Uma notícia muito triste nos chegou, no último final de semana. Imensamente triste. A notícia de uma perda, uma grande perda. É triste e dolorido comunicar a todos aqueles que tiveram o privilégio de conhecer e/ou ler a sua obra: acabamos de perder o Dr. Enéas Athanázio, um dos maiores escritores catarinenses. Um regionalista por excelência, fiel aos seus “Campos Geraes”, contista dos melhores deste nosso Brasilzão de Deus, ensaísta, articulista, pesquisador incansável da cultura e da literatura brasileira, um dos grandes representantes das letras do Sul e de todo o Brasil, na verdade.
Foi no último dia 4 de abril que a cultura e as letras catarinenses e brasileiras ficaram mais pobres, com a ausência deste grande e dedicado cultor e produtor da boa literatura em português.
Ele divulgou inúmeros escritores, da Santa e bela Catarina, do Brasil e até de outros países. Ele os lia e resenhava e, importante, publicava as resenhas na imprensa brasileira.
Ele era o crítico literário que não falava mal, escrevia sobre as obras que gostava, sobre aquilo que tinha valor e, assim, divulgou uma imensidade de obras por décadas. E publicava quase tudo em livro: ele tem muitas dezenas de livros e opúsculos publicados.
Graças a Deus, tive o prazer de conhecê-lo há bastante tempo, desde quando comecei minha lida na literatura, fundando um grupo literário e publicando uma revista, a mais perene do gênero, completando este ano 45(quarenta e cinco) anos de trajetória.
Ele foi membro fundador do Grupo Literário A Ilha, esteve conosco durante todos esses 45 anos. O Dr. Enéas e Urda Alice Klueger foram os escritores mais assíduos nas publicações do Grupo A Ilha: as revistas Suplemento Literário A ilha (esta também completando 45 anos), Escritores do Brasil e nas diversas antologias lançadas no decorrer dessas quatro décadas. Ele foi o grande incentivador, quem ajudou a manter as atividades da nossa agremiação literária, para que chegássemos até aqui, aos 45 anos de existência e resistência.
Triste ironia, o último artigo (ou crônica?) publicada no jornal Rio Total, da nossa amiga Irene Serra, na semana passada, intitulava-se “Vida e Morte Repentina”. Nele, entre outras coisas, ele dizia: “… A Parca, nestes últimos tempos, tem sido impiedosa com o meio literário nacional, devastando-o de numerosos valores, tanto de longe como de perto. A ausência de cada um deles, a seu modo, empobrece a vida cultural e literária do país, já de si claudicante nestes dias bicudos que vivemos”.
Ah, Dr. Enéas, a sua ausência empobrece, sim, a vida cultural e literária do país. O senhor não imagina a falta que vai fazer, que já está fazendo.
Nosso grande amigo e imenso escritor deixa uma obra extensa e muito rica, que felizmente o torna imortal, pois sua produção e a lembrança do homem gentil e carismático, um gentleman, o manterão sempre perto de nós, muito perto, aliás: dentro de nossa memória e de nossos corações.
Siga em paz, querido amigo. O céu está mais culto e mais interessante com a sua presença, confraternizando e fazendo prosa com Quintana, Drummond, Júlio de Queiroz, Lauro Junkes e tantos outros.

Luiz Carlos Amorim é escritor, editor e revisor; Fundador e presidente do Grupo Literário A Ilha, completando 45 anos de trajetória em 2025, editor das revistas Suplemento Literário A Ilha e Escritores do Brasil, Cadeira 19 na Academia Sulbrasileira de Letras e cadeira 19 da Academia Desterrense de Letras. prosapoesiaecia.xpg.com.br | luizcarlosamorim.blogspot.com.br