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Balneário Camboriú

Difamadas, piranhas geralmente só querem defender sua prole e não são assassinas

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Tudo indica que uma campanha de fake news e difamação que já dura um século manchou injustamente a reputação das piranhas. Segundo um novo levantamento, acidentes graves envolvendo esses peixes são raríssimos; não há uma só morte de seres humanos comprovadamente causada por eles até hoje; e a maioria dos acidentes acontece porque elas estão tentando defender sua prole.

As conclusões estão na dissertação de mestrado da médica-veterinária Patricia Tatiane Gomes, da Unesp de Botucatu, no interior de São Paulo. Ela mapeou centenas de relatos publicados no Brasil sobre acidentes com piranhas ao longo de dez anos (entre 2012 e 2022). Resultado: em 82,27% dos casos, as lesões em pessoas foram leves, correspondendo a uma única mordida, em geral tirando um pedaço da pele da vítima.

Apenas 0,7% das ocorrências estiveram ligadas a lesões mais graves. No restante dos casos, não foi possível determinar o tipo de machucado com base nos relatos divulgados na imprensa nacional ou local.

Gomes, cujo trabalho foi orientado por Vidal Haddad Junior (um dos principais especialistas do país em interações agressivas entre a fauna nativa e os seres humanos), destaca que o célebre fenômeno do “boi de piranha” nunca foi documentado cientificamente.

Ou seja, a ideia de que um bovino ou uma pessoa, ainda vivos, poderiam ser devorados rapidamente por um cardume desses peixes, ficando com os ossos “limpos” de carne em questão de minutos, é basicamente um mito.

“Hoje o que a gente encontra, e muito, são vídeos na internet de pessoas que jogam carcaças de animais no rio, ou então restos de peixes que capturaram. Aquilo acaba causando um ‘fervo’ de piranhas se alimentando daqueles restos”, conta.

“Isso viraliza de uma forma muito rápida e negativa, causando medo nas pessoas. Mas a questão é que essas carcaças contêm sangue ou substâncias ligadas à decomposição, e isso atrai as piranhas. Uma pessoa nadando, sem grandes ferimentos, não teria esse efeito nelas.”

As principais espécies do país envolvidas em acidentes com seres humanos são a pirambeba, ou Serrasalmus maculatus, comum no Sudeste, e a piranha-caju (Pygocentrus nattereri), encontrada na Amazônia Central (região de Manaus) e no Pantanal.

Gomes obteve dados sobre 711 acidentes em todo o território nacional no período estudado. Ela frisa que preferiu usar o termo “acidentes”, e não “ataques”, por analogia, por exemplo, com “acidentes ofídicos”, ou picadas de cobra, normalmente provocados pela presença invasiva de pessoas nos locais em que há serpentes.

Os estados brasileiros com maior número de casos foram Tocantins (309 ocorrências), Roraima (140) e São Paulo (78). Mais importante ainda, a maioria dos meses com grande número de acidentes batem com a época de reprodução das piranhas, que costuma ir de setembro a janeiro.

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Acontece que, nesse período, é comum que as fêmeas liberem seus óvulos em vegetação aquática flutuante. Os óvulos, então, são fecundados pelos machos, que ficam guardando a ninhada da aproximação de intrusos, o que inclui humanos.

Áreas represadas de rios ou lagoas, as quais muitas vezes são usadas pela população como praias de água doce, tendem a concentrar aguapés e outros tipos de plantas, o que acaba juntando pessoas e piranhas no mesmo ambiente. Além disso, são áreas muito frequentadas nos períodos de férias -não por acaso, outro pico de acidentes é o mês de julho.

Na grande maioria dos casos, portanto, tudo indica que as mordidas são uma forma de afastar possíveis ameaças à prole, deixando ferimentos arredondados característicos, conhecidos como “saca-bocado”. Via de regra, o dano é superficial. Gomes calcula que danos mais graves aconteçam em 1 a cada 147 acidentes, quando pode ocorrer remoção de tecido muscular ou de pedaços de falanges dos dedos.

De onde, então, teria vindo a lenda das “piranhas assassinas”? Segundo o trabalho, uma contribuição importante para a imagem legendária veio dos relatos do presidente americano e caçador inveterado Theodore “Teddy” Roosevelt, que visitou a Amazônia junto com o militar e indigenista Cândido Rondon nos anos 1910.

Em seu livro sobre a jornada, intitulado “Through the Brazilian Wilderness” (“Cruzando as Selvas Brasileiras”), Roosevelt descreveu cenas de piranhas “limpando ossos” de animais. Filmes de terror como “Piranha 2: Assassinas Voadoras”, de 1981, deram mais peso ao mito (ainda que piranhas nunca tenham voado).

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Para a pesquisadora, reduzir o preconceito contra predadores como as piranhas pode ter um efeito positivo para a conservação das espécies nativas. “Hoje, o ser humano não faz parte da dieta de nenhum animal no Brasil. A gente defende que as pessoas tenham a responsabilidade ecológica de que, quando entram num espaço natural, elas também estão sujeitas ao acidente num ecossistema que pode gerar dano.”

(Folhapress)

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