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Balneário Camboriú

Historiador de Balneário Camboriú segue buscando os caminhos desconhecidos do Peabiru

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O historiador e escritor Isaque de Borba Corrêa, de Balneário Camboriú, retornou de mais uma incursão na Mata Atlântica, em busca de vestígios sobre a estrada do Peabirú. 

“Eu ainda não tinha visto uma extensão tão vasta de um caminho de pedra perdido na exuberância da Mata Atlântica. Caminhei aproximadamente 10km por esse calçamento contínuo e ainda deixamos para outro dia mais uns 20km, interrompidos em alguns trecho”.

Neste texto, Isaque conta sobre sua experiência e as descobertas que vão surgindo, algumas delas ainda em ‘segredo de ofício’.

Maria de Fátima Vieira

Acompanhe:

“O Peabiru é uma antiga estrada cuja origem ainda permanece em mistério. Não foi construída por nossos indígenas, que não tinham por hábito erguer grandes obras permanentes, nem pelos jesuítas, que se ocupavam principalmente de suas atividades religiosas. Os jesuítas, de fato, relataram à Companhia que em nosso continente existiam estradas tão impressionantes quanto as romanas que conheciam na Europa. Isso leva à exclusão da tese de que os jesuítas teriam sido os construtores, uma hipótese que perdeu força após estudos sobre o Peabiru.

(Divulgação)

A questão da estrada foi inicialmente levantada pelos próprios jesuítas, como o Padre Pedro Lozano, que mencionou uma via chamada de Peabiru pelos guaranis e de Caminho de São Tomé pelos espanhóis. Quando questionados pelos jesuítas sobre quem lhes havia ensinado ou construído recursos, os indígenas mencionavam um tal de Tomé, descrito como um homem branco, de barba, vestindo uma túnica de cor tornassol, segurando uma cruz e pregando sobre um deus invisível, cuja mãe se chamava Maria.

Essa figura, variando em nomes como Zumé, Sumé ou Tumé, foi prontamente associada por eles a São Tomé. Este tema me inspirou a escrever “São Tomé – A Saga do Apóstolo de Cristo no Continente Americano” na década de 1990, embora tenha sido publicado apenas em 2012 devido a limitações de recursos.

O primeiro escritor brasileiro a abordar o Peabiru foi Afonso de Escragnolle Taunay, em seu livro de 1928 sobre as bandeiras paulistas. O tema era pouco discutido no meio acadêmico até que Ernani Donato escreveu um artigo sobre o assunto. Mesmo assim o assunto permaneceu como lenda até que o arqueólogo paranaense Igor Chmiz realmente encontrou um trecho do caminho, solidificando sua existência.

(Divulgação)

Muitos contribuíram com escritos, mas a ideia inovadora foi a de que o Peabiru não era apenas um caminho, mas uma rede de trilhas interconectadas. 

O ramal catarinense, tornou-se o mais famoso, célebre por conta de personalidades históricas que o percorreram. Entre eles estão o Adelantado Alvar Nunes Cabeza de Vaca, que foi assumir o governo do Paraguai, e Aleixo Garcia, além de Don Fernando de Trejo e Sanabria, nascido em São Francisco do Sul e primeiro bispo de Tucumã, na Argentina; o botânico Francês August de Saint Hilaire.

Analisando o livro de Cabeza de Vaca e documentos escritos por ele, fica evidente que ele desembarcou na área do atual Porto de Itapoá e seguiu uma rota que ainda pode ser percebida hoje. Fui eu quem primeiro propus que este é o Caminho Peabiru Catarinense, no livro São Tomé.

Atualmente, há centenas de milhares de pessoas ao redor do mundo interessadas em localizar os remanescentes deste caminho. 

Só no Brasil, mais de 800 mil pessoas estão associadas ao Instituto Dákila nessa busca. 

Encontrar essas estruturas é uma coisa muito difícil, uma vez que muitas delas foram incorporadas em estradas modernas ou sumiram devido à agricultura.

Minha descoberta deste trecho inédito no Paraná, surgiu após anos de pesquisa e procura. Estou convicto de que o eixo principal do Peabiru, que conduz ao Paraguai, inicia-se no litoral paranaense. 

Estou realizando um trabalho de mapeamento do Peabiru. Estamos ainda na fase de geoprocessamento. Realizo este trabalho em conjunto com o geógrafo Fernando Henrique Lobo de BC e vai mapear todos esses caminhos baseados nesses remanescentes e sob a luz de centenas de mapas antigos de todos os estados e países sul-americanos.

Este trecho conserva elementos bem típicos da estrutura como mini-silos, usados para armazenar alimentos para viajantes; totens conhecidos como parejaras para correspondência indígena; cemitérios antigos e antigas construções de pedra como abrigos. 

Estas estruturas encontram-se em locais remotos, exigindo dois a três dias de jornada na densa floresta.

Esta foi apenas minha primeira incursão. 

Pretendemos continuar explorando até definir sua origem, seja em Guaraqueçaba, Antonina, Guaratuba ou, provavelmente, Paranaguá. 

O estudo do Peabiru e seu potencial como rota turística no Paraná está bem avançado, o que me leva a manter este segredo precioso até que tudo esteja meticulosamente mapeado e georreferenciado, para então divulgarmos sua localização”.

Maria de Fátima Vieira

Isaque de Borba Corrêa é historiador e escritor de Balneário Camboriú

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