A moradora de Balneário Camboriú, Mônica Kfouri, tem 67 anos e descobriu aos 64 a paixão por cantar. Ela tinha o sonho de fazer um show com banda e investiu para fazer isso acontecer. A ‘grande noite’ foi no Baile da Realeza, promovido pela Secretaria da Pessoa Idosa, na noite de terça-feira (4), no Cristo Luz.

Mônica descobriu o dom para a música durante o isolamento social da pandemia de Covid-19. Ela conta que acreditava que para conseguir cantar a pessoa já deveria ‘nascer com um talento’.
“Mas com 64 anos eu descobri que tinha voz! De 2018 a 2020 passei por três maestros e um professor de canto que não tinham formação técnica para isso, então perdi todo esse tempo. Um deles me disse ‘Não espere muito, pois suas pregas vocais já estão velhas’. Eu fui pra casa e chorei e 2020 inteiro pesquisei no YouTube tudo sobre laringe e prega vocal. E a prega vocal é músculo e só precisa ser fortalecida. Fiz consulta com fono para conhecer minhas pregas vocais e confirmar que eram saudáveis e fortes!”, relembra.
Sonho era cantar no Teatro Bruno Nitz
Em 2021, Mônica encontrou um professor em Itajaí. Com oito meses de técnica vocal ele me disse que a moradora de Balneário alcançou o que a maioria de seus alunos levaria de dois anos a dois anos e meio para alcançar.
“Então decidi enfrentar o desafio de me apresentar em público. A ideia inicial era o Teatro Municipal Bruno Nitz, pois se fossem 50 pessoas eu já cantaria para um monte de gente juntas (risos). O repertório de 10 músicas que criei foi para teatro! Homenagem à era de ouro do MPB de grandes compositores e como estavam entre a 1ª e 2ª guerras mundiais dei o título de ‘Entreguerras’. Fui ensaiando sozinha, ganhando fôlego dançando e cantando”, conta, lembrando que para se inspirar assistiu shows de cantores como Ivete Sangalo, Elba Ramalho, Ney Matogrosso, para ir tirando disso ‘um rebolado dali, um sambinha de outro, movimentos de braço’.
Banda completa e figurino
O sonho da moradora de Balneário era reunir diversos músicos e para isso contratou saxofone, flauta, bandolim, acordeon, baterista, baixo, violão e percussão, além de um casal de backing vocal para lhe dar suporte, pois seria a primeira vez no palco.
Porém, o Teatro Bruno Nitz entrou em reforma e a banda de Mônica precisava ensaiar, com esse ‘atraso’ ela precisou encontrar dois substitutos. Ela pagou pelos ensaios e também os cachês, inclusive de músicos de Florianópolis e Tijucas.
“O figurino eu criei e levei para a costureira confeccionar. Como não deu certo no Teatro Bruno Nitz, conversei com a secretária da Pessoa Idosa, Juliethe Nitz, para ver se havia a possibilidade de cederem um espaço para eu me apresentar, pois investi em produtora de vídeo, R$ 9 mil, que iria captar tudo. E ela me convidou para cantar no Baile da Realeza. Aceitei e fiquei emocionada. Quando ela disse que seria no Cristo Luz eu não acreditei. Foi uma belíssima recompensa”, acrescenta.
“Show de desenvoltura”
Mônica fará 68 anos em dezembro e diz que agora já se considera uma artista. Ela conta que a cantora Susi Brito lhe disse que foi inacreditável o que ela fez, porque na primeira vez no palco ou a pessoa desafina pra tentar interagir com o público ou por insegurança ela se liga para não desafinar e fica como uma estátua no palco.
“E ela disse que eu dei um show de desenvoltura, de interação com o público, de afinação, de dinâmico de palco e de comando com a banda, pois eles tiveram inúmeros problemas nos fones de retorno, atrapalhando incrivelmente a performance de todos e que eu dei a impressão que estava tranquila; e na realidade eu estava sem uma gota de saliva na boca e não entendia o que estava acontecendo. Mas foi uma ótima experiência”, completa.