Nos últimos cinco anos, quase três mil animais foram resgatados e atendidos no Zoológico Cyro Gevaerd, de Balneário Camboriú.
Eles chegam principalmente pela Guarda Municipal Ambiental (GMA), através do Programa Abraço Animal, ou pela Polícia Ambiental Estadual ou outros órgãos de fiscalização, como o Instituto do Meio Ambiente (IMA).
No Zoo são atendidos pela bióloga Márcia Achutti e pela veterinária Samara de Oliveira Freitas.

O programa de recuperação de espécies machucadas existe há vários anos no Zoo, que recebia principalmente animais de tráfico. Mas em 2018 foi feito um convênio com a prefeitura de Balneário Camboriú, através da Secretaria do Meio Ambiente (Semam), onde surgiu o Abraço Animal e os números aumentaram.
“De 2018 até julho deste ano foram 2.854 animais atendidos no zoológico. Destes, 1.476 foram devolvidos para natureza e 1.005 animais não puderam ser soltos, devido a traumas ou alterações que impossibilitaram sua soltura. Estes animais permaneceram no zoológico recebendo todo o suporte para sua sobrevivência”, detalhou a bióloga Márcia.
Em 2022 foram 758 animais atendidos, a maioria são aves (456), seguidos de 190 mamíferos, 110 répteis, 1 peixe e 1 escorpião.
“Os exemplos mais constantes de animais recebidos do grupo das aves são as rolinhas, corujas em geral, sabiá, tucanos, já os mamíferos são os gambás, ouriços cacheiro e capivara, e do grupo dos répteis são as jararacas, corais e dormideiras”, explicou Márcia.
A origem destes animais são as mais diversas, mas a maioria vem de encontros ocasionais, como animais encontrados dentro de casa ou em ruas movimentadas.
Outras causas de atendimentos são filhotes, principalmente no período da primavera é onde a casuística deste tipo de atendimento aumenta.
“O zoológico segue ajudando na recuperação de espécies que são provenientes de tráfico de animais silvestres e além de atendimento de animais que sofreram algum trauma.
A veterinária Samara de Oliveira Freitas disse que o tempo de recuperação destes animais vai depender da gravidade de seus traumas.
Assim que o animal chega no zoológico é realizado uma triagem pelas biólogas onde são coletados seus dados, como número ocorrência, nome científico/comum, procedência, idade/sexo e estado do animal.
Após a triagem o animal é encaminhado para o setor veterinário para avaliação clínica, se estes animais não apresentarem nenhuma alteração e estiver em plenas condições, já são encaminhados para soltura. Caso contrário permanecem no setor até sua recuperação. Ou seja, estes animais recebem uma segunda chance, por exemplo corujas buraqueiras, curicacas, tucanos que possuem trauma nas suas asas e não conseguem mais voar, entre outros.
“Antes de qualquer soltura os animais são avaliados para verificação. Se preencher todos os quesitos de uma soltura segura para o animal ou para região que estes animais vão, então serão soltos”, disse a veterinária.
Estes quesitos são avaliados por conselho técnico, formado por veterinários e biólogos, que vai atestar que o animal está em plenas condições de saúde física e comportamental. A soltura só poderá ocorrer nas áreas de distribuição original das espécies.
Casos especiais
Samara contou que há casos que exigem cuidados intensivos e vários dias de acompanhamento. Ela citou alguns desses casos especiais.


“Um teiú (espécie de lagarto) que ficou preso no piche e precisou vários dias para retirar o material e um tratamento intensivo que no final possibilitou sua plena recuperação e soltura”, disse Samara.


Outro caso foi um cachorro do mato que foi perseguido por cães domésticos e acabou caindo em uma piscina desativada, o animal chegou no zoológico com quadro grave de hipotermia e diminuição de resposta a estimulo externo. Após longos dias de recuperação, o animal se recuperou totalmente e foi solto.


“Ainda tem o caso de um tamanduá mirim (Tatá) que chegou com poucos dias de vida, que recebeu todos os cuidados neonatais pela equipe do Zoo, mas como ficou muito dócil não pode ser solta e acabou ficando no zoológico”, afirmou a veterinária.