Waldemar Cezar Neto*
O ritmo da vacinação contra a Covid-19 em Balneário Camboriú (e no Brasil) é tão ruim que a cidade corre o risco de repetir a temporada de verão frustrada.
A última temporada, a pior de todos os tempos, os feriados subsequentes e fatos semelhantes em todo o planeta, deixaram claro até para os mais teimosos que sem vacinação em massa não existe turismo.
E a perspectiva para a vacinação é a pior possível. Balneário Camboriú vacinou com duas doses apenas 10% da sua população (o Brasil totalizou até agora 5,17%) e nesta quarta-feira o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse acreditar que conseguirá vacinar os grupos prioritários até setembro.
Ele ainda não tem as vacinas, mas acredita que terá.
Então, que o ministro Queiroga acredita é que em setembro a maior parte da população do País, incluindo naturalmente Balneário Camboriú, estará longe de ser vacinada.
Com isso, quase toda a força de trabalho do país, as pessoas com menos de 60 anos, exceto as que atuam em setores essenciais, não terão recebido a vacina.
Setembro é 90 dias antes da temporada e se o governo não consegue de agora até lá doses de vacina para atender uma minoria da população, os 60+, não existe motivo para acreditar que conseguirá entre setembro e dezembro para a maioria, os 60-.
Baratinado, o prefeito de Balneário Camboriú, Fabrício Oliveira, se meteu num amalucado projeto da Federação Catarinense dos Municípios, para comprar vacinas para todos, mais uma dessas ideias que seria melhor não ter.
O que os prefeitos daqui, dali e de acolá precisam fazer, de forma clara e destemida, é reunidos dizerem ao irresponsável que dirige o país que os negócios foram arruinados e milhares continuarão morrendo se Bolsonaro seguir desdenhando a pandemia.
Em Balneário Camboriú ocorre uma tragédia, morreram 314 pessoas até agora e a maioria dessas mortes ocorreu nos últimos três meses e meio.
Seguimos em situação gravíssima para contágio; os especialistas falam em uma nova onda e as estatísticas macabras mostram que a pandemia continua fora de controle no país.
Ontem, para quem não prestou atenção, foram 3.157 mortes no país, o mesmo que 44 aviões da Chapecoense.
*Waldemar Cezar Neto é editor do Jornal Página 3.