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Balneário Camboriú
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A Grande Balneário Camboriú: o futuro desejável

Robson Ramos

“A questão para nós não é pensar sobre os próximos seis meses, mas sobre o próximo século”, afirmou Nicolas Sarkozy no evento de inauguração de um centro para o patrimônio arquitetônico da capital francesa em 2009. A “Grande Paris”, foi o nome dado à exposição apresentada naquele novo complexo arquitetônico que deveria oferecer “uma oportunidade de recolocar a arquitetura no coração de nossas opções políticas”.

Os 10 escritórios de arquitetura escolhidos apresentaram propostas de transformação apresentando a Paris do Futuro, com foco na integração e mobilidade urbana entre o centro e a periferia e nas questões ambientais.

Um dos problemas a serem abordados era a desconexão entre o Centro histórico e a periferia usada por bairros destinados a dormitórios, na qual vivia a maior parte da população “não turista” da cidade.

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Sarkozy então propôs a realização de um concurso do qual participariam empresas de arquitetura e urbanismo, francesas e estrangeiras, para avaliar as necessidades da grande Paris para os próximos “20, 30, 40 anos”.

Balneário Camboriú e região demandam ações similares no que diz respeito à mobilidade urbana e transporte público.

Não é minha pretensão apresentar um estudo sobre a Política Nacional de Mobilidade Urbana da qual trata a Lei nº 12.587/2012, mas sim abordar um tema que dela decorre, como parte de conjunto de medidas que podem ser debatidas pela sociedade, ou seja: transporte público e a qualidade de vida.

Transporte Público e Qualidade de Vida

Hoje em dia as palavras chave numa cidade moderna são: integração, abrangência, conforto, segurança e capilaridade.

É preciso promover uma cultura e conscientização de que a gestão eficiente da logística urbana promove uma melhora na qualidade de vida e saúde das pessoas de um modo geral, crianças, jovens, adultos e idosos, além de trazer benefícios para o meio ambiente.

Quanto tempo é perdido indo de casa para o trabalho, do trabalho para casa? É um tempo produtivo que se perde no trânsito quando transitamos em determinados momentos do dia, seja dentro de Balneário Camboriú para Camboriú, Itajaí e em especial para o aeroporto de Navegantes.

Nesse caso as duas únicas opções são a BR 101 e o Ferry Boat em Itajaí. Em momentos de pico, num dia chuvoso ou quando há um acidente na BR – situações bem comuns – o tempo que se perde é enorme uma vez que o número de caminhões e de carros nesse trecho já é insustentável, em especial nas vias de acesso que acabam se transformando em “gargalos” que nos fazem perder tempo, ficar estressados e não raras vezes gerar acidentes.

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A mobilidade exige uma abordagem sistêmica. Isso significa que a solução de um problema em algum ponto da cidade implica em analisar os reflexos no todo das relações que se estabelecem no fluxo do trânsito. Precisamos olhar para o trânsito como o fornecedor universal da cidade: pais, filhos, avós, profissionais que dirigem carros de transporte escolar, professores, pilotos de avião, motoristas de ambulâncias, funcionários de hotéis, advogados, empresários, engenheiros, executivos, policiais e gente que atua em todas as áreas.

Essa é uma condição inexorável. A vocação turística, o aumento das pessoas que se mudam para Balneário Camboriú e o número crescente de pessoas idosas no município apresentam desafios únicos que pedem uma resposta à altura.

Não podemos ficar olhando para a beleza de uma Roda Gigante iluminada numa noite enluarada ou para um navio que atraca em nosso litoral repleto de turistas com chapéus coloridos e que irão gerar receita para o comércio local e fechar os olhos para questões que estão aí batendo à nossa porta, tais como o fornecimento de água, empregabilidade e moradia para as pessoas de outras partes do país que vem para cá em busca de trabalho e acabam tendo que morar em condições precárias. Não é nenhum segredo que famílias vivendo em condições de vulnerabilidade social são presas fáceis para o tráfico de drogas, prostituição dentre outras mazelas. Os reflexos disso para a Segurança Pública e para a comunidade em geral não podem ser deixados de lado dessa equação.

O que fazer?

Seguindo o exemplo de Nicolas Sarkozy poderíamos realizar uma exposição com a apresentação dos 10 melhores projetos voltados para a Mobilidade Urbana de Balneário Camboriú nos próximos 50 anos, e que se utilizem dos conceitos mais modernos e eficientes em cidades do mundo como Paris, Amsterdam, Tóquio e até mesmo Curitiba, modelo para muitas cidades do Brasil e do Exterior, e os adaptem para o contexto de Balneário Camboriú.

Imagine o leitor um Metrô de Superfície confortável, eficiente e seguro transportando passageiros de um ponto ao outro na cidade, instalado na Terceira Avenida, interconectado com modais similares nas cidades vizinhas, com uma malha viária conectando pontos principais da cidade tais como a Região Central, Shopping, Hospitais e obviamente aos bairros mais periféricos, com estacionamento onde as pessoas deixariam seus carros ou bicicletas para se deslocar para o seu trabalho na região central utilizando um transporte público acessível, rápido e confortável.

Para que propostas como essas se concretizem precisamos de gestores públicos, líderes da iniciativa privada e representantes da sociedade civil organizada, que tenham visão, vontade política e disposição para pensar nas próximas gerações, à exemplo do que fez Nicolas Sarkozy.

Se afirmamos que Balneário Camboriú é uma cidade com padrão internacional devemos, por uma questão de coerência, implementar soluções modernas e eficientes, particularmente no que diz respeito a um Transporte público acessível para todos.

Alguns pontos fundamentais a serem considerados:

#As ruas devem deixar de ser “vias” de passagem e passar a ser locais de convivência;

#Transporte público deve ser alternativa acessível para pessoas de todas as idades e níveis sócio-econômicos;

#É preciso educar as pessoas para que não mais pensem que transporte público é coisa de pobre;

#Mobilidade urbana deve privilegiar o deslocamento das pessoas e não a passagem dos automóveis. Hoje isso está invertido. Há nas ruas uma quantidade enorme de carros muitas vezes com apenas uma pessoa, enquanto pedestres tem que andar nas calçadas se desviando de gente passando de bicicleta que, a despeito de terem a ciclovia à sua disposição, usa a calçada para se locomover;

A Grande Balneário Camboriú: um futuro desejável e possível. Uma visão que deveria nos empolgar e nos mobilizar. Uma agenda que merece ser levada adiante. De que maneira você quer colaborar com esse debate?


Robson Ramos é advogado, escritor, membro da Academia de Letras de Balneário Camboriú, presidente do Conselho Municipal do Idoso de BC, de 2009 a 2011, e professor efetivo da Rede Municipal no mesmo período. Autor do livro O Idoso do Plaza: crônicas para saber envelhecer.

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