Texto Allan Schroeder
Completo exato um ano do governo Bolsonaro, de 1º de Janeiro de 2019 ao de 2020, o Real perante o Dólar havia se desvalorizado em 43%, a segunda maior desvalorização de moeda do planeta, atrás apenas da Venezuela. Em 2021 seguimos no mesmo trajeto, perdendo apenas para a moeda do Mianmar, país que está sob um conflito de golpe de Estado. Apenas duas moedas tiveram desempenho pior: o dinar da Líbia e o peso de Cuba, que ao contrário do Real foram políticas deliberadas do Estado, ao invés de um desastre de condução econômica.
O resultado disso é o impacto direto no nosso bolso, através da inflação. Os grandes produtores agrícolas, podendo ganhar mais em Dólar vendendo para o exterior do que em Real vendendo para nós brasileiros, acabam levando todas as safras para o exterior, diminuindo a disponibilidade de alimentos e fazendo os seus preços elevarem, ou seja, gerando inflação. Em 2020, a inflação de alimentos medida pelo índice de preços ao consumidor amplo (IPCA) do IBGE atingiu 14,09% (a maior elevação em quase vinte anos), e o INPC, que considera famílias com renda de até 5 salários mínimos (as mais pobres), acumulou 15,53%.
Ou seja, é por isso que a frase “Pão é trigo, trigo é dólar” é tão repetida. Todos os produtos que são dolarizados, como os alimentos e os combustíveis, sofrem aumento de preço com nossas desvalorizações cambiais.
É a necessidade de um Projeto Nacional de Desenvolvimento que incentive a criação de uma soberania alimentar e de combustíveis, para que as famílias mais pobres, além de pagarem a maior quantidade de impostos, também não sejam as que mais sofram com a inflação.
Allan Schroeder é advogado e reside em BC (Instagram: @allanmullerschroeder/ (47) 9 9912-5898