Waldemar Cezar Neto*
Quando ocorrem chuvas fortes, alguns trechos das praias podem ficar temporariamente poluídos pela sujeira urbana, por isso a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente sobre o assunto estabelece que “quando a deterioração da qualidade da praia for decorrente da lavagem de vias públicas pelas águas da chuva (…), essa circunstância deverá ser mencionada no boletim de condição das praias e balneários”.
O Instituto do Meio Ambiente (IMA, ex-Fatma) não faz isso, coleta após chuvas torrenciais e não destaca na divulgação esse fator que faz fundamental diferença.
A temporada é curta, com cerca de seis semanas e com o IMA coletando apenas uma vez por semana, basta uma única análise após chuva torrencial para tornar uma praia imprópria durante todo o período de maior movimento de turistas.
Sabendo disso, Balneário Camboriú dessa vez se precaveu, contratou um renomado laboratório para fazer análises três vezes por semana e contestar os laudos do IMA.
E o que emergiu foram fortes indícios de má prática científica por parte daquele Instituto.
A desconfiança da má prática ganha força na medida em que o IMA se recusa a permitir que técnicos da prefeitura de Balneário Camboriú acompanhem as suas coletas.
Sim, acompanhar, porque se coletarem com água no tornozelo e não na cintura, como estabelece o método científico, o resultado fatalmente será diferente.
Em microbiologia, no mundo das porções minúsculas de vida, o rígido método científico é essencial para a exatidão dos resultados. Um frasco mal esterilizado pode condenar uma cidade a perder milhares de turistas e ao que consta o IMA reaproveita seu material, ele não é descartável.
Durante semanas Balneário Camboriú apresentou excelentes resultados de balneabilidade, mas nos dias 2 e 8 de janeiro alguns pontos, pelas análises do IMA, se mostraram impróprios.
Olhando o gráfico das chuvas o leitor perceberá que os laudos negativos aconteceram após chuvas fortes no dia anterior à coleta.
Porém, o laboratório privado contratado pelo município, fez exames também no dia 2 e o resultado foi completamente diverso do IMA.
Isso levanta a suspeita -porque o IMA (ex-Fatma) tem merecida má fama devido aos tantos escândalos de corrupção- que a coleta foi feita sem respeitar o método científico.
Por isso os métodos usados pelo IMA precisam ser investigados pelo Ministério Público, devido ao enorme prejuízo que eventuais más práticas científicas podem causar à economia de todo o litoral catarinense.
Balneário Camboriú é a prova concreta de que tem algo errado nas análises daquela repartição que durante duas décadas se considerou acima do bem e do mal em assuntos de balneabilidade.
*Waldemar Cezar Neto é editor do Página 3 e não confia no IMA.