Não é de hoje que a situação envolvendo coletores e empresas de reciclagem é denunciada por moradores e empresários de Balneário Camboriú. As denúncias eram tantas que as forças da segurança realizaram diversas vezes operações como a Alta Tensão e Choque de Ordem, com batidas em empresas de reciclagem.
Nesta sexta-feira (25), o Núcleo de Empresários da Vila Real, Iate Clube e Municípios (Nevim), um braço da Associação Empresarial de Balneário Camboriú e Camboriú (Acibalc), emitiu nota falando que a situação piorou novamente.
Empresários apontam ligação entre recicladores e crimes
Os integrantes do Nevim entregaram ofício aos vereadores David Fernandes ‘La Barrica’ e Asinil Medeiros, solicitando que o Legislativo e o Executivo ampliem o diálogo e a fiscalização às empresas de reciclagem instaladas nos três bairros.
Ele comenta ainda que é necessária a fiscalização e controle da entrada de materiais nas empresas de reciclagem para não fomentar a receptação de itens furtados nos bairros – como fios de cobre e bocas de lobo.
“A comunidade de recicladores está sendo preenchida por moradores de rua e usuários de drogas que estão realizando diversos furtos e roubos na região”, explica.
Insetos também preocupam
De acordo com Joanilo de Souza Filho, Coordenador do Nevim, trata-se de um problema de nível social que abrange vários setores.
“É necessário uma ação constante de secretarias, como a do Meio Ambiente, para manter a manutenção e limpeza desses locais de reciclagem evitando a proliferação de insetos e roedores”, comenta.
Abaixo-assinado
Para subsidiar melhor as reivindicações dos moradores, o Nevim, em parceria com a Associação de Moradores do Bairro dos Municípios, fará um abaixo-assinado solicitando uma solução para estes problemas.
“Necessitamos do apoio da comunidade e dos poderes Executivo e Legislativo para que eles possam elaborar alguma ação que vá gerar mais segurança aos moradores e coibir os roubos nos três bairros”, enfatiza Joanilo.
Para os empresários que encabeçam a ação, a reciclagem é extremamente importante, pois além de favorecer uma atividade rentável gerando novos empregos, a reciclagem reduz a quantidade de resíduos (lixo não reciclável) enviados para aterros sanitários ou depósitos de lixo, prolongando a vida útil desses locais.
“Queremos deixar claro que não somos contra os coletores e as empresas de reciclagem, buscamos apenas uma solução para esses problemas recorrentes dos bairros sem prejudicar nenhuma empresa”, acrescenta.
La Barrica: ‘algo precisa ser feito’
A reportagem conversou com o vereador David La Barrica, e ele disse que estava ciente da situação, inclusive contando que a tampa de um bueiro que ficava em frente à casa onde mora, no Bairro Vila Real, foi furtado.
“Tinha que ter dois homens para levantar, porque era de ferro maciço, e conseguiram levar. Realmente temos que tomar uma atitude. Eu tenho conversado bastante com a Secretaria do Meio Ambiente, o prefeito Fabrício Oliveira já fez decreto, o que cabe mais é fiscalização porque realmente está bem complicado, envolve questões sanitárias e ainda os roubos e furtos”, comenta.
David aponta que os criminosos cometem os roubos e furtos nos bairros, vendem o que conseguem [fiação, portões, etc.] diretamente nos bairros e trocam por drogas e as consomem nessas localidades.
“De fato é uma reclamação frequente da própria população. Tem tido bastante demanda, realmente virou um grande problema. Entendo que existem pessoas que sobrevivem disso [da reciclagem], mas o poder público precisa tomar uma atitude porque a situação está complicada, acredito que hoje 70% dos catadores e recicladoras agem ilegalmente. Roubo e furto está tomando conta e não vejo outra alternativa a não ser jogar uma multa, algo precisa ser feito”, pontua.
O vereador reconhece que as forças da segurança estão atuando com operações, que acontecem desde 2021, e diz que ‘foi feito um baita trabalho’, mas afirma que infelizmente os crimes voltaram a acontecer.
“Talvez por conta de andarilhos que estão vindo de fora, e dá bastante dinheiro [a venda de recicláveis]. Com o Meio Ambiente já está bem alinhado, mas vou procurar também as secretarias de Inclusão Social e Segurança, porque precisamos resolver”, completa.
O que diz a PM
O Página 3 procurou também o Comandante do 12º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Balneário Camboriú, Tenente-Coronel Daniel Nunes da Silva, e ele enfatizou que os três bairros são policiados frequentemente.
“E ainda temos as operações programadas que acontecem. Inclusive várias operações desse tipo [focando nas recicladoras e usuários de drogas] já foram feitas, envolvendo nós, Vigilância Sanitária, Meio Ambiente, Inclusão Social, Guarda Municipal e Polícia Civil”, diz.