Balneário Camboriú sempre foi uma cidade dinâmica, que se reinventa ao longo dos anos. Nos anos 60, 70, 80 e 90, a Avenida Central era o verdadeiro coração comercial da cidade, onde tudo acontecia. Uma via charmosa, movimentada e repleta de lojas icônicas. Funcionava como um shopping a céu aberto, com fluxo equilibrado de carros e pedestres, vital para o comércio e o convívio.
A decisão de transformar essa via em calçadão no final dos anos 90 desestruturou completamente essa dinâmica dando início a decadência da Central. Sem uma cartilha de postura, controle das atividades comerciais e fiscalização, a região se tornou caótica, suja e insegura, contaminando inclusive o entorno com pequenos delitos e barulho constante.
A Central não é um caso isolado.
Em Itajaí, a Rua Hercílio Luz seguiu o mesmo caminho: virou calçadão, perdeu vitalidade e o comércio definhou. O modelo fracassou de forma semelhante. A perda de valor foi evidente.
Hoje, o metro quadrado no entorno do calçadão da Central é metade do valor de regiões semelhantes de Balneário Camboriú. Isso mostra o impacto direto da desorganização urbana na valorização imobiliária e na qualidade de vida.
Reabrir a Avenida Central não é retrocesso. Organizar e disciplinar muito menos. É modernizar com responsabilidade. Uma rua acalmada, com trânsito reduzido, mas funcional, pode devolver o equilíbrio e controlar a ocupação do espaço. Cidades de referência já adotaram esse modelo com sucesso.
O centro de Balneário Camboriú merece um novo ciclo de valorização, segurança e qualidade urbana. Sua repaginação responsável, reurbanização, ocupação com qualidade e a reabertura inteligente da Avenida Central são atitudes que devolverão a real importância aquele curto corredor onde Balneário Camboriú se desenvolveu social e economicamente.
Celso Eduardo Rauen é morador de BC desde 1980, sendo 20 deles no Edifício Imperador