SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Relatos de franqueados mostram que a relação com a maior rede de chocolates finos do mundo, a Cacau Show, pode está amarga, polêmica com alto executivo do Itaú chega mais perto do fim e outros destaques do mercado nesta segunda-feira (2).
CHOCOLATE 100% AMARGO
Qual é o caminho para se tornar o maior do mundo no que você faz? Talvez, alguns fiquem feridos na subida. Em depoimentos colhidos pela Folha, franqueados da Cacau Show relatam se sentir deixados para trás na trilha para o sucesso midiático da empresa.
Os relatos trazem queixas de dívidas, taxas abusivas, ameaças veladas ou diretas recebidas de consultores da empresa, multas teoricamente inexplicáveis e culto à personalidade do fundador da rede, o chocolatier Alê Costa.
RAIO-X
A Cacau Show é hoje a maior rede global de chocolates finos. Os franqueados são uma parte importante dessa envergadura: hoje somam mais de 4.600 unidades no país, segundo a ABF (Associação Brasileira de Franchising)..
NÃO TEM ALMOÇO GRÁTIS
O preço de embarcar na ideia do show da chocolateria foi alto.
Um dos 13 franqueados e ex-franqueados ouvidos pela reportagem afirma estar com dívidas de R$ 2 milhões. Há quem diga ter acabado com as economias de uma vida.
A taxa do cacau é um dos principais problemas citados pelos que se sentem trapaceados pela marca. Ela foi instaurada em 2024, quando o preço do fruto que dá origem ao chocolate começou a subir (muito).
Em 2024, o preço da commodity no Brasil aumentou 11,99%, segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). O fenômeno climático “El Niño” devastou plantações em Gana e na Costa do Marfim, países da África responsáveis por 70% da produção de cacau. Daí a lei da oferta e da demanda fez a sua mágica.
A Cacau Show repassou a alta dos custos da matéria-prima aos franqueados, com a justificativa de segurar a barragem antes que a enxurrada chegasse aos consumidores. O problema: a taxa era proporcional ao estoque, e devia ser cobrado mesmo sobre o que havia sido comprado antes da crise.
A empresa contesta a existência da tarifa mas, ao mesmo tempo, a justifica afirmando ter havido um aumento de preços para a indústria.
SEM TRÉGUA
Talvez, não seja a hora de entrar em um financiamento. É melhor segurar o carro dos sonhos para 2026. Não estamos cuidando da sua vida, quem manda o recado é o mercado financeiro.
Com a alta do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e os dados mais recentes da economia brasileira -que indicam que ela continua forte- as apostas de que a Selic deve terminar o ano em 14,75% ao ano, patamar atual dela, recrudesceram. Os cortes devem vir só no ano que vem.
COMO ASSIM?
Com o aumento dos encargos tributários sobre empréstimos para empresas, o crédito fica mais caro e restrito. Isso se o Ministério da Fazenda mantiver o desenho atual do decreto que estabelece a nova taxa.
Some a isso o último comunicado do Copom (Comitê de Política Monetária), colegiado que decide a taxa. Nele, deu para perceber a intenção de terminar o ciclo de alta.
Se não dá para baixar, mas ninguém quer aumentar, o que sobra é manter.
IMPACTO
A medida do IOF é indigesta para a Faria Lima (caso você não tenha percebido agora). Depois da notícia, a maioria dos bancos e casas de análise se resignou e aceitou o destino manifesto -cortes, só no primeiro trimestre de 2026.
Derrubá-la ajudaria? Talvez não. Uma vez que uma ideia vai para o mundo é difícil colocá-la de volta na caverna.
Para Caio Megale, economista-chefe da XP, a eventual derrubada do decreto de aumento do IOF pioraria as perspectivas de equilíbrio das contas públicas do país e reduziria a confiança na interrupção do ciclo de alta de juros em junho.
BALANÇA, MAS NÃO CAI
Pesa também na avaliação o fato de que a economia brasileira é, aparentemente, uma locomotiva sem freio.
Indicadores de emprego, renda e crédito continuaram sólidos. Isso significa que é provável que as pessoas continuem gastando dinheiro sem medo de ser feliz. Tudo isso contribui para o aumento paulatino dos preços -a tal da inflação, que é o que a Selic alta tenta segurar.
CHEGA!
Foi o que disse o contador Eliseu Martins nesta semana. O nome do perito apareceu em um problemão dentro do Itaú, que envolve acusações de fraude contratual e desvio de dinheiro e ele resolveu colocar um ponto final no bafafá. Se ele conseguiu, é uma outra história.
Na sexta-feira (30), ele assinou um acordo com a instituição financeira, no qual se comprometeu a pagar R$ 2,5 milhões para encerrar o caso.
“Preferi devolver o que me era devido e encerrar, aos 80 anos, essa maluquice. Principalmente pelo envolvimento injusto dos meus filhos”, disse Martins em email enviado à Folha de S.Paulo.
RECAPITULANDO
Eliseu Martins é um dos contadores mais conhecidos do Brasil. Ele fornecia pareceres -ou seja, avaliações contábeis e financeiras- para o Itaú.
A maior parte das avaliações era solicitada por Alexsandro Broedel Lopes, que foi um dos principais executivos do Itaú, onde trabalhou por 12 anos. Ele saiu para assumir um cargo no Santander na Espanha. A instituição financeira acusa os dois de usarem mecanismos do banco para fazer uma graninha extra.
O esquema funcionaria assim: Broedel, na principal cadeira financeira, solicitava um parecer sobre as contas para um terceiro, Martins. O banco pagava o valor da análise, que nunca era entregue pelo contador.
Um segundo probleminha: os dois eram sócios em uma empresa, e o CFO reteria uma parte dos valores pagos pela companhia.
NO PAPEL
No documento, Martins reconhece ter mantido uma “sociedade de fato” com Broedel, cujo objetivo era a prestação de serviços e elaboração de pareceres contábeis e consultorias.
Mas o problema do Itaú é com o fato de não ter sido avisado que os dois eram parceiros, o que fere a governança do banco.
Além dos R$ 2,5 milhões que ele se compromete a dar no novo acordo, ele já devolveu R$ 1,5 milhão por quatro pareceres pagos antecipadamente, mas que não chegaram a ser entregues.
E O OUTRO?
Não se livrou. Em nota divulgada no dia em que o tratado foi selado, o banco afirmou que “continuará com as ações judiciais em curso contra Alexsandro Broedel”.
Até o momento, Broedel sustenta no TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo) que as acusações do Itaú não têm sentido e que os pareceres de Eliseu Martins já eram contratados pelo banco antes de sua entrada na instituição.
VOCÊ SABE O QUE VOCÊ COME?
Pensamos mais sobre o alimento que está no nosso prato do que em como ele chegou ali. Este caminho, no entanto, tem tudo a ver com o mercado. Deixemos a nutrição de lado para refletir sobre como a comida que você come tem a ver com o dinheiro.
O agronegócio brasileiro vem consumindo mais agrotóxicos e fertilizantes para aumentar a produção de soja -cultura em que é líder global. O crescimento ocorre em escala maior do que a ampliação da área plantada. Além dos riscos para o meio ambiente, isso tende a diminuir a rentabilidade no campo.
MAIS AGROTÓXICOS, MAIS SOJA?
Não necessariamente. O Brasil lidera o ranking de quem usa mais defensivos, na comparação com outros grandes produtores, como EUA, Argentina, China e Índia.
No uso de fertilizantes para soja, o país só fica atrás dos chineses levando em conta o volume por sacas. Ainda que a produção tenha crescido muito, mas muito rápido no Brasil, rolou uma queda no total de sacas obtidas com esses insumos.
A cultura de soja no Brasil é vista pelo agronegócio como um case de sucesso. Em 30 anos, a área de cultivo do grão passou de 11 milhões de hectares para 44 milhões.
EM NÚMEROS
– O país produzia 23 sacas de soja para cada 1 kg de agrotóxicos empregado, em 1993;
– Em 2023, são apenas sete para a mesma quantidade de produtos.
NA PRÁTICA
Enquanto nessas três décadas a produtividade da soja cresceu 2% ao ano, ela ficou abaixo do aumento da área plantada (5% ao ano), do uso de agrotóxicos (11%) e de fertilizantes (8%). Na última década, o custo de insumos subiu de 30% do valor bruto produzido para 44%.
Nem tudo o que reluz é ouro. Enquanto o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu 1,4% no primeiro trimestre deste ano, o índice no setor foi de 12,2%.
“São resultados que enchem os olhos. Mas o fato é que os produtores estão utilizando cada vez mais insumos. Dependendo do preço internacional [cerca de R$ 120 para a saca de 60 kg atualmente], isso deve afetar a sustentabilidade”, diz Jaqueline Ferreira, diretora de Pesquisas do Instituto Escolhas.
Para piorar, estes produtos são caros. Muitos são importados, o que significa que a desvalorização do real frente ao dólar é decisiva no valor deles. Ou seja, precisar de cada vez mais agrotóxicos pode encarecer a soja brasileira e deixá-la menos competitiva no mercado internacional.
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