Um vídeo publicado nas redes sociais mostra a van da Abordagem Social deixando pessoas em situação de rua na Marginal com a BR-101, no Bairro dos Municípios.
A vereadora Juliana Pavan relatou ao jornal o ocorrido e disse que pedirá informações.
No vídeo, aparecem pessoas que estariam em situação de rua desembarcando da van. Nas imagens, um homem que está com o pé machucado e com muletas, diz que foi deixado no local e que pediu para ir ao hospital para trocar o curativo, mas que não teriam atendido, e que a equipe da Abordagem Social deixava as pessoas de van ‘igual cachorro’.
Juliana disse que a prefeitura está ‘transferindo o problema’ do Centro para o Bairro dos Municípios, e afirma que ‘é preciso tratar a base do problema e não mascarar a situação’.
Para ela, a atitude do poder público é ‘inadmissível’ e que ‘tirar estas pessoas do centro e levá-las para os bairros, numa tentativa de esconder a situação dos visitantes e turistas, não vai resolver este sério problema que a cidade enfrenta’.
“Estas pessoas em situação de rua precisam de atenção do poder público, de políticas públicas para resolver a questão definitivamente. Não é tirando o problema dos olhos dos turistas que se resolve a questão. Tirar eles do Centro para colocar nos bairros só transfere o problema para o bairro e não resolve”, dispara.
A vereadora disse que voltará a cobrar explicações do governo municipal sobre ‘a manobra mostrada no vídeo’.
“Sei que foge do alcance do poder público e que o trabalho da Abordagem Social é positivo, mas ao deixar essas pessoas no bairro, tirando do Centro, elas ficam circulando ali para usar drogas, e voltam para o Centro para arrombar, cometer furtos… é algo que não acaba. Não é culpar a administração municipal, pois é um ciclo. Quero chamar a atenção, pois é preciso que a prefeitura tenha um olhar com essa questão”, disse.
Um novo vídeo chegou ao Página 3, onde o mesmo homem que apareceu no vídeo do Bairro dos Municípios é gravado e fala para a câmera que estava errado e que foi acolhido pela Abordagem Social na Rua 916, e que foi para a Casa de Passagem, onde jantou e tomou banho.
Ele diz que gravar o vídeo falando mal da Abordagem Social foi ‘um equívoco’ e que é de Rio Grande e que está em Balneário para trabalhar – ele estaria trabalhando em uma mecânica no Bairro das Nações.
“Está tudo certo, foi um equívoco, tá bom? Foi um equívoco”, diz na nova gravação.
Secretária de Inclusão Social explica a situação
A secretária de Inclusão Social de Balneário Camboriú, Christina Barichello, disse ao jornal que algumas pessoas em situação de rua podem dizer que não aceitam ajuda da prefeitura falando inverdades (como ao falar que são agredidos, por exemplo) e que, como o homem que apareceu nos vídeos, são inverdades.
“Quando essas pessoas saem da Casa de Passagem, lembrando que não podemos obrigá-las a permanecerem lá, dizem que querem ficar em tal lugar, e as deixamos lá, como aconteceu nesse vídeo. Deixamos na UPA, no CAPS AD, assim como também pegamos pela cidade, para levar para a Casa ou para clínicas de reabilitação, lembrando que o município gasta mais de R$ 60 mil com vagas em clínicas, inclusive para pessoas que nem são de Balneário. Mas não temos como segurá-los ou obrigá-los a aceitar ajuda. Deixar essas pessoas pela cidade é a nossa rotina diária”, informou.
Mais de 200 pessoas em situação de rua
Segundo Christina, atualmente há mais de 200 pessoas em situação de rua em Balneário e que muitas delas estão pela primeira vez na cidade, principalmente por ser temporada de verão, onde circulam muitos turistas e consequentemente mais dinheiro.
“Muitos são migrantes, são de outras cidades de Santa Catarina, dizem que vêm para Balneário porque sabem que aqui receberão ajuda. O nosso pedido é sempre o mesmo: para que a comunidade e turistas não dêem esmola, porque não estão ajudando o morador de rua e sim o traficante, já que o dinheiro da maioria é para álcool e/ou drogas”, acrescentou.
Em 2022, 2.813 pessoas foram atendidas pela Abordagem Social, quando foram realizadas 28.243 abordagens (o maior número da história do departamento em um ano) e concedidas 544 passagens rodoviárias (menor número de passagens rodoviárias concedidas em um ano desde que se iniciou esse controle em 2008).
Se você sabe de alguém que precisa de suporte da Abordagem Social, ligue 156. O departamento atua 24h – todos os dias, incluindo domingos e feriados.