Desde o último dia 11, a prefeitura de Balneário Camboriú, através da Secretaria de Inclusão Social, está fazendo um cadastro de pessoas cegas que residem na cidade. O objetivo é o de identificar o número de pessoas cegas que moram em Balneário e aprimorar políticas públicas, criar oficinas profissionalizantes e educativas para essas pessoas.
Os credenciamentos estão acontecendo na Casa da Família, na Rua 3.100, 876, no Centro da cidade, porém até o momento somente uma pessoa se credenciou.
O governo municipal pede que os cegos compareçam ou solicitem que representantes da Inclusão vão até suas casas.
Para fazer políticas públicas é preciso conhecer a população
A secretária de Inclusão Social de Balneário Camboriú, Christina Barichello, explica que o levantamento que iniciaram é um cadastro e também pesquisa.
O primeiro passo é fazer o levantamento de dados para saber quantas pessoas cegas ou que têm deficiência visual bem significativa há na cidade, para então fazer políticas públicas pensando nelas.
“Mas antes de pensar em políticas públicas é preciso conhecer a população que vai se beneficiar e saber as necessidades. Precisamos saber estatísticas – quantas pessoas são, onde vivem, quais os principais desafios – sabemos das barreiras arquitetônicas, por exemplo. Infelizmente, somente uma pessoa se credenciou, mas esperamos que isso mude”, diz.
Familiares podem entrar em contato com a Casa da Família via (47) 99982-1919 para quem não consegue ir presencialmente até a Casa, que fica na Rua 3.100, 876, no Centro da cidade.
O objetivo é que em três meses a secretaria já tenha uma boa ideia de quantas pessoas cegas residem em Balneário Camboriú, para fazer rodas de conversas, ouvi-las e saber suas maiores dificuldades.
“Pesquisas apontam que no Brasil 18% da população possui algum tipo de deficiência visual (desse total, 6,5 milhões possuem deficiência visual severa, sendo que mais de 500 mil têm perda total da visão e 6 milhões grande dificuldade para enxergar), mas queremos saber quantos cegos há em Balneário, por isso estamos fazendo esse levantamento. Apelamos para que venham se cadastrar porque queremos fazer políticas públicas mais assertivas, queremos dar mais suporte, e para isso precisamos do cadastramento”, diz.
Prefeitura em parceria com a Escola Helen Keller
Christina lembra que já houve avanço, destacando que quando foi vereadora fez uma lei em Balneário para autorizar a entrada do cão-guia nos estabelecimentos, pois na época não podia (hoje, por Lei Federal, só não pode entrar na UTI e cozinha industrial).
“Estamos também com uma parceria com a Helen Keller, porque queremos que mais moradores cegos de Balneário se beneficiem da Escola, já que há mais facilidade com a pessoa sendo daqui. Há ainda cães que não têm perfil para serem guias, mas podem ser cães terapeutas, e vamos fazer parceria nesse sentido para poder trabalhar na Casa do Autista, que será inaugurada entre julho e outubro, na Alameda Delfim de Pádua Peixoto, próximo da Helen Keller. O cão terapeuta poderá ir diariamente lá”, acrescenta.
26 de abril: Dia Internacional do Cão-Guia
O Página 3 esteve em 2022 na Escola Helen Keller, que tem uma rotina agitada com o treinamento dos futuros cães-guias (relembre aqui).
A presidente, Elis Busanello, conta que o cego de Balneário Camboriú precisa estar apto a ter o cão-guia, ele precisa querer, assim como a sua família, pois o cão precisa estar dentro de casa e ser cuidado.
“Ele [o cego] tem que ter o curso de orientação e mobilidade, tem que saber se deslocar na cidade… e tem que ter também a compatibilidade com o perfil físico e psicológico do cão. Queremos muito preparar cães para pessoas de Balneário Camboriú, pois para nós quanto mais perto a pessoa estiver da Escola, facilita nosso trabalho de acompanhamento técnico, mas os critérios precisam ser cumpridos”, diz.
O prefeito Fabrício Oliveira visitou a Escola recentemente e Elis disse que o momento foi ‘maravilhoso’ e que Fabrício demonstrou estar muito sensível à causa da Helen Keller, que precisa de apoio.
“Foi consolidada a parceria, tratando de um possível apoio, que estamos buscando, mas dependemos de alguns fatores. Neste próximo dia 26 é o Dia Internacional do Cão Guia e o maior problema que enfrentamos hoje, além da questão financeira, é a ignorância das pessoas, que impedem que o cão-guia ou o cão em treinamento entre nos estabelecimentos, por ignorar uma lei federal e às vezes isso acontece, nós explicamos, e ainda assim as pessoas são resistentes. Temos que esclarecer, porque isso [deixar o cão entrar] é obrigatório, e ainda enfrentamos resistência”, completa.