo”. O Estadão pediu esclarecimentos à gestão Bruno Covas (PSDB), mas não teve resposta até a publicação dessa reportagem.
Os pagamentos realizados em dezembro foram definidos na véspera de Natal, quando o próprio prefeito autorizou a emissão de duas notas de empenho em favor da Formula One World Championship para pagamento de despesas relativas à retenção do Imposto de Renda e demais taxas envolvidas no processo descrito como contratação para realização do GP.
Em anos anteriores, a verba pública investida na prova era destinada à reforma, manutenção e aparatos de segurança do autódromo. A ponte entre a cidade e a Fórmula 1 era feita por um promotor privado. Esse cargo cabia à Interpub, a responsável por se encarregar de negociar taxas de promoção, venda de ingressos, operações de camarotes e etc. Agora, o promotor do evento é a MC Brazil Motorsport Holdings, empresa controlada pela Mubadala, grupo de investimentos ligado ao governo de Abu Dabi.
Procurada pela reportagem, a Prefeitura de São Paulo ainda não retornou os questionamentos da reportagem. A empresa responsável pela organização do evento, a MC Brazil Motorsport Holding Ltda, tem como diretor Alan Adler, nomeado o novo promotor da prova. Também procurada pelo Estadão, Adler por enquanto não respondeu
Confira quanto cada etapa pagava de taxa de promoção (temporada de 2018):
Austrália – R$ 205 milhões
Bahrein – R$ 279 milhões
China – R$ 159 milhões
Espanha – R$ 117 milhões
Mônaco – Nada (dispensado por razões comerciais)
Canadá – R$ 95 milhões
França – R$ 106 milhões
Áustria – R$ 96 milhões
Grã-Bretanha – R$ 117 milhões
Alemanha – R$ 117 milhões
Hungria – R$ 139 milhões
Bélgica – R$ 99 milhões
Itália – R$ 138 milhões
Cingapura – R$ 271 milhões
Rússia – R$ 258 milhões
Japão – R$ 161 milhões
Estados Unidos – R$ 109 milhões
México – R$ 180 milhões
Brasil – Nada (acordo com o então chefe da F-1, Bernie Ecclestone)
Abu Dabi – R$ 410 milhões