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Num mundo polarizado, centro acha seu norte

Por Beatriz Bulla, enviada especial. Colaborou Paulo Beraldo

“É hora de a América se unir. E se curar.” A primeira declaração de Joe Biden como presidente eleito representa o lema que norteou sua campanha e a esperança do seu eleitorado: tornar os Estados Unidos um país menos dividido. O democrata ganhou força como o político centrista, que dedicou a vida à construção de consensos bipartidários no Congresso. Para chegar à Casa Branca, Biden trabalhou para unir seu próprio partido em torno de sua candidatura e promete repetir a fórmula em escala nacional como presidente.

Para além do ambiente doméstico, a questão é como a visão antipolarização do democrata poderá se projetar no cenário político internacional. Analistas ouvidos pelo Estadão se mostraram céticos ainda quanto a um efeito imediato.

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“Joe Biden é o centro moderado. Então, o que temos hoje não é uma confrontação direta entre uma extrema-direita e extrema-esquerda”, afirmou Roberto Abdenur, ex-embaixador do Brasil nos EUA, Alemanha e China. “A polarização continuará porque possivelmente parte dessa ala esquerda mais radical do lado democrata será em alguns momentos até crítica ao Biden.”

Eleitores republicanos e democratas têm divergências marcantes sobre papel do Estado na economia, sobre políticas de contenção do coronavírus, mudanças climáticas e outras.

Pesquisa do instituto Pew Research publicada em setembro mostrou que há pouco diálogo entre eleitores de lados opostos. Cerca de 40% dos eleitores registrados nessa eleição não tem nenhum amigo que vota no candidato. Somando os que não têm nenhum amigo com posição divergente aos que dizem que conhecem apenas “algumas” pessoas, quase 80% do eleitorado não tem contato com pessoas com visão política diferente.

“Olhe para nós. Em quatro anos esse país foi dividido. Isso não está certo. As pessoas não precisam concordar em tudo, mas o que está acontecendo não é certo. É preciso unir. E esse é o tipo de pessoa que Biden é”, disse Faith Green, aposentada de 73 anos, uma das que passaram os últimos dois dias no estacionamento do centro de convenções em Wilmington, Delaware, à espera do discurso de vitória de Biden, carregando um boneco do democrata e uma foto de quando o conheceu pessoalmente na cidade.

Na manhã da vitória de Biden, mesmo longe dos eventos de apoio democrata, a cisão era vista nas ruas. Um grupo de apoiadores de Trump rezava em frente à uma clínica de aborto, enquanto o cliente de um café a poucos metros de distância contava a outros presentes como Biden é “um cara muito legal”.

“É um dia mais fácil para ser pai, para dizer aos filhos que caráter importa”, disse Van Jones, comentarista político da CNN após anúncio da vitória de Biden. “Pessoas que tinham medo de mostrar seu racismo começaram a se tornar cada vez mais hostis”, disse Jones, aos prantos.

Biden está há 50 anos na vida pública. Sua insistência em acordos com os republicanos no Senado, quando era vice-presidente de Barack Obama, por vezes até incomodava a ala progressista do partido. Foi em torno da ideia de que só um nome de centro poderia conquistar eleitores moderados e derrubar Trump que ele conseguiu o apoio nas primárias e colocou seus maiores críticos dentro da organização de sua campanha.

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A sensação de que poderia trabalhar pela unificação em tempos determinantes moveu Biden ao longo da vida pública. Em 1973, entrou no Senado dizendo ter sido inspirado pelo movimento dos direitos civis, que colocava fim às leis de segregação racial. Em 2017, decidiu concorrer à Casa Branca quando viu neonazistas, supremacistas brancos e integrantes do Ku Klux Klan nas ruas de Charlottesville.

“Trump deu continuidade ao processo de polarização política existente e incitou o rancor, antagonismo e as divisões sociais em novos níveis. A principal razão para isso é o fato de ele ter buscado satisfazer e mobilizar sua base com uso de uma linguagem muito negativa e políticas frequentemente antagônicas dirigidas a seus oponentes políticos”, disse o diretor do Centro de Estudos Políticos da Universidade de Michigan, Ken Kollman.

Base

Uma análise do Washington Post sobre os votos que deram a vitória a Biden nos Estados do Wisconsin e Michigan mostra que a virada se deu graças ao apoio mais expressivo em cidades democratas. Em vez de avançar no interior do Estado em áreas que votaram por Trump em 2016, o Partido Democrata ampliou sua base nas grandes cidades. As cidades e seus entornos ficaram mais azuis enquanto as áreas rurais continuaram republicanas.

No lugar de uma eleição que coloca um ponto final sobre qual ideia de país é predominante entre os americanos, a disputa de 2020 confirma as fissuras já conhecidas e aumenta o desafio de Biden de cumprir a promessa de união. “Isso (divisão) não começou com Trump e não terminará com ele”, disse à revista Time o republicano e ex-governador da Pensilvânia Tom Ridge, que declarou apoio a Biden. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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