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Pisquei e se passaram 20 anos: Memórias do Rock in Rio III

Bruce Marques

Nesta semana a terceira edição do Rock in Rio, ocorrida entre 12 e 21 de janeiro de 2001, completou 20 anos. Muitos artistas lembraram a data, inclusive o músico e jornalista itajaiense Bruce Marques, que na época tinha 15 anos e foi em três emblemáticas noites do festival. Acompanhe a descrição de uma lembrança:

“Acende um… cigarro, pega um drink, que a história é longa, mas é boa! Hoje faz 20 anos que fui ao Rock in Rio pela última vez. 35 reais o ingresso de cada noite. Fui em três, pra ver Oasis/Guns, Silverchair/Red Hot, e o Iron Maiden. Vi até Carlinhos Brown tomar chuva de lata. Tava perto, mas não joguei nenhuma. Bom menino. 

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Mas anteontem, fez 20 anos que acordei às 5h da manhã, me arrumei e saí sozinho rumo à Cidade do Rock, que ficava na mesma rua do prédio onde eu estava hospedado, distante “apenas” uns 5 ou 7 km. Missão: Iron Maiden. Saí do prédio, comprei alguma coisa pra comer e beber com uma ambulante, que já foi com a minha cara e me arrumou uma carona com alguém de kombi até “perto” do evento. Desci da kombi e andei mais um monte, e às 8h da manhã eu estava ligando pra minha mãe: “Mãe, adivinha onde eu tô?” “Pegando um sol na piscina do prédio”, respondeu ela. “Pegando um sol na cabeça, mas na fila do Rock in Rio”, respondi. “Tu é louco, guri?” Metaleirinho encarnado, né? Não tinha tempo pra piscina quando ia ficar tão “próximo” dos meus ídolos. Então fui o mais cedo que pude pra “garantir” um lugar legal pra ver o show de perto. Mas eram 8 da manhã, os portões só abririam às 13h, o primeiro show no Palco Mundo era às 18h, e o Iron Maiden subiria ao palco lá pelas 23h, meia-noite. Baita saga. Fui com uma camiseta amarela, pra destoar de todo mundo e tentar me ver na TV depois. Uma galera me viu numa passagem da Ana Paula Padrão pro Jornal Hoje. Eu ao fundo gritando “Maiden, Maiden, Maiden!” Mas depois voltei pra fila. Mas não era bem fila, era um aglomero de gente em torno de um semicírculo com vários portões. E nesse aglomero vi de tudo: mina de biquíni e all star (Errada ela? Nunca! Calor da porra…), metaleiros brigando porque um não aceitava o outro com a bandeira do “Fear of the Dark” – pq era um disco “pop” da banda (risos) -, fiz amizades “verdadeiras” por algumas horas – o carinha gente boa do Sul, de amarelo perdido entre os headbangers. Se tivesse Instagram naquela época, teria ficado amigo de vários até hoje. Enfim. 13h. “Vão abrir os portões!” E não à toa compus “Cara de Sorte”, pq desde aquela época eu sou um. Abriram bem o portão que eu estava encostado. Saí correndo, revista pessoal – não tinha drogas nem câmera fotográfica (ufa!) -, enfiei o ingresso na máquina e corri. Mas corri. Fiz uns 500 metros em um 1 minuto – Jovem, né? Sei lá. Foquei no palco, e fui. Foda-se o calor, a dor nos pés, eu só queria garantir um lugar perto do palco, e já tinha umas cabeças lá na pista. E cheguei perto da onde eu queria. Agora era esperar. 

E esperei. Esperei, esperei, esperei tanto até não aguentar mais e sair fora da muvuca, rumo a um macarrão com coca, pq eu tava azul de fome. E depois, renovado, fui voltando “malandramente” lá pra frente, só que do outro lado do palco. Ainda encontrei uns conhecidos no caminho. Aí vem mais um monte de história pra contar com uma cerveja, mas destaco aqui algumas. 

A roda “gigante” no show do Sepultura. Gigante mesmo, uns 50 metros de um lado ao outro, onde os headbangers se escolhiam nas bordas da roda para um encontro de ombros no meio dela. E era muito frenético. E o mais legal, muito respeitoso, pois quando um caia, todo mundo ajudava, pq ninguém queria que aquela brincadeira sadia terminasse mal. E eu na roda. Muito legal. Depois me cansei, e no show do Rob Halford pedi gentilmente para um casal me emprestar um ombro onde eu pudesse encostar a cabeça e cochilar. Em pé mesmo, pois não tinha espaço pra cair pra trás ou pros lados. “Sério mesmo?”, o cara perguntou. “Por favor”, respondi. E passei uma meia hora de um show de heavy metal dormindo em pé. Depois agradeci e fui indo “em frente”, até onde dava. E finalmente começou o show do Iron. Maravilhoso! Que emoção! Abriram com “The Wicker Man”, e eu estava numa maré humana, que se movia de um lado ao outro, e eu tentando não cair pra não ser pisoteado. Tava tenso. Até que não aguentei mais (de novo!) e pedi pra me levantarem e sair dali. E então passeei pelas mãos da galera até a frente do palco. Foi uma sensação muito massa, fazer isso no maior festival do mundo, mas também foi rápido. Me desceram e ainda deu tempo de gritar “Dave Murraaaaay”, até o segurança me levar pros lados e sair dali. E daí, de novo, fui me “enfiando” na galera até um “pico” legal de ver o show. E encontrei uns caras legais, e fizemos amizade de algumas horas, e curtimos o show, e foi lindo, e que saudade!

Depois ainda teve a saga da volta. Busão lotado, mas consegui sentar, pedi pro motorista me acordar em tal ponto, e fui “dormindo”. Depois de mais de uma hora de viagem (praqueles 5 ou 7 km), cheguei “em casa”, mas não sem antes dar uma passadinha na piscina. Guri pequeno, né? Rebelde. Me joguei de roupa e tudo na água, e subiu uma bolha enorme de sujeira na piscina. Melhor sair fora e ir dormir.

Pisquei, e se passaram 20 anos.”

Bruce Marques é músico, guitarrista de cinco bandas, cantor, compositor pós-pandemia em carreira solo, pai de primeira viagem, formado em Publicidade e Propaganda, e Jornalismo, cinegrafista flamenguista, produz clipes, fotos, e de vez em quando resolve escrever. @brucemarquesrock no Instagram.

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