Nesta terça-feira (17) é celebrado o Dia Internacional da Erradicação da Pobreza. Neste ano, a data estipulada pela ONU, tem como lema ‘Trabalho decente e proteção social: colocar a dignidade em prática para todos’.
Em Balneário Camboriú, a cidade com o metro quadrado mais valorizado (e caro) do Brasil, há hoje mais de cinco mil famílias que recebem o Bolsa Família, programa de transferência de renda do Governo Federal (R$ 600/mês, equivalente a R$ 142/pessoa).
Hoje há mais de 2,5 mil vagas de emprego em Balneário: “O melhor programa social é tirar a pessoa do Bolsa Família”
A secretária de Inclusão e Desenvolvimento Social de Balneário Camboriú, Christina Barichello, conta que hoje em Balneário Camboriú 5.512 famílias recebem o Bolsa Família. Ela salienta que quando fala-se de erradicação da pobreza dentro de uma cidade como Balneário Camboriú, buscam trazer à tona o assunto emprego e renda.
“Hoje no SIME (Sistema Municipal de Emprego) há 580 vagas de emprego sobrando, na área de comércio e serviços, além de mais de duas mil vagas na construção civil. Vejo que há tantas vagas sobrando por dois motivos: 1) as pessoas não possuem capacitação o suficiente e 2) porque muitas vezes estão acomodadas pelo próprio meio em que vivem e não conseguem ou não querem olhar para frente e buscar emprego”, comenta. Ela citou que em Balneário buscam dar ênfase na capacitação das pessoas, para que consigam a vaga de emprego.
“Vemos que o melhor programa social é tirar a pessoa do Bolsa Família, que é um benefício eventual, um suporte, e precisa ser visto desta forma. Não é possível uma pessoa ficar recebendo o Bolsa Família por cinco, 10 anos, quando deveria ser algo eventual”, diz.
Benefícios sociais de Balneário
Christina aponta que o governo municipal vê que primeiro é preciso trabalhar o emocional das pessoas menos favorecidas, tratando de inteligência financeira, dando suporte para a pessoa recomeçar e sentir-se incluída na sociedade.
“No nosso fluxograma vemos que primeiro atendemos de maneira emergencial – por exemplo, alguém está com fome, dá-se o alimento. Além do Bolsa Família, Balneário também apoia com creche e escola para as crianças, como também os benefícios municipais como Cartão Maternidade e Aluguel Social, mas também incluímos em cursos de capacitação, ensinamos a conseguir vaga de emprego (incluindo a como fazer currículo, orientação para entrevista de emprego e até roupas para usar na entrevista). O foco principal é trabalhar o emocional, para que a pessoa saia da zona de conforto de estar somente usando o Bolsa Família”, afirma.
Questão emocional e inteligência financeira
A secretária diz que nem sempre conseguem o resultado esperado, usando de exemplo uma mulher, vítima de violência doméstica, que foi acolhida em um abrigo, mas que não aceitou um emprego em um atrativo turístico de Balneário Camboriú porque perderia o direito de receber o Bolsa Família.
“Por isso, buscamos atacar em várias frentes – questão emocional e inteligência financeira, para que a pessoa, quando conseguir o emprego, saiba gerir o que ganha e entender de economia familiar, para que ela e a família possam prosperar, pois é o que todo mundo sonha e quer. Queremos que cada pessoa seja o autor da própria história, pois assistência social não é só dar benefício imediato – pode ser necessário, mas não pode ser o todo. Erradicação da pobreza varia de acordo com cada cidade – em Balneário, queremos ensinar as pessoas a pescarem, para assim terem uma vida melhor, porque se não vai haver famílias só vivendo do Bolsa Família e a melhor assistência social é dar emprego e oportunidade”, acrescenta.
Para mais informações sobre vagas de emprego e cursos de capacitação, basta ir até a Casa da Família, que fica na Rua 3.100, 876, no Centro de Balneário Camboriú, ou no Centro de Convivência da Família, na Rua Itália, 1.059, no Bairro das Nações.
População de rua também é assistida
Questionada sobre as pessoas em situação de rua, Christina afirma que em Balneário Camboriú há um amplo trabalho, realizado através da Abordagem Social, que atua 24h abordando e acolhendo essa população.
“Mas em Balneário vivemos algo diferente – não são famílias inteiras que estão na rua, a exemplo de grandes capitais, e sim pessoas que têm problemas com vícios, e que estão na rua por isso, pela dependência química. Tem quem chegue a receber mais de R$ 6 mil/mês na rua – se esse valor fosse para ter uma vida melhor, ok, mas só enriquece o traficante, porque vai para álcool e drogas e destruição da família da pessoa”, pontua.
Ela lembra que quem aceita ajuda pode ser encaminhado para clínica para tratar a dependência química e futuramente para o mercado de trabalho ou pode voltar para sua cidade de origem (desde que seja recepcionado no município por um familiar).
Se você viu uma pessoa em situação de rua ou sabe de alguém que precisa de ajuda nesse sentido, entre em contato com a Abordagem Social via 156. O órgão atua todos os dias, incluindo domingos e feriados, 24h.